Os Quatro Amores

Os Quatro Amores C. S. Lewis




Resenhas - Os Quatro Amores


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Rosa â¡ 25/04/2020

Os Quatro Amores - C.S. Lewis
O livro é incrível, me trouxe muitos ensinamentos assim como outros livros do Lewis .
No começo tive um pouco de dificuldade para absorver tudo oque ele deseja passar para os leitores, mas com o decorrer do livro ficou mais fácil de compreender o intuito dele com o livro.
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Alê Guimarães 04/06/2020

Uma análise sobre os amores e como cada um é impactante e particular. Não consegui ficar uma página sequer sem me pegar na digressão provocada pelo texto e a mensagem de Lewis.
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Elber.Joaquim 06/06/2020

E eu pensando que seria uma leitura mais tranquila...
Quem já leu C S Lewis, já imagina que vem reflexão, mas sinceramente, pelo título, achava que esse seria mais leve.

Pelo contrário, se eu puder dar uma dica, não comece por ele, mas não deixe de lê-lo. Só comece por outros, para se acostumar com esse escritor maravilhoso e depois encare este livro de frente.

Só não dou 5 estrelas porque no penúltimo capítulo, Lewis está distante de nossa realidade histórica e cultural. A leitura chega a ser desconfortável em certos momentos, ademais, o diálogo e a reflexão é muito interessante.
Xabriel 06/06/2020minha estante
Interessante sua resenha, fiquei interessado no livro agora.


Elber.Joaquim 08/06/2020minha estante
Que bom brother, excelente livro




Isabela Di Ãngelo 16/11/2023

Um livro maravilhoso
Eu achei um ótimo livro ? Acho que o autor tem uma sabedoria incrível para falar sobre os vários tipos de amores. Acredito que seja uma leitura necessária para refletir sobre todos os nossos relacionamentos e como entendemos o amor ?
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anaclaraleitegomes 09/05/2022

Belíssimo.
O livro "os quatro amores" é maravilhoso, fico extremamente feliz de ter tido uma experiência tão boa nessa leitura, achei esse melhor que cristianismo puro e simples. Adorei os capítulos sobre amizade e caridade, meus dois amores favoritos. Belíssimo livro.
"Não existem tempos verbais em Deus"
"O Eros deseja corpos nus, a amizade, personalidade despojadas"
"Homem agrada teu Criador e fica contente,
E não dá para esse mundo nem uma semente"
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Lucio 08/08/2020

A Ciência das Relações Interpessoais
RESENHA CRÍTICA DO "OS QUATRO AMORES"

Introdução

‘Amor’ não é um termo simples. Um pouco de atenção e a tentativa de apreensão teórica dos fenômenos que experimentamos quando amamos revelará a complexidade do tema. Então, eis aqui o grande C. S. Lewis a dissertar a respeito. O livro pretende falar de quatro formas de amar uma pessoa. É do amor interpessoal que tratará, não do mero amor a qualquer coisa. São analisadas quatro tipos essenciais de amores: Afeto, Amizade, Eros e Caridade à luz de três características principais do amor: o amor-Necessidade, o amor-Dádiva e o amor-Apreciação. Lewis também analisa cada um deles à luz do conceito de naturalidade, necessidade, ciúmes e o quanto e como revelam o amor de Deus. Em suma, poderíamos dizer que cada um desses amores são dádivas divinas que podem ser pervertidos pelo pecado e convertido em ídolos. Somente com o auxílio da graça eles se tornam o que deveriam ser.

