Isabella658 15/08/2022
Infelizmente, não funcionou pra mim
??Aviso: Antes de explicar essa grande decepção, gostaria de avisar que me identifico como assexual arromantica, assim como a Georgia. Então, por causa disso, muito da minha opinião PESSOAL (ou seja, não é lei, nem a certa ou errada) vai estar nessa resenha.
Além disso, tem muuuitas coisas que não gostei, por isso vai ser meio grande. Então vou dividir em tópicos. SEM SPOILER, confia.
?POR QUE COMPREI O LIVRO:
Primeiro de tudo, a sinopse. Eu, quando descobri esse livro e li a sinopse, tive a sensação de que Sem Amor seria O LIVRO DA MINHA VIDA. Tinha tuuuudo pra ser: uma protagonista aroace que ama romance e fantasia com ele, mas tem problemas com isso na prática. Tá começando na faculdade e vê nisso uma oportunidade pra tentar de novo e fazer algo a respeito sobre não morrer sozinha. Tipo, a história da minha vida. O livro começa bem, vemos ela tendo sua primeira percepção sobre como nunca teve um crush de verdade (acho meio estranho usar a palavra crush, mas ela aparece muito na história kk) e decidida a mudar isso na faculdade.
?A NARRATIVA:
Então começa um arco enorme e com metade dele totalmente desnecessária, ao meu ver, sobre a vida na faculdade. São mais de 200 páginas só nisso, só a Geórgia insistindo em fazer algo que ela claramente odeia enquanto desenrola o evento principal, que é a peça da Sociedade de Shakespeare. Tudo numa enrolação enorme.
E aqui entra minha visão pessoal da coisa, quando parei de me identificar completamente: Georgia totalmente sabe o que tá rolando. Como disse antes, sou exatamente como ela diz ser na sinopse, então passei muito tempo sem entender porque eu amava muito meu amigo, mas quando recebia uma confissão dele, eu rejeitava logo de cara. Afinal, se a gente ama alguém, a gente quer namorar ela, segundo o senso comum. Ou não entendia porque eu era a única da sala que não tava doida pra perder o famoso BV, nem ficava doida pelos meninos nem pelas meninas. Mas sempre entendi pq as pessoas sentem isso, não é difícil, até uma criança sabe e estudando o mínimo de biologia você percebe que a excessão ali é você. Sem falar que, como mulher com um útero produzindo hormônios femininos, todo mês tenho aquele momento de achar que quero muito transar. Mas quando chega na prática, era horrível.
Ou seja: É CONFUSO PRA UM 🤬 #$%!& ESSAS COISAS. Não me admira alguém levar tanto tempo pra descobrir que é assexual. Ainda mais arromanticidade. Só que a Georgia é nem um pouco assim, ela não tem essas dúvidas, ela não tem esses momentos que faz a gente duvidar. A única dúvida dela é que ela quer um romance de fanfic, nada disso envolve pq a ausência de atração física tá ali. Pq ela CLARAMENTE odeia contato físico, até diz ter nojo. O que gerou uma das piores cenas do livro pra mim, ela surtando com uma encenação de teatro que envolvia tocar na mão de outra pessoa. Esses momentos me pareceu meio exagero demais, estereotipado demais, mas entendo que talvez eu esteja sendo meio mente fechada e pode muito bem ter pessoas assim por aí. Minha experiência não é lei e o que entendo hoje com a amplificidade da assexualidade, é como o ser humano diverge muito, ficando difícil de padronizar em poucos rótulos toda experiência no mundo. Mas poxa, querer ser atriz tem que saber encenar algo que você não é, não é como se tivesse que fazer uma cena erótica. E ela o tempo todo tinha pensamentos que deixavam muuuito claro o que ela tava sentindo, por isso não me entra na cabeça a dúvida dela sobre ser hetero ou lésbica. Caramba, só tem essas opções? Sério? Quando você tem uma amiga que é queer, nunca se interessou em saber mais sobre? Nem só pela amiga, mas porque é super claro que tem algo de diferente sobre você. Ela até pesquisa no Google, não é possível que só eu tenha ficado indignada com a demora pra saber que a assexualidade existe. Eu demorei muito, mas porque eu não tinha uma visão clara do que tava acontecendo comigo como a Georgia tinha. Assim que me liguei ?opa, não curto nem homem, nem mulher?, uma pesquisada simples no Google e já tava cheia de informação. Sem falar que hoje em dia a demissexualidade parece até que virou moda, todo mundo diz que se identifica, até quem não. Não é uma informação ultra secreta. E o pior, ela fica essas 200 páginas querendo forçar essas coisas, mas faz nada mesmo, ela ate fica louca e amargurada com isso, achando q uma máquina de lavar com defeito era barulho de gente transando, mas nunca fazia algo a respeito disso. Totalmente diferente da Rooney, que se coloca em situações de autossabotagem real, não só em pensamentos. Tipo, também já pensei essas coisas, mas eu fui lá e paguei pra ver. A Georgia nao, ela sabe claramente que não quer. E isso me irritou muito, ela SABE e ao mesmo tempo diz não saber. Ela NARRA DETALHE POR DETALHE das reações do Jason, aí descobre o motivo e se faz de sonsa. Já que quer fazer o leitor entender o que tá rolando, mas o protagonista não, era melhor ter escrito em 3ª pessoa. Em 1ª pessoa ficou meio confuso assim. E não é por estar em negação, porque depois ela também tem a fase de negação. É só meio confuso mesmo.
