Nathan.Seriano 07/05/2024
Uma conversa com a Tristeza
Uma escrita difícil, porém venceu o Nobel de literatura, então quem sou eu pra julgar não é mesmo? Apenas darei a minha opinião referente ao que funcionou. Não fugirei muito dos comentários gerais, mas como estou nessa onda de escrever resenhas, farei uma sobre “é a Ales” também.
Que livro intenso, achei ele muito sensorial, todas as cenas narradas eu sempre as enxergava com um fundo preto, um tom de melancolia gigante, apesar dos Fiordes serem lindos, toda vez eu os via com aquele fundo negro do mar misturado com a noite, uma ventania constante, um clima triste, um luto gigantesco, tácito, por tantos motivos que são ao mesmo tempo dolorosos, são orbitados por uma confusão das (os) personagens que me deixou maluco em alguns momentos.
Apesar do livro ter um início bem forte e que prende, ao decorrer dele sinto que perdi o fio da meada, fui atrás de algumas coisas a fim de compreender melhor e consegui, mas acredito que deveria ser mais fácil entender isso sem “manual de instruções” (ou eu é que sou lerdinho). O livro começa com Signe, na espera de um marido que saiu há 20 anos para andar de barco e nunca mais voltou, ela está afundada num mar de tristeza, contudo, mantém a esperança de que ele volte, apesar de já entender que ele não voltará.
A narrativa, ocorre por, acredito eu, que fluxo-de-consciência, é algo que você precisa ler com atenção, pois em inúmeros momentos, esse fluxo troca, entre Signe, Asle (que é o marido que foi embora, e Ales que é a trisavó do Asle. Confuso isso né?! Consegue ficar ainda mais, o livro, curtinho, (cerca de 120 págs) acontece atravessando cinco gerações de 1890 até 2002. é maluco demais! e ao mesmo tempo, profundo, tem tudo pra ser raso, mas é de uma magnitude tão grande, e tão eficiente no que se propõe que o torna lindo.
Mas destaco, também, que você precisa estar muito atento quando esse fluxo de consciência transita, porque muitas vezes quando há uma percepção e você não consegue entender onde ou quando mudou, mas como eu disse antes, é lindo. Sabe aquele filme “tudo em todo lugar ao mesmo tempo” eu tenho uma teoria que esse livro é muito isso, eu não acho que a narrativa da história seja linear, acho que tudo acontece de uma vez só, sabe aquelas teorias de viagem temporal? Onde vai lá na frente, volta, e vai e volta, é tipo assistir algo assim, no caso ler.
Acho que a escrita foi a mais difícil justamente pela repetição dos termos “ela falou - ele disse” isso deixou a minha leitura muito truncada no início, mas que fluiu com o tempo, mas ainda assim me deixou confuso e levemente irritado, eu dei 2,5 estrelas justamente por isso, acho que se fosse algo pontuado (o livro não tem pontos finais, apenas vírgulas e pontos de interrogação) ou de certa forma mais linear, teria fluído melhor. Enfim eu gostei muito da história, foi meu primeiro contato com um livro contemporâneo e que venceu o nobel então foi uma experiência enriquecedora, apesar do estranhamento.