A Deusa em Chamas

A Deusa em Chamas R.F. Kuang
R.F. Kuang
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Resenhas - A deusa em chamas


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Queria Estar Lendo 03/11/2023

Resenha: A deusa em chamas
Essa vai ser uma resenha difícil. Eu amei A Guerra da Papoula, fiquei em surto com A República do Dragão. E aí chegou A Deusa em Chamas, volume final da trilogia. Que eu gostei, mas não amei tanto quanto esperava amar.

Esta resenha vai conter spoilers dos outros volumes da trilogia: A Guerra da Papoula e A República do Dragão.

Rin foi traída. Depois da fuga milagrosa que custou a ela não apenas sua mão, mas seu orgulho e sua confiança na República, ela agora sobrevive com a ajuda dos poucos com quem pode contar. E está fugindo e se escondendo enquanto busca forças e aliados para erguer e proteger o Sul.

A guerra continua devastando o país que agora está dividido. Não apenas pela batalha entre a República e os sulistas, mas pela intervenção colonial dos Hesperians, que buscam expurgar Nikara de tudo que é impuro aos olhos do Arquiteto (seu deus todo poderoso).

Rin tem um deus ao seu lado. Um que quer colocar fogo no mundo e buscar vingança acima de tudo. E é com ele que ela pretende travar sua guerra.

A Deusa em Chamas foi definitivamente uma leitura intensa. R.F. Kuang colocou muita tensão e adrenalina desde o primeiro capítulo, e conduziu - pelo menos até a metade - uma história desesperadora sobre os confins de uma guerra tão duradoura.

Mas onde ela acertou na primeira metade do livro, ao meu ver, ela errou feio na segunda. Mas errou rude mesmo.

Sabe quando o livro se perde? Quando parece que a trama não sabe mais para onde está indo? Mesmo com a guerra e com as batalhas, a sensação que eu tive nessas mais de 600 páginas foi de perdição. Onde os dois primeiros da trilogia eram organizados, esse foi o puro caos.

E não o caos da guerra que deveria ter elucidado, mas um caos de falta de cuidado ao construir a trama mesmo. Porque ela deu voltas e voltas e reviveu conflitos internos e mais conflitos internos e colocou personagens para se confrontar e então se confrontar de novo e de novo. Sem nunca sair do lugar.

"Os deuses não querem guerreiros."
"Então o que eles querem?"
"Dor."

Ela só saiu do lugar, realmente, nas últimas 50 páginas. E aí foi um descarrilhamento de trem por completo.

A Deusa em Chamas não cumpriu o que os seus antecessores prometeram. Eu esperava ver uma Rin muito mais decidida, uma anti-heroína (quase vilã) que entendeu seu papel nessa guerra terrível. Que se viu como a arma que foi criada para ser, e que tomou controle da situação até então movendo as cordas da sua marionete.

Mas ela não faz nada disso. Nunca. Até a metade do livro, eu estava aceitando a confusão e incerteza dela porque era a primeira vez que ela liderava. Era a primeira vez que a Rin estava no comando das suas próprias batalhas, que não dependia do aval ou da decisão de alguém. Mas isso passa, e o livro se repete, e de repente os conflitos internos dela só enchem a paciência.

O quanto isso me frustrou não dá para explicar. A partir da metade, A Deusa em Chamas foi uma decepção completa.

A autora construiu plots que não serviram para nada. Deu voz a criaturas ultra-poderosas que perdem batalha para uma ou duas explosões. Apresentou os xamãs aos 45 do segundo tempo só para não fazer nada de útil com eles, mesmo as estratégias e cuidados em batalha prometendo grandes acontecimentos.

Pra quê, então? Se a gente deu voltas e mais voltas e acabou num lugar óbvio? Nem mesmo o plot de vingança da Rin fez sentido. O tempo todo ela ia de um receptáculo poderoso de uma deusa furiosa para uma criança chorona indecisa do que fazer. A gente já viu isso! Por dois livros! Coloca a sua personagem em um lugar e desenvolve ela a partir dali, não fica voltando para os conflitos que já foram mostrados!

