Sycamore 16/06/2023
Não atende às expectativas, mas também não decepciona
Adotando um novo foco na trama, Margaret Atwood, 3 décadas após o lançamento de O Conto da Aia, se aventurou na origem e fim de Gilead na visão de 3 personagens muito distintos.
Quem lê Os Testamentos esperando por uma continuação fiel de O Conto da Aia talvez fique surpreso ao descobrir que neste livro foi adotado um foco diferente à trama. Aqui, são explorados novos personagens, as relações de poder, a origem e a queda de Gilead, tudo em um estilo notadamente diferente do utilizado no primeiro livro.
A visão restrita de Offred, que nos apresentou Gilead em O Conto da Aia, é substituída pelo amplo horizonte de Tia Lydia, que divide espaço com os relatos de duas jovens meninas, uma filha de comandante, nascida no Período de Gilead, e uma nascida no Canadá, mas que tem ligações passadas com o regime.
O estilo documental e intimista de O Conto da Aia não foi levado em frente neste livro, que tem um espírito mais aventuresco e de ação. No entanto, apesar de talvez não atender às expectativas iniciais dos leitores que esperavam uma continuação linear e estilística de O Conto da Aia, Os Testamentos certamente não vai decepcioná-los.
A história é interessante e explica muitas das questões que não foram abordadas no primeiro livro. Os personagens são mais modernos e relatam sua vida com mais abertura. Além disso, os que assistiram à série vão compreender melhor o segundo livro, que foi escrito por motivação dos fãs de The Handmaid's Tale e se passa após a segunda temporada.
Enfim, Margaret Atwood conseguiu presentear os fãs de O Conto da Aia com um bom final.