Desireé (@UpLiterario) 09/03/2020Uma leitura necessária. (@Upliterario)“Morta pelo ex-namorado
Rayane Barros de Castro, / dezesseis anos, / morreu assassinada a tiros. / Antes de matá-la, o assassino enviou uma / mensagem / pelo WhatsApp: / “Vou viver a minha vida, mas você não vai viver a sua.”
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Patrícia Melo mostra a verdade nua e crua sobre ser mulher no Brasil. Desde o sul do país até o extremo norte, mulheres são assassinadas, mutiladas, degoladas, espancadas, arrasadas, mortas. E, muitas vezes, pelos homens mais próximos e presentes em suas vidas.
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“Não importa onde você esteja. Não importa a sua classe social. Não importa a sua profissão. É perigoso ser mulher.”
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Com este enfoque, a autora nos traz uma jovem advogada criminalista que está estudando casos de violência contra a mulher. A protagonista narra em primeira pessoa, de forma bastante dura, verídica, e, em certa medida, voraz e poética, sua viagem ao Acre para acompanhar alguns processos em julgamento. Lá, ela conhece Carla, uma promotora forte e independente que sabe as dificuldades de se conseguir uma decisão justa no tribunal, e juntas elas se vêem em um perigoso jogo de gato e rato com os supostos assassinos de uma garota indígena brutalmente assassinada.
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Todos os homens podem ser assassinos, independente da profissão, da origem, dos costumes, da renda. E os motivos podem ser os mais torpes possíveis: uma briga, uma bebedeira, uma refeição ruim, um olhar, um beijo, uma foto. Basta a vontade; os meios já estão todos ao seu dispor.
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“Matar mulheres é um crime democrático.”
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Uma das melhores leituras que já fiz na vida. Forte, por vezes cruel, e de uma acidez alucinante. Mulheres Empilhadas é um livro curto, mas que não deve ser lido de uma única vez. Seus relatos, suas histórias violentas e o descaso narrado ali são elementos capazes de abalar o mais forte dos estômagos. E o pior de tudo é saber que suas histórias e personagens são baseados na nossa terrível realidade...
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Recomendo!
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