A Rin me encheu o saco. Pronto, falei. Eu tinha me apaixonado pela personagem, e aqui ela drenou todo esse amor. As atitudes não condiziam com o que foi prometido no fim do dois, e mais e mais ela se aproximava de uma criança birrenta. Até o ponto final.

A Deusa em Chamas, como eu disse, soa em partes como uma bagunça. Esse vai e volta fica cansativo e o que antes era tensão e adrenalina acaba se esvaindo em tédio. As batalhas do fim foram qualquer coisa; uma em específico, que envolveu uma criatura mítica, pareceu escrita pelo chatGPT. Por quê? Por que você introduz aquilo para se livrar dele na página seguinte? Pra que fazer alarde sobre um grande poder para esculhambar com o que tinha apresentado? PRA QUÊ?

Agora, para não dizer que o livro todo foi uma perdição - até porque eu não dei nota baixa! - A Deusa em Chamas teve sim seus bons momentos. A primeira metade do livro, como eu mencionei, é ótima.

Toda a construção do medo, dos horrores dessa guerra prolongada, do que civis e soldados confrontam no decorrer dos dias e semanas e meses. É tudo muito bem feito e construído para chocar; para mostrar de maneira nua e crua o peso do terror que é um mundo em conflito.

A questão com a colonização também é um horror à parte. Um país dividido pela guerra ainda ter que lidar com um inimigo estrangeiro, um que quer oprimir pela raça e pela religião, é um terror absoluto. Os Hesperians aparecem bem menos nesse volume, mas perturbam da mesma maneira. Seja com ideologias xenofóbicas, seja com a grandiosidade bélica.

"O universo era um sonho desperto."

Um ponto que muito me interessou e foi bem explorado - até a metade - foi o dos três poderes que governavam aquele país. O que foi explorado e o que foi explicado, e o mistério que se manteve em outros pontos, eu gostei muito de tudo. Deu humanidade e ao mesmo tempo construiu ainda mais monstruosidade na questão dos deuses e dos xamãs.

Toda a conversa sobre poder excessivo - seja ele político, bélico ou divino - se desenrolou de maneira brilhante. É uma pena que ela tenha se perdido tanto com a Rin, porque até então a gente teve ótimos conflitos sobre a grandiosidade do que era a Fênix e o custo de carregar tamanha força dentro de si. Uma força capaz de exterminar e também de salvar a guerra.

Só que o lenga lenga da Rin atrapalhou toda essa parte.

A Deusa em Chamas usou seus personagens de maneira satisfatória, mas eu queria ter visto mais de alguns deles. Em específico Nezha e Kitay; como a gente tá presa ao POV que acompanha a Rin, acaba perdendo muito do que os outros podiam oferecer.

"Não é apenas sobre o inimigo. É sobre como o mundo vai se parecer quando tudo acabar."

O que oferecem, no entanto, são contrapontos ao extremismo e à birra da Rin. Kitay, principalmente, foi luz nesse livro. De longe o meu favorito, não apenas pela racionalidade e perspicácia, mas também pelo coração grandioso.

A Deusa em Chamas teve altos muito magníficos, mas baixos igualmente decepcionantes. Eu queria muito que o tom do livro tivesse ficado à altura dos outros volumes da trilogia, mas acabou num blasé. Teve um excelente capítulo final, com um epílogo desolador, mas que não emocionou tanto quanto poderia ter emocionado se o meio pro fim não tivesse sido tão... Blé.

site: https://www.queriaestarlendo.com.br/2023/08/resenha-burning-god-rf-kuang.html
Rogersique 06/12/2023minha estante
Gostei do seu ponto, eu gostei do final, apesar de parecer que se a Tin tivesse se matado no final do segundo livro, o final seria o mesmo.
Sempre soube que ela morreria, no final e que não saberia governar. Isso foi o que a autora quis mostrar na segunda parte. Simplesmente não deu e o terceiro livro foi uma esperança, que não aconteceu.
Pra mim o final da trindade, a luta contra o Dragão e a invasão de Arlog, foram muito mal escritas. O que antes eram batalhas que duravam páginas e páginas, tiveram um final de duas páginas, e eram batalhas que poderiam ser muito bem desenvolvidas.


