Karoliny.Lopes 21/12/2018
Marco Polo e sua jornada
No livro o Futuro da Humanidade de Augusto Cury conhecemos Marco Polo, o personagem principal da trama, cujo objetivo é tornar-se um grande psiquiatra. Na obra, acompanhamos o amadurecimento profissional e pessoal do jovem, discutindo sobre o papel da medicina e seu poder, através da psiquiatria, de intervir na sociedade e também na psique dos indivíduos dessa sociedade.
Augusto Cury faz uma importante aproximação entre ciência e emoção, e por meio dos dramas dos personagens, defende uma psicoterapia humana, social, e não por meio rígido e nem biológico.
Marco Polo é um estudante de medicina bastante curioso, que não se contenta apenas com simples respostas. Em sua primeira aula de anatomia, ele questiona o professor sobre os corpos que iriam ser estudados, não os tratando como apenas instrumentos de estudo, pois aquelas pessoas que estavam ali tinham uma história de vida, um passado que ninguém iria conhecer. Os colegas de classe dele, logo no início, tomam um choque ao ver os cadáveres, mas depois se acostumam com a cena. Marco Polo, porém, não se contenta, e será a partir daí que começará sua aventura.
O autor deixa claro qual mensagem quer transmitir: todos nós seres humanos, possuímos individualidade e características que nos tornam únicos, protagonista de nossa própria história na sociedade. Não importa se já estamos mortos, somos pobres, mendigos ou sofremos de alguma deficiência psíquica, mas todos nós temos nossa particularidade e não deve ser desprezada.
Ao ir atrás das identidades dos corpos da sala de anatomia, Marco Polo acabará encontrando Falcão, um personagem bastante singular do livro. Falcão é um morador de rua, e será o responsável por apresentar uma visão totalmente diferente da humanidade a Marco Polo, ensinando-o a fazer vários questionamentos sobre: a sociedade do consumo, o mundo das aparências, do dinheiro; os padrões autoritários, os quais fazem com que tenha a perda da espontaneidade.
Aos poucos se descobre que Falcão não é apenas um grande intelectual, mas que o mesmo precisa lidar com seus problemas interiores, e será com a ajuda de Marco Polo que ele conseguirá dar um salto importantíssimo em sua vida.
O livro pode ser dividido em dois atos. No primeiro, temos Marco Polo indo atrás de respostas, apreendendo com Falcão e revelando a verdadeira identidade do cadáver que estava estudando na sala de anatomia, mostrando ao seu professor que aquele corpo que estavam estudando tinha uma história a ser contada, fazendo com que Falcão tivesse um reencontro consigo mesmo e com os traumas do seu passado. Na segunda parte do livro, temos a trajetória profissional de Marco Polo: a sua formação no curso de medicina, sua passagem pelo hospital Atlântico, onde conhece pessoas que mudam o rumo da sua vida e suas aventuras e desventuras como professor universitário, é onde irá conhecer o amor de sua vida.
Ao passar de um ato para o outro o autor faz de um jeito bem elaborado, pois de um lado temos o mundo das ruas, onde Falcão mora, um lugar simples e que carrega personagens marginalizados pela sociedade, e de outro, um mundo acadêmico que parece ser complexo e berço da elite, que é o de Marco Polo.
Em uma passagem, Cury mostra o poder dos noticiários, os quais mostram cenas fortes, de fome e violência, e logo em seguida apresenta uma outra notícia qualquer, ou seja, esse ato faz com que perdamos a sensibilidade e o poder de reflexo sobre as condições de miséria.
O livro tem como centro um tipo de poder único, que seria o de controlar a mente das pessoas, desenvolvido pela psiquiatria e psicologia. Acompanhamos Marco Polo desenvolver suas ideias junto com vários personagens, dos quais muitos são pacientes do hospital Atlântico. Ele desenvolve técnicas que vão além do uso da medicação, pois foi com Falcão que aprendeu a tratar as pessoas de um modo diferente, pois cada um tem emoções próprias. Em sua jornada realiza procedimentos que o tornam um profissional odiado pelos mais antigos e respeitado por uma grande parte de seus pacientes, pois o mesmo visava tratá-los com respeito, sem rótulos e procurava entender a história de vida de cada pessoa .
Marco Polo sofreu resistências no hospital Atlântico por meio do diretor e de alguns acadêmicos, pois eles insistiam em seguir os tratamentos psiquiátricos somente por meio da doença e que deveriam ser tratados à base de remédios, e o que é pior, viam os pacientes como seres inferiores, estigmatizando-os .
Portanto, podemos perceber que a segunda parte do livro é emocionante e como Marco Polo se interessava pela história de vida de cada personagem, de como ele usava a sensibilidade para que cada um mostrasse seu lado mais humano.
Nos últimos capítulos, acompanhamos a trajetória de Marco Polo com Anna, onde desenvolve um relacionamento, o qual vai contra os interesses do pai de Anna, um rico e arrogante chamado Lúcio. Porém, o autor nos mostra um final feliz para o casal.
Augusto Cury cria uma história que mesmo sendo fictícia, utiliza vários aspectos reais, pois além de utilizar termos científicos, alguns personagens foram criados a partir de sua própria experiência de vida na área. Este livro não estimula apenas a vencermos desafios, mas nos passa a ideia de que precisamos mudar nosso comportamento em relação ao futuro da humanidade.