Karini.Couto 30/04/2024Livros com essa pegada de maternidade e oa dramas familiares quando bem escritos, sempre me ganham!
Eu amo um suspense, com pitadas de drama familiar e generosas doses de curiosidade e mistérios, além de reflexões.
Em A garota roubada temos assuntos relevantes abordados, como a maternidade, tema que sempre curto ler e falo o quanto é romantizada e superestimada e um assunto muito real, que muitos ainda não estão preparados para falar abertamente. Podemos amar nossos filhos, ainda que sintamos desespero, cansaço e que não desejemos inclusive ter novos filhos. Cada um vive uma experiência, que jamais deve ser invalidada pelo outro, o sentir é único e pessoal/intransferível. Além disso, temos em pauta o desaparecimento de crianças. Assunto que as vezes conversamos em casa, e meu esposo acredita fortemente que devido aos celulares, câmeras, internet, isso é bem menos frequente, mas ao dar um google, as informações ainda são preocupantes.
"De todas as provações da maternidade, a privação do sono é uma das piores."
A escrita da autora foi um ponto alto nesse enredo, pois temos elementos já "batidos", mas que a autora soube conduzir de maneira a instigar a minha curiosidade em cada virada de página, quando achei que já tinha tudo para o enredo ficar frio, fui surpreendida pela escrita, e motivações que aguçam a curiosidade. Temos reviravoltas e situações bem interessantes e aquela pulga, de que o culpado é sempre alguém próximo, será?
Nessa trama temos uma advogada de sucesso, Alex, mãe de Lottie, uma menina de apenas três anos, mas que com sua personalidade forte, é desafiadora e difícil de lidar as vezes. Alex é mãe solo, o pai de sua filha partiu em um trágico acidente e ela faz tudo que pode para driblar carreira, rotina, maternidade sendo uma mulher que se vê muitas vezes exausta, com pensamentos e sentimentos que muitos julgam, mas que são a realidade de muitas mulheres.
No casamento de um amigo, algo impensado ocorre, Lottie desaparece e aí temos início a uma busca pela memina e também vemos como Alex lida com a situação, que inclui um tema bem atual, que é o julgamento das mídias e redes sociais com as opiniões que surgem em um momento delicado, que questiona a maternidade de Alex, se ela é ou não uma boa mãe, entre outros pontos.
Imagine ter um filho roubado de você, a dor e desespero e ainda por cima lidar com diversos julgamentos quando a exaustão e desespero estão à espreita? Sem contar que todos estão olhando, parece que existe um manual de como se comportar, quando chorar, ou gritar.. Com certeza vocês sabem do que estou falando.
A obra mantém uma cadência que eu gostei e como disse, a escrita da autora é singular e fundamental para o enredo ter me conquistado, além disso ao mesmo tempo que ficamos ansiando por respostas e pelo retorno de Lottie, é impossível não sentir um frio na barriga, como pessoa e como mãe.
"- As mamães sempre voltam..."
Um final condizente com todo o desenrolar, eu sempre me rendo em tramas assim, principalmente quando a escrita é marcante e bem pontuada.
Tem tantos assuntos que essa obra levanta como reflexões, que eu poderia escrever sem parar que não seria suficiente para expressar a complexidade da maternidade, por exemplo.
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