Queria Estar Lendo 06/12/2023minha estante
Eu achei essa parte toda com a tríade muito preguiçosa, sim. Parece que ela não sabia o que fazer com personagens overpower então lidou com eles do jeito mais esdrúxulo possível. E as barrigas que esse livro tem não compensavam quando chegava a hora do vamos ver, porque a ação em si foi muito esquisita. O final da Rin eu achei condizente, mas acabei não sentindo tanto porque achei o livro todo... estranho.


cathi 16/01/2024minha estante
cara, terminei o livro agora e compartilho totalmente da tua opinião! eu engoli a república do dragao em coisa de 3 dias enquanto a deusa em chamas eu me arrastava horrores pra ler e nao entendia o porque, mas, agora olhando em retrospecto, o livro realmente de tornou entediante depois de uma altura! as batalhas deixam de fazer sentido, a rin deixa de fazer sentido, é aquele constante ciclo de que tudo vai dar errado e todas as piores decisões vão ter tomadas sem nenhuma evolução da personagem. tive a mesma sensação de que o livro foi apontado em certo ponto e aquela protagonista absurda que tínhamos no primeiro livro se perdeu para das espaço a uma rin totalmente perdida que já deveria estar muito mais para frente do que no livro anterior, sem contar no desfecho de ela ter passado 3 livros batendo na tecla de que era uma soldada para, no final, abrir mão disso depois de uma briga com o kitay que, pra mim, foi algo muito sem sentido


copaluna 28/01/2024minha estante
Tu definiu maravilhosamente bem tudo que eu pensei sobre esse livro. Me trouxe paz, muito obrigada!!!!


Danny 26/02/2024minha estante
concordo com cada palavra dita nessa resenha... não farei uma porque acho que vc conseguiu completar bem o se passou. o final é bom, mas não é emocionante e isso deve ao fato de o livro no geral ter sido enrolado, preguiçoso... infelizmente. concordo com todos os pontos negativos que vc retratou! conseguiu pôr em palavras exatamente o que eu queria, obrigada.


mariana 27/02/2024minha estante
exatamenteeeee!!!! a rin é insuportável, descuidada, impulsiva, egoísta e no final do terceiro livro
PIROU, ela ficou completamente irracional. sempre esperei que ela fosse morrer, mas esse final jogou tudo pro alto, parece que jogou toda a trama no lixo, fez tudo oq a rin fez pra nao ser esquecida da história parecer inutil e sem sentido...


Lia 04/04/2024minha estante
Terminei agora esse livro, e tô chocada em ler sua resenha. Pois é a mesma coisa que eu vinha pensando durante toda a leitura. A segunda metade desse livro é uma tristeza só, essa personagem é uma das mais cansativas que eu já li. E me arrependo profundamente de ter pagado 74 reais nesse livro.




Hermily 07/01/2024

Tô sem palavras para esse final, mas que trilogia incrível. Adorei cada livro principalmente o segundo? mas esse final me pegou(tipo muito?). Me apeguei bastante á trilogia inclusive fazia algum tempo que não me sentia assim por uma história mas essa aqui meus amigos é boa pra caramba!!!?
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Juh Estrela 04/01/2024

Bom
Confesso que da trilogia, o melhor é o segundo livro, sem sombra de dúvida. O primeiro é muuito bom, agora o terceiro, hm, tenho minhas dúvidas.

Começou bem, mas teve uma parte que pensei "não, sério? Sem sentido". Indo pro final deu uma alavancada e o desfecho eu aceitei. Não senti muitas coisas, nem chorei com as páginas finais. O final em si faz sentido e é muito bem pensado e escrito. Finaliza a série da sua maneira.
Eu só fiquei chateada com certos momentos do desenrolar desse livro, mas não irei negar que a serie como um todo é muito boa de acompanhar. Enredo e personagens bem desenvolvidos.
grazisapienza 04/01/2024minha estante
Será que a maldição passou do segundo pro terceiro livro agora? Haha


Aline.Silva 04/01/2024minha estante
Não consegui acompanhar essa série, larguei no primeiro ?