?O PORQUÊ DE EU TER IDO ATÉ O FINAL E AS COISAS BOAS DO LIVRO:
Então entra aqui o que me fez terminar o livro, porque a vontade de abandonar era grande, acontecia nada, não tinha uma reflexãozinha, só a Georgia se forçando a querer sexo. Por 200 páginas. Até que começa o drama de Rooney e Pip e mds, como eu queria que o livro fosse só sobre elas. Jason também é um amigo maravilhoso e preciso nem falar do Sunil. Maravilhosos demais, também super leria um livro sobre o Sunil. Só o Jason não me interessou muito. E o única coisa que me incomodou com as duas foi a Pip, uma garota super bem resolvida com a sua sexualidade, informada, frequentadora da Sociedade do Orgulho, ter um crush em outra menina e assumir que ela é hetero por ver ela beijando um cara. Tipo, Bi e Pan, oi? Será que existe? Jkk mas tudo bem, entendo que foi um mecanismo de defesa depois de tantas decepções com crush em hetero. Pip é um anjo por perdoar a Georgia tão rápido, então eu também vou fingir que não vi.
?O SUPER DECEPCIONANTE PLOT (?) DA HISTÓRIA (sem spoiler):
Por falar em perdoar Georgia, se tiver lendo até aqui, lembra que o livro acontecia nada além da Georgia querer se forçar a sexo? Bem, nisso, ela toma as 2 piores decisões que alguém pode tomar. Bebida e dúvida nenhuma justifica, então eu não entendo e nunca vou entender porque pessoas tomam atitudes assim. A única justificativa, pra mim, é ser mau caráter e mega egoísta. Pareceu mais que a autora tava querendo forçar um drama e um acontecimento pra animar a história.
?O QUE EU ESPERAVA DE UM LIVRO SOBRE ASSEXUALIDADE e CONCLUSÃO:
Por fim, sobre a minha decepção. Eu não esperava muita coisa não. Eu só imaginei que seria um livro mais reflexivo e filosófico. Todos os outros arcos foram um bônus que salvaram a leitura pra mim, tava super determinada a gostar do livro de qualquer jeito, então li até o final e ainda bem que teve esses arcos. E olha que eu tava super mente aberta a ter romance e drama nenhum, já que é justamente sobre o oposto disso. Pq se fosse depender da Georgia, teria abandonado. Eu queria que tivesse mais reflexões sobre sonhar em ter um romance e não querer ao mesmo tempo, ser impossível viver nossa maior fantasia. Tô longe de ser uma pessoa bem resolvida com a minha sexualidade pq essas são minhas maiores dúvidas da vida: não querer morrer sozinha e ter uma família, mas também não querer na prática conhecer alguém romanticamente. É tipo querer ganhar na loteria, mas não querer compre o bilhete pra apostar. Os pensamentos sobre falar com os amigos a respeito da assexualidade arromantica também foi algo positivo, porque o medo de se ver invalidada como algo que ?não existe?, a ?internet que inventou? é real. Felizmente tive boas experiências com isso, só uma foi uma dor de cabeça, mas faz parte.
Gostei muito da conclusão sobre as amizades no sentido de ser bonitinho, faz a gente ter mais esperança de achar amigos assim. Porque até agr, na realidade, amigos não substituem uma relação amorosa. Pra mim sim, amo eles tanto quanto, mas nunca vou ser prioridade na vida de alguém ou poder contar 100% com alguém, como seria numa relação amorosa e romântica. Meus amigos vão ter a família deles e vou acabar de lado. Era sobre isso que queria ler, sobre pensamentos assim, reflexões sobre a assexualidade mesmo. Então achei mega superficial e bobo ter sido apenas sobre ?quero transar pq é o que esperam de mim, mds como quero namorar e transar com meu namorado pq nas fanfic é assim, me odeio por não conseguir fazer isso na prática?. É assim que resumo todas as 300 páginas de reflexões da Geogia, com apenas poucas sobre o que realmente importa: ser sozinha e aceitar isso. Ser sem amor, como ela diz, e aprender a viver com isso, aceitar e ser autossuficiente. O que não rola, já que ela acha uma solução diferente pros questionamentos acerca da assexualidade. E me pareceu meio fantasioso demais kk ou eu que sou muito pessimista.
Enfim, é isso, meio um desabafo, mas caso interesse alguém, foi essa minha experiência. Não digo que não recomendo, porque somos diferentes e pode ser que seja uma descoberta maravilhosa pra outras pessoas. Ainda não vi outra pessoa que também não tenha gostado, então é cada um na sua. Como disse antes, não existe certo ou errado em questão de gostos pessoais, toda leitura importa e traz algo novo pra gente ??
Obs.: Curti MUITO os links deixados no final pras pessoas irem atrás de mais informações. Não só em inglês, mas em português também ?