Micaela Ramos 03/06/2013
Presentes da Vida - Emily Giffin
Presentes da Vida é um livro que nos faz pensar acerca da vida, sobre o que acontece dentro de nós mesmos, se as grandes decepções sofridas em nossa vida foram culpa do destino, das outras pessoas ou... de nós mesmos. É uma obra completa, repleta de assuntos dos mais cotidianos aos que mais mexem conosco.
A personagem principal, Darcy Rhone, é uma mulher como muitas na sociedade em que vivemos atualmente, preocupada com a beleza, estereotipada, sempre na moda, superficial, a típica mulher preocupada com a forma acima de tudo. No começo do livro eu não me senti muito à vontade com a personagem, por todas as falhas de personalidade que a mesma apresentava, o que eu jamais estaria disposta a aguentar se tivesse de conviver com uma pessoa assim: mesquinha, gananciosa, invejosa, sagaz, fútil, superficial e o pior, sempre culpa os outros pelo que dá errado em sua vida.
O que me tocou e me deixou muito interessada em continuar a leitura foi o fato da autora colocar na vida de Darcy, provações que a própria achou que nunca ia passar em sua vida. Foi emocionante acompanhar a mudança de uma personagem que achei que realmente nunca fosse mudar e daí veio em minha mente que nunca é tarde para se abrir para o mundo, para aceitar não somente a si mesmo como as pessoas ao nosso redor e a felicidade delas, principalmente as pessoas que amamos.
A leitura me fez analisar várias lembranças da minha vida. "Será que fui a culpada de alguém ter ido embora?", "Será que eu poderia ter evitado tão acontecimento? Será que eu podia ter mudado aquela situação?" e isso foi saudável para a minha pessoa, uma análise interior sempre nos põe de volta nos trilhos, nos caminhos certos. Será que estamos fazendo o certo para nós mesmos? Será que estamos machucando que amamos? Para mim, é sempre importante saber como anda seu relacionamento para com você mesmo e as pessoas ao seu redor.
Adorei o projeto gráfico do livro, não poderia ser mais perfeito o contraste de tantas cores que se combinam e deixam a capa tão perfeita. Desde o azul constante presente, representando o céu e o "algo azul" na vida da personagem, citado no livro, até mesmo o belo parque, cercado de árvores, com um banco solitário e um buquê jogado ao relento, a fonte vermelha representando a vida, a paixão, etc. com certeza me chamou bastante atenção. O papel do miolo é pólen, um amigo da leitura rápida, pois reflete menos luz, o que não cansa tanto a vista e nos permite ler mais rápido e melhor. A fonte do miolo é espaçada, de tamanho médio, torna a leitura bem clara, sem erros, apesar de ter notado alguns erros de edição.
Os personagens são definidos pelas suas relações, amigos em comum, dispostos a ajudar, sempre presentes, apesar da personagem principal ter de passar por várias perdas e lições para aprender a valorizá-los.
Emily Giffin é uma ótima escritora, ela põe questões do nosso dia, do nosso viver, das nossas relações, vivências. Faz-nos pensar em nós mesmos como pensar, faz-nos analisar se o que vemos que está acontecendo a nós é a realidade ou se estamos desenhando a mesma ao nosso favor, para que possamos sentir pena de nós mesmos e culpar a todos em nossa volta, menos nós mesmos.
Surpreendi-me verdadeiramente com essa trama tão vívida e verdadeira. Emocionei-me com o final e realmente ansiei de verdade que isso acontecesse com todas as pessoas, que pudessem aprender com seus erros, que pudessem ver que sempre há margens para erros e acertos, que podemos fazer a diferença, que podemos tentar mais uma vez e acertar, vencer.
Aprovo e recomendo. Leiam e sitam-se abraçados pela linda escrita de Emily Giffin.
Trechos:
"Enquanto eu me virava no meu colchão para olhar para a janela, voltei a ouvir as palavras de Ethan: a parte que dizia que eu era uma amiga ruim, egoísta, egocêntrica e superficial. Fiquei com vergonha ao reconhecer que havia um pouco de verdade nessas acusações. E encarei os fatos: eu não tinha médico, nenhuma fonte de renda, nenhuma amiga íntima, nenhuma contato com a família. Eu já havia gastado quase todo o meu dinheiro, e tudo o que eu tinha para mostrar era um guarda-roupa cheio de roupas maravilhosas, muitas delas que não me serviam mais. Eu me mudei para Londres para tentar mudar de vida, mas e não havia mudado nada. Minha vida estava estagnada. Eu precisava fazer alguma coisa. Por mim e pelo meu bebê."
"Mas eu não o amava. Era simples. A ideia de ficar com um homem somente por amor parecia ingênua e excêntrica, era o tipo de coisa que eu sempre criticava na Rachel, mas agora eu pensava da mesma maneira. Então, me forcei para fazer a coisa certa."
"Enquanto todos aplaudem e bebem champanhe, eu sorrio para Rachel, pensando que ela dito a coisa certa. Amor e amizade. São eles que nos fazem ser quem somos e podem nos mudar, se deixarmos."