Helena193 04/01/2024minha estante
Esse terceiro livro me decepcionou tanto, parecia que autora não sabia como terminar ?




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Gi Olivia 24/03/2024

A deusa em chamas
Precisei de um período para processar essa trilogia.
Que final!
Nada é previsível nessa história e isso é incrível, te prende num nível surreal.
As reviravoltas são ?, até agora não consigo apontar o dedo para algum personagem sobre a traição.
E oq foi esse final, sabia q não tinha como ter um final feliz mas no final ainda tinha esperança kkkkkkkk.
Enfim, incrível, amei a escrita dela.
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Gabriel 21/01/2024

Por mais que eu tenha criado teorias sobre como seria o desfecho dessa trilogia, eu estava muito curioso pra saber qual seria o final da Rin (e não consegui acertar). Ao longo das páginas, senti que a autora levou muito tempo em algumas questões, repetindo comportamentos e situações já exploradas nos outros dois livros. Confesso que esperava mais evolução da Rin nesse terceiro volume, mas não estava mais aguentando as birras da protagonista, repetindo os mesmos erros e comportamentos que já haviam sido trazidos anteriormente. Kitay, por outro lado, provou ser o melhor personagem da saga e queria demais ler mais coisas sob seu ponto de vista.

Se por um lado a história evolui pouco, alguns pontos simplesmente passam como um relâmpago e momentos super marcantes da história são resolvidos em poucos parágrafos, deixando aquele gostinho de "ué, mas já acabou?" Sinto que a autora poderia ter tomado outros caminhos e explorado algumas temáticas inseridas nos livros anteriores, mas que acabaram se perdendo.

Diferente do que esperava, mas igualmente grandioso, R F Kuang encerra de maneira inesquecível a história de Rin. As páginas finais são eletrizantes e devastadoras. Ainda que não tenha amado o final, vou sentir muita saudade desse universo, da mitologia criada e de personagens tão marcantes.
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liaentrelivros 19/01/2024

Grande Tartaruga
Sério, depois de dois livros perfeitos, encerrar essa história com esse livro foi uma patifaria.
Não é um livro curto, mas o que era importante ? o desfecho da Tríade e o novo Cike ? se resolveu em poucas páginas e o resto foi muito repetitivo. Se eu pudesse, teria ido embora com o Chaghan!
Tirando a minha revolta, todo meu amor e respeito a Kitay, que sempre tentou ser a razão na cabeça da Rin. Os embates entre eles foram a melhor parte!
O final foi cruel como toda a trilogia, e, apesar de não esperar outra coisa, imaginei que houvesse algo mais simbólico.
Enfim, amei esse universo da Guerra da Papoula, Rin é aquela anti-heroína que você vai amar e odiar na mesma intensidade, e sempre vale aquela máxima: quer conhecer uma pessoa? Dê poder a ela.

"Eles se encararam. Rin sentiu um choque de horror. E reconheceu o jeito como Kitay a olhava, da mesma maneira que ela olhava para Altan. Era a maneira como vira Daji olhar para Riga ? aquele olhar de lealdade miserável, desesperada e reprovadora." ?
Jenni 19/01/2024minha estante
Eu levei um bom tempo para digerir esse final


liaentrelivros 19/01/2024minha estante
Eu to p da vida pq eu senti um certo apagamento da importância do folclore no final. Entendi? Entendi. Mas não aceitei! Hahahahahaha.


Jenni 19/01/2024minha estante
Exatamente, ao mesmo tempo que eu entendi, não podia aceitar. Mas lá no fundo dá para pegar a crítica que a autora queria fazer, uma nova civilização querendo apagar outra com uma desculpa religiosa? Já vi isso antes


Fabio 24/01/2024minha estante
Belíssima resenha, LIa!??




