Bia1542 06/02/2024
Um livro bom, mas que não se destaca
“A Garota Roubada” é um suspense que cumpre muito bem com o esperado do gênero: deixar o leitor curioso e interessado nos acontecimentos do livro para um desfecho final que, dependendo do objetivo do autor, possa ser surpreendente. E, apesar de qualquer problema que eu possa ter tido com a história, sempre me mantive curiosa sobre o que havia acontecido com a Lottie, e, em algumas ocasiões, a leitura fluiu muito bem e foi bem instigante.
Além disso, o livro aborda vários temas importantes sobre maternidade e desaparecimentos de crianças, sobre como muitas vezes ser mãe é desgastante, e, que mesmo que não gostemos da maternidade, isso não impede que amemos nossos filhos. Fala sobre como desaparecimentos de crianças são assustadoramente comuns e que, mesmo que de uma forma amarga, Alex ainda é privilegiada por ter tanto apoio para procurar a filha.
Outro ponto que gostei muito, foi um jogo de narrativa que a autora fez em determinado momento da história, foi difícil não dizer “vou ler só mais esse capítulo” neste ponto do livro. Pensando um pouco depois, notei como todos os detalhes desse momento em questão coincidentemente se aliam, mas não tira o impacto sentido na hora.
Ainda assim, nem só flores são os livros. Apesar de todos os elogios, algumas coisas não me agradaram muito. Para começar, achei tanto o desenvolvimento como o plot final muito óbvio. Claro que isso pode ser uma coisa particular minha, e claro também que teve momentos que foram apresentados desfechos que eu não estava esperando, mas na maioria dos casos não foi o que aconteceu. Alguns personagens eram muito descaradamente apontados como possíveis suspeitos, isso automaticamente me fazia pensar que não eram os responsáveis pelo sequestro de Lottie. Da mesma forma, apesar de não ter adivinhado todo o final, consegui prever o plot final do livro nos primeiros 20% da história.
Falando em final, esse foi outro ponto negativo, que final pastelão, pura novela mexicana. Tem quem goste, mas para a proposta do livro, ficou muito irreal, muito “solução tirada de canto nenhum”, feita apenas para surpreender e trazer um final, do que por realmente fazer sentido.
Falando sobre a parte técnica, não sou escritora e muito menos uma crítica profissional, mas vou deixar minha contribuição como mera apreciadora de literatura. a escrita da Autora é, sem sombra de dúvida, fácil e fluida, do tipo que se lê várias páginas em “uma sentada só”. Um livro ter essa característica não necessariamente faz com que ele seja bom, mas com certeza faz com que a experiência de leitura seja muito mais espontânea. O que me pegou um pouco, porém, foi a necessidade de, sempre que um capítulo termina, tem uma necessidade por parte da autora de fazer um final que, de algum modo, tenha um desfecho que faça o leitor ler o próximo,e assim por diante. Isso, por si só, não é um ponto negativo, porém, para conseguir fazer esse momento de final de capítulo mais atiçador, era utilizado muito frequentemente frases de efeito que, eu pelo menos, achei muito superficial e mecanizado. além disso, algumas vezes senti que frases ou ainda, parágrafos inteiros, não combinavam com a atmosfera do livro, apareciam muitos que foram tirados de um livro de romance contemporâneo (amo livros de romance contemporâneo, aliás) do que de um livro de suspense.
Por fim, foi isso. Um livro que traz uma boa experiência de leitura, mas que, diante de tantos outros livros lidos por mim no período próximo, acaba não se destacando muito.