Æon 12/01/2024
2009 vs 2024
Essa resenha foi particularmente difícil de se materializar – tratando-se de um fruto de uma releitura do primeiro livro de uma saga que tem o meu coração desde o final da minha adolescência, relê-lo com a mente adulta trás às palavras da Anne Rice uma carga que é absorvida de maneira totalmente diferente.
Dividido em quatro partes, e, apesar da segunda parte ser curta e conseguir ser o trecho mais penoso de se acompanhar, o livro continuará 5 estrelas na minha opinião já que muitos dos problemas que tive com o ritmo do texto se deve mais à tradução da Clarice Lispector do que às palavras da Anne Rice. Aproveitando, fica a dica: se você tem domínio o suficiente da língua inglesa para aventurar-se no original, faça-o, a versão da escritora brasileira nascida na Ucrânia foi o revés mais aparente e persistente durante a minha experiência agora que posso fazer comparações.
Embora possua cerca de 300 páginas é um livro denso, sendo impossível lê-lo com rapidez e realmente conseguir aproveitar seu conteúdo, porém, aos novos leitores, não deixe isso desmotiva-los, garanto que vale a pena. Entrevista Com O Vampiro não é apenas uma das grandes obras sobre vampiros para fãs do gênero, como também é um livro que reflete sobre a própria natureza de ser humano, mantendo-se fresco mesmo aproximando-se de seu aniversário de 50 anos.
Sobre as adaptações, serei concisa: mudanças são inevitáveis e por mais fiel que seja a tradução para outra mídia, sempre vai ter algo que ficou diferente. O que pra mim torna uma adaptação eficiente é se os temas, o sentido, o coração e a natureza se mantêm. Levando isso em consideração, o filme de 94 estrelado por Tom Cruise e Brad Pitt consegue adequar-se bem ao material e manter o espírito do livro apesar das alterações, requisito que lamentavelmente a série de 2022 da AMC foi incapaz de replicar pois, ao meu ver, as modificações realizadas foram mais estéticas do que uma evolução ou uma releitura sincera do material original – infelizmente a condução do showrunner (Rolin Jones) não faz jus às excelentes atuações de Sam Reid e Jacob Anderson, entretanto, ainda aconselho a consumir para tirar suas próprias opiniões.
15 anos após minha primeira leitura, revisitar esse clássico e relembrar-me porque sou tão apaixonada pelo Lestat e Armand foi uma delícia. Estou na torcida para que esse sentimento se mantenha nas próximas releituras da saga!