Raquel 20/02/2024

Eu não sei nem o que dizer. A jornada de leitura dessa saga foi alucinante. Terminei em alguns dias livros que tem mais de 500 páginas, e não conseguia parar de pensar nos personagens criados pela R. F. Kuang. Devo dizer que eu PRECISO saber mais sobre Nikan, sobre a Trindade, sobre o passado da Rin, do Nezha, do Kitay - de todo o universo que a autora criou nesses três livros. Especificamente, o final de A Deusa em Chamas deixa um gosto de "quero mais" que vai ser difícil de superar. Durante os últimos capítulos eu não sabia o que esperar e até mesmo achei que não seria o último livro pois parecia que nada estava realmente resolvido. Ainda sim, acredito que tudo fez sentido no final, e mesmo com a cabeça borbulhando de teorias, especulações, e aquela loucura de acabar uma saga de fantasia, posso dizer que fiquei satisfeita com o término da história. A Guerra da Papoula se tornou uma das minhas leituras favoritas da vida, com certeza.
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HV AuBarcaa 10/01/2024

Os Cike cuidam dos seus
Este é o segundo livro da trilogia que eu dou 5 estrelas. Geralmente, quando eu dou cinco estrelas, o livro me deixa em êxtase, obcecado, eu não consigo respirar direito sem pensar no livro.

Tanto ao fim de A República do Dragão quanto ao fim deste, não senti êxtase. Não chorei.

Então, por que ainda me sinto como se estivesse no paraíso?

Essa trilogia está remodelando muita coisa na minha cabeça. Quando eu comecei a ler fantasia, eu queria histórias centradas no plot e não no romance. Não tenho nada contra, só não gosto de fantasias que focam num casal (mas gosto quando é segundo plano), apesar de ser recorrente vermos lançamentos assim hoje em dia.

R.F. Kuang me deu tudo que eu sempre pedi numa história de fantasia. Eu deveria estar em êxtase e sorrindo abobado como fiquei após ler His Dark Materials, por exemplo.

Mas me sinto em paz. Realizado. Quase atônito.

Atônito porque eu não lembro de ler uma história tão capaz de destrinchar uma guerra, no micro e no macro. Ela atravessou diversas condições de batalhas em diversos cenários diferentes para depois nos apresentar a condição de cada uma delas. Cada rastro de destruição deixava consequências tangíveis e intangíveis. Destruirá terras, plantações, e a mente da nossa protagonista.

Como percebemos já no primeiro livro, Rin não é uma heroína. Rin também não é uma vilã. Eu diria que não existem vilões nessa trilogia, não os convencionais, pelo menos.

Ok, talvez o Riga.

Nikan vive em pé de guerra há tanto tempo que é difícil de contar e todos tem seus motivos e ideais. Como definir um vilão? Depois de vermos como Su Daji cresceu, como dizer que ela era uma vilã por governar nikan como fez? Chegamos num ponto do livro em que Rin não era capaz de discordar dela.

Como dizer que Vaisra era um vilão por querer uma nação diferente e com mais poder de crescimento? Ou Nezha, por Deus, que é provavelmente a liderança que mais priorizou seu povo na obra depois de Tsolin. Nezha que, mesmo quando caiu, não parava de pensar no povo nikara.

Nezha é um bostinha, mas não é pior do que Rin. São apenas diferentes.

A progressão de Rin como personagem é estarrecedora de tão bem feita. Talvez tivesse mais fome por poder do que a própria Su Daji. Rin era a guerra. A única coisa que sabia fazer era lutar uma guerra. E quando a batalha acabou, quando não podia mais resolver as coisas com xamanismo, ela se perdeu. Não tinha senso de pertencimento em lugar algum, não parecia nem saber quem era.

Contudo, Rin é uma vítima do ciclo de ódio e destruição tal qual Su Daji era vítima da primeira ocupação hesperiana. Mas, às vezes, oprimidos viram opressores. Da mesma forma que uma criança que cresce apanhando tende a se tornar um pai abusivo. Eles poderiam tentar ser diferentes, escolher outro caminho, mas não queriam.

Rin não queria. Rin queria lutar até exterminar o último hesperiano e acredito que qualquer outra nação no mundo. Fica claro que Rin nunca se sentiria segura e em paz.

