Raquel 31/12/2023Entrevista com o vampiro, de Anne RiceReleitura no meu projeto de 2023: “Relendo as Crônicas Vampirescas de Anne Rice”.
Dividido em quatro partes, o livro começa Louis de Pointe du Lac conversando com um jovem jornalista que conheceu em um bar. O misterioso e belo homem alega ser um vampiro e o jornalista acredita que pode conseguir uma boa história. Assim ele coloca fitas num gravador e espera que o homem que se diz vampiro comece a falar. Louis é refinado, educado e bastante detalhista ao contar sua história e lembrar sobre a sua juventude em Nova Orleans, desde o momento em que foi transformado, passando por toda a sua desgraça e descrença com a humanidade, até o momento em que se cansou tanto que quer revelar seu segredo para alguém, quer conversar, quer expor o que é, como chegou até ali.
Louis é melancólico, triste, ser vampiro para ele é um fardo maior que para os outros vampiros que conhece. Ele ama a cultura, arte, seus livros, o teatro. De alguma forma, ele acaba se ligando ao mundo que deixou para trás, procurando coisas ao que se apegar. Evita, ao máximo, se alimentar de humanos, e prefere se alimentar dos animais. Louis não é, de forma alguma, o vampiro assassino e sanguinário que costumava fazer parte das histórias de vampiro.
Louis passa uma boa parte do livro falando ao jornalista das atitudes impensadas e terríveis de Lestat, o vampiro que o transformou. Lestat, ao contrário do Louis, está muito mais próximo ao vampiro sem coração de que estamos acostumados. Ele realmente não se importa com matar humanos, as vezes até torturando suas presas ao máximo antes de se alimentar delas. Ele, inclusive, não se importa quem são suas vítimas, se vão suspeitar de algo, se algo vai dar errado. Segundo Louis, tudo que Lestat quer, quando o encontra, é poder manter uma vida que lhe garanta certas facilidades: Louis é dono de terras, tem dinheiro, e Lestat precisa de um local para manter seu pai a salvo, um senhor já cego e com a idade avançada. Louis e Lestat tem uma relação de amor e ódio ao longo da historia.
A propósito sobre os de sua espécie, Louis não conhece ninguém a não ser Lestat, que não parece saber muito ou, pelo menos, esconde as informações. Assim, Louis vai seguindo ao longo de todo o livro caminhos tortuosos em busca de entender o vampirismo, movido por sentimentos de humanidade, bondade e compaixão que chegam a ser depressivos.
Por fim, o livro traz a curiosa figura de Cláudia, uma garotinha vampira que vai encarnar a dualidade de sentimentos. Maldade e bondade, Lestat e Louis. É a partir dessa personagem que a história vai ganhar seus contornos de aventura por outros países e uma busca desenfreada por grupos de vampiros que possam esclarecer as dúvidas que pairam sobre Louis. É o encontro com outros vampiros que vai desencadear os momentos mais sanguinolentos do livro, modificando em parte um pouco da essência de Louis que, ali, vai viver e provocar uma intensa tragédia.
Entrevista com o Vampiro pode ser vista como uma enorme reflexão de Louis sobre sua própria vida, sobre tudo que fez e tudo que passou, com seus comentários, percebendo que não adiantou tudo que passou, ainda é demasiadamente humano, e sente como os humanos, tanto a perda quanto a morte.
Essa foi minha terceira leitura do livro e continua entre meus favoritos. Com certeza lerei novamente no futuro