Davi Oliveira 19/02/2024
Interrogação e exclamação na minha cabeça.
O último livro da trilogia dá seguimento às histórias segmentadas que compõem a narrativa: o resgate de Frodo por Sam e o caminho que devem percorrer para concluírem a demanda da Sociedade; a servidão por parte de Pippin como honraria a morte de Boromir; servidão de Merry ao rei de Rohan e a trilha de Aragorn para sua ascendência.
Como primeira perspectiva dos eventos, temos como ponto principal a convocação de Gondor aos demais reinos para a resistência às tropas de Sauron. Aragorn, para a salvação de Gondor, chega a tempo com sua tropa, tendo reivindicado os mortos como auxílio na batalha. Vencem, e de posse da informação de que Frodo e Sam ainda estavam vivos e trilhando Mordor a caminho do cumprimento da demanda, é arquitetado um assalto ao Portão Negro como forma de concentrar a atenção de Sauron.
Da outra face dos eventos, temos como início o resgate de Frodo por Sam, onde conseguem escapar do forte através do frasco de luz dado por Galadriel. São perseguidos, passam por fome, sede, exaustão, com Frodo sempre no limite de sua resistência ao poder do Um Anel. Com Sam tendo de carregar Frodo no caminho final, recebe um ataque inesperado e improdutivo de Gollum que tenta mais uma vez recuperar seu ?Precioso?. Frodo, tendo se transformado em outro ser por sobre influência do anel, livra o ser rastejante de ser morto e o manda ir embora, logo em seguida subindo apressado o restante do caminho em direção à entrada do vulcão. No momento final, no cumprimento do objetivo pelo qual havia, há mais de um ano, sido instaurado, na única esperança da derrota de Sauron, Frodo não mais resiste ao poder do Um Anel e o reivindica. O põe no dedo. Sauron o encontra, percebendo que caiu numa cilada. Abandona todas as suas tropas, privando-as de seu poder, e vai em busca de seu objeto. Neste instante, mais uma vez, Gollum investe contra Frodo inesperadamente. Travando-se uma luta, por fim, Gollum arranca à mordida o terceiro dedo de Frodo, o dedo que portava o anel. E em momento de êxtase, exclamando sua felicidade por ter de volta seu bem tão precioso, erra o piso e despenca para dentro do vulcão em atividade. Sauron é derrotado. Frodo e Sam são resgatados. E assim chega ao fim a Terceira Era e a história em si.
Com este livro tive uma experiência diferente com relação aos anteriores. Com o primeiro e segundo tive uma relação antipática mediante a forma de raciocínio do autor, ao modo de sua escrita, ao que era concentrada sua atenção na narrativa. Não houve mudança nessas estruturas. O que mudou foi minha percepção a respeito do conteúdo que Tolkien quer transmitir. A trilogia O Senhor dos Anéis possui uma métrica rítmica de leitura. Os objetivos principais das narrativas não são principais, e sim secundários. O autor tem sua escrita e linha de raciocínio voltadas para o secundário, o verdadeiro primário de suas obras. A ele, o que realmente é importante é a estrutura do contexto, do cenário de cada ação, onde a concentração do clímax não é dada ao clímax em si, mas sim no ponto alto de cada descrição detalhada dada ao que é passado pelo caminho dos personagens. Essa é sua proposta, e quando a compreendi, compreendi o livro.
Apesar disso, não virei um aficionado de sua obra nem desfaço as críticas que fiz a seus métodos. Só compreendo que seus livros diferem do popular e que possuem uma proposta diferente. No contexto geral, foi uma trilogia difícil de se terminar e de se compreender, mas após terminá-la, vejo que valeu a pena o tempo gasto. Recomendo para leitores experientes.