Rin é uma protagonista tão bem escrita que te deixa atônito.

Isso também vale para Kitay e Nezha. Embora estivéssemos somente no pov de Rin, a autora nos entrega o suficiente para compreender esses personagens e seus medos, desejos, prioridades. A relação de Rin e Kitay é provavelmente uma das minhas preferidas na literatura. Uma amizade onde se amam acima de tudo, mas que não deixam de ser independentes e discordarem, e brigarem.

Para uma história tão plot-driven, a evolução das relações interpessoais foram excelentes (minha crítica ao primeiro livro). Ainda penso que a de Nezha e Rin surgiu de um jeito estranho, mas o que vimos depois é bem feito e honesto. Eles se amam, mas amam mais outras coisas. Não o suficiente para colocarem um ao outro acima de tudo. O mesmo com Kitay. Amizades não podem e não devem compactuar com tudo que você faz.

Fang Runin, uma protagonista tão complexa, com tantas atitudes e instintos extremamente problemáticos, mas ao mesmo tempo, tão fácil de entender. Não de perdoar, mas entender.

Também sigo fascinado com o leque de táticas militares que a autora nos mostrou. Tenho certeza que estudou consideravelmente para entregar algo tão rico. Kuang nos entregou um ambiente tão diverso para cada batalha, para cada ação. A diferença de uma campanha de libertação apresentada no início do livro foi um contraste de tudo que vimos em A República do Dragão. Você luta a guerra de diversas formas e precisa entender o momento para cada uma.

Obrigado, Rebecca Kuang. Obrigado por essa trilogia, por estes personagens e por este mundo. Obrigado por entregar algo que eu sempre sonhei em ler e foi inexplicavelmente satisfatório realizar este sonho. Obrigado.

Próxima parada: Babel.
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Mateus.Caixeta 15/02/2024

"A Deusa em Chamas" se inspirou no final de Game of Thrones
Depois de muito tempo sem fazer resenha, vou abrir a porteira novamente pra comentar esse livro, que alugou um triplex na minha cabeça e me tirou o sono. [Aviso que é apenas a minha opinião, não uma verdade absoluta]. Também tentarei ao máximo não dar nenhum spoiler.

Já sabia que devia ler sem altas expectativas, e foi como eu li, de coração aberto ao que a autora tinha pra apresentar. E ela até consegue se manter na primeira parte do livro, o problema real mesmo é o resto dele. Gosto da escrita da Kuang, da forma como ela descreve a guerra na trilogia, é surreal de bem feito. Eu consigo sentir o impacto lendo, as mortes, as consequências, além da crítica que a autora faz com a nossa realidade. Nisso a autora se sai bem, é um baita ponto positivo, ainda mais com o tipo de narrativa que ela quer escrever.

A primeira parte consegue pegar no tranco rapidamente, já começa frenético, sem enrolação e consegue se manter por um bom tempo. Se o livro todo fosse apenas a parte I, eu daria em torno de 4 estrelas. O conflito apresentado, os dilemas dos personagens, assim como a forma que se resolve o conflito inicial, foi muito bom. A autora passa uma sensação de impotência que casa com a atmosfera do livro. A Rin nesse começo está decidida, impiedosa, tinha tudo pra continuar dessa forma até o final.

E é aqui que meus elogios ficam escassos, porque o resto do livro vai ladeira abaixo com força. A Parte II já começa com problemas, ali vi algumas inconsistências se formando.

Os personagens ficam estagnados nos mesmos problemas de sempre, não vai pra frente, não desenvolve. Fico impressionado o quanto todo o desenvolvimento da Rin no segundo livro, me pareceu ser jogado no lixo, a personagem fica extremamente burra, tudo isso pra continuar uma narrativa conveniente. Sei que tem pessoas que veem uma justificativa na Rin agir dessa forma, mas desculpa gente, não engoli. Chega um personagem X no livro, faz um PowerPoint pro que a Rin deve fazer, e ela simplesmente aceita e faz, 🤬 #$%!& que no outro livro ela queria matar o personagem X, isso não se aplica aqui.

E digo mais, todo o arco dessa segunda parte, poderia ser descartado e jogado no lixo. Desgostei desse miolo mais que o final do livro. Coitado dos personagens secundários, metade vai pra debaixo da escada, o resto fica girando em círculos nas mesmas questões. Nezha e Kitan, viram sombras do que eram antes, não se desenvolvem, só estão lá. A Venka então, coitada, até tem um diálogo ou outro, mas não vai muito além disso.

A repetição fica generalizada nesse último livro, repetição de narrativa, na forma como os personagens interagem e se comportam, a autora fica estagnada nisso. Odiei como ela foi nesse morde e assopra o livro inteiro. Uma hora a Rin estava se lascando, quase perdendo tudo, aí milagrosamente o jogo virava à favor dela (alguns momentos de forma forçada), depois dá tudo errado novamente, e assim vai até o final do livro. Não consigo enumerar o tanto que a autora faz isso, se fosse algumas vezes, tudo bem, MAS É O LIVRO TODO. Me tirou o impacto do que estava acontecendo, porque eu sabia que logo em seguida o jogo ia virar pra um lado. Não saia dessa sinuca de bico.

Uma parte que eu achei covarde, foi na parte II, onde a autora estava desenvolvendo certos personagens. Já não tinha gostado de como a autora começou esse enredo, a Rin aceita tudo muito fácil e simplesmente vai. Na hora, eu fiquei até ok com isso, a autora queria passar que era a única opção ali. Esse enredo dura praticamente 1/5 do livro, umas 100 páginas pra acontecer. Foi chato de ler, era um lenga-lenga sem fim, não via a hora de chegar logo no destino. Isso pra no final, a autora descartar tudo em 3 páginas. Não supero até agora que ela fez isso, li aquela parte toda pra que? Que finalização preguiçosa, se era pra acabar daquela forma, nem precisava ter se dado ao trabalho de colocar no livro.

Tanto que eu achei que os personagens iriam retornar pra alguma coisa, mas não, terminou de qualquer jeito mesmo ? poderia fazer a resenha só reclamando dessa parte.

A Rin recorre a outro plano "brilhante" pra conseguir vencer. E eu só me perguntava porque não tinha feito aquilo antes, pra que ter colocado todas aquelas páginas, se no fim ia dar no mesmo. Enfim né, só a autora sabe o que se passou na cabeça dela.

E mais um ponto negativo, foi o que a autora fez com os deuses. No primeiro livro os deuses era deidades, formas da natureza, e os humanos apenas serviam como uma canalização de poder desses deuses. A autora coloca isso muito bem no primeiro livro. Que no fim os humanos eram apenas brinquedos, usados da forma com os deuses queriam. E isso continua aqui, mas de uma forma muito subdesenvolvida. Os deuses me pareceram pokemons nesse último livro, simplesmente escolhe um e vai pra luta. As deidades que antes passavam imponência, mistério e caos. Agora ficam na sombra do que eram, parecem seguir sem questionar os humanos que detém seus poderes. Queria ver mais da relação da Fênix com a Rin, eu gosto da forma que as duas interagem e se complementam. Já as outras deidades... estão lá pra cumprir tabela, fazem o que tem que fazer pra fazer a narrativa andar e é isso.

Agora vou comentar do final, antes que essa resenha fique mais extensa. Tinha várias outros pontos pra comentar, mas vou parar por aqui. A Parte III até que se consegue entregar alguma coisa. Mas aqui a autora começa a apressar as coisas, se perde o impacto nas batalhas e principalmente no final. O conflito que se desenrolou o livro inteiro, foi broxante... estava indo bem, mas acaba muito rápido e sem muita ênfase. Está dando tudo errado e aí o jogo vira novamente. E nessa virada de jogo que a Kuang erra feio e erra com força. Tem uns 3 capítulo do pós batalha que eu adorei, foram um alívio pro livro, trouxe o que a história precisava desde o começo. Aí vem as últimas 50 páginas... e a Kuang termina de enterrar a história. A sensação foi similar ao final de Game of Thrones, ainda mais se comparar a Rin e Deanerys. Eu entendo a virada que a outra quis trazer, ainda digo que gostei das ideias que ela quis transmitir no final dessa trilogia. Mas foi tudo tão mal feito... A escrita dela nos últimos 10% despenca com violência, me senti lendo uma fanfic que um adolescente escreveu. Se ela tivesse pegado os outros 90% do livro pra fazer uma construção decente que chegasse nesse final, seria lindo. Eu entendo que assim como Deanerys, a Rin só tinha um tipo de final, que estava claro desde o final do primeiro livro. Mas foi mal construído, pareceu forçado, abrupto, feito as coxas pra finalizar. E o final de ambas as personagens não é ruim, mas a forma como tudo foi feito... isso sim foi ruim em tantos níveis diferentes. As mortes sem impacto nenhum, apressado, jogado, não senti nada com essas mortes, apenas um desperdício da forma que foi colocada.

Enfim, foi um final nada feliz, se alguém esperava isso, tire o cavalinho da chuva agora. Tinha tudo pra dar certo, mas infelizmente deu foi errado em vários sentidos.

Recomendo que leiam e tirem as próprias conclusões, é um final que vai dividir opiniões mesmo.
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luizbrbs 27/12/2023

Que jornada!

Kuang, entre na minha casa e coma o ** de toda minha familia.

Fechei o livro nesse exato momento e o sentimento que fica é o de satisfação. Depois de três livros e muitas páginas de muitas reviravoltas e cenas inesquecíveis, chego ao fatídico fim de Rin.

Entendo porque muitas pessoas podem não gostar do final, mas eu gostei muito. Gostei principalmente do fato de que até a ultima página, eu não fazia ideia ALGUMA de como essa história terminaria, até que ela termina.

Incrível demais. Escolhi muito bem o livro que fecharia meu ano. ??
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Jenni 07/12/2023

"Talvez sobrevivesse à ocupação outra vez..."
Com toda certeza essa é a minha trilogia favorita. Eu nunca vi tanta realidade mascarada na ficção. Começamos com um império, que se transforma em República, que está prestes é passar por uma colonização. Esses livros mostram a realidade, nenhuma revolução é rápida, nada muda de uma hora para outra, Rin poderia ser uma Deusa e isso não mudaria a maldade humana, não mudaria a ideia de exploração de uma nação em cima de outra.
Esse livro fecha a trilogia perfeitamente. Concordo que em algumas horas pode ser cansativo pela quantidade de páginas e narração descritiva, mas eu não conseguiria tirar nada da história, cada parte é importante para conseguirmos entender o final, entender as escolhas da Rin e o que elas causam.
A autora criou uma obra prima, tanto no universo, como nos personagens. São tantas referências e aprendizados que posso citar desses livros. Com toda certeza é uma leitura que vou levar para a vida e valeu cada segundo, desde o primeiro livro que eu li de forma despretensiosa e sem saber que teria uma continuação, até a última página de "A Deusa em Chamas".
?"? O mundo já está acabando. Sabe, os Cem Clãs sabem que o tempo se move em círculos. Nunca há novas histórias, apenas as antigas recontadas enquanto o universo se move por seus ciclos de civilização e sucumbe ao desespero. Estamos à beira de uma era de caos outra vez, e não há nada que possamos fazer para detê-la."
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Diego 26/11/2023

A Deusa em Chamas ?
O termo mais correto para descrever esse final é: me caiu o ?? da bunda hahaha já ouviram?
Nós estamos acostumados com fantasias onde após a derrota do inimigo acontece um final "felizes para sempre". Esse livro novamente rompeu com os clichês do gênero. A guerra em si acaba muito antes do final, e o desenrolar das consequências de todas as batalhas é a cereja no topo do bolo. Que final angustiante e maravilhoso. Fiquei sem palavras pra descrever tamanho nível de destruição e desespero. É surreal essa leitura. Fantasia de qualidade absurda e apesar do tamanho do livro, indicaria pra todos! Vou ficar com esse final por muito tempo na cabeça e os finais das outras fantasias nunca mais serão os mesmos para mim.
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