Aparato Teórico

A Erudição de Lewis já nos é conhecida. Podemos vê-la não apenas nas explícitas citações, mas também nas alusões. Platão, Agostinho estão presentes, bem como os ingleses Wordsworth, Coleridge, Shaw, Kipling e, claro, Chesterton. Há referência aos sábios medievais e certamente uma alusão ao conhecimento análogo de Deus de Tomás de Aquino. Lewis também está em constante disputa contra os românticos e contra os evolucionistas naturalistas, bem como está a par das principais confusões teóricas sobre o tema em sua época, e menciona confusões e equívocos típicos. É importante observar também que o autor está em franco diálogo com o conservadorismo inglês típico - certamente por influência de Samuel Johnson e Chesterton, pelo menos. Isso está presente quando ele justifica o patriotismo saudável, mas também quando defende a livre associação entre amigos contra a tirania e autoritarismo. Assim, leitores familiarizados com a filosofia conservadora não deixarão desapercebidos esses pontos. Por fim, Lewis faz várias referências às Escrituras, inclusive com um olhar técnico-exegético em pelo menos duas ocasiões.

Avaliação Crítica

No geral, há apenas duas coisas - afora um ou outro pequeno raciocínio que nos pareceu incompleto ou uma frase mal colocada - que nos parece merecer algum apontamento nesta seção. Uma diz respeito à interpretação que Lewis faz de Agostinho, outra diz respeito à questão com a alegria no Eros.
Lewis admite a influência enorme de Agostinho para, na sequência, interpretar de forma completamente equivocada tanto a famosa porção do livro I quanto uma porção do livro IV das Confissões. Agostinho não propõe o desapego absoluto em prol de salvaguardar o coração, mas o desapego idolátrio. Agostinho está dizendo algo muito parecido com o que Lewis diz aqui, no final das contas. Mas isso escapou nosso estimado pensador irlandês. Todavia, esse erro pode ser descontado sem prejuízo para o argumento. Basta que não pensemos que Agostinho cometa esse erro, mas que outras pessoas podem pensá-lo.
Quanto ao Eros, pareceu-nos muito forçada e poética a questão do chiste, da brincadeira, em relação ao sexo e ao amor Eros em geral. Concordamos com a presença da alegria e com as ironias biológicas, mas não nos parece tão essencial tal ênfase. Faltou falar aqui de significado e algo de romântico em si em torno desse amor.

Recomendação

Recomendamos tudo que temos lido do Lewis, ao mesmo tempo que o recomendamos com cautela - não por conta dos já bem sabidos desvios e confusões doutrinárias, mas por conta da sua erudição e da dificuldade que é ler algo tão complexo, que por sabe-se lá qual razão, além da escrita bela, alegre e erudita, tornou-se tão popular. Por isso, quem for ler deverá reservar bastante tempo para mastigar cada página e gastar tempo pensando em tudo. Estudantes cristãos da psiquê humana não podem ignorar esse livro sem irresponsabilidade. E o livro é útil para a santificação de todos os nossos relacionamentos, de modo que se torna recomendável para todo cristão sério.

Resumo de Cada Capítulo

Na Introdução, Lewis distingue entre amor-Necessidade e amor-Dádiva, e como pretendia enaltecer este e denegrir aquele, até que notou que o primeiro é legitimamente chamado de amor pela humanidade em geral, bem como não é necessariamente egoísta e nossa relação para com Deus é marcadamente determinada por ele, o que fica evidente na contrição e pedido de socorro, ou seja, faz parte da piedade reconhecer a necessidade. É também na introdução que Lewis distingue entre a proximidade por semelhança e a proximidade por abordagem, aquela refletindo indiretamente algo sobre Deus e esta dirigindo a vontade em sua direção, alcançando redenção, sendo que a primeira não determina o grau da segunda. Tal distinção é importante para que percebamos que a proximidade por semelhança dos amores não corresponde a uma proximidade por abordagem: pelo contrário, os amores, quando deificados, tornam-se demônios, ídolos. Há uma visão que realmente deifica os amores e outra que os despreza e a posição cristã está entre esses dois exageros. Precisamos de todos esses amores e precisamos que Deus os redima.

No capítulo 1, Lewis distingue entre prazer-Necessidade e prazer-Apreciação. O primeiro é precedido pelo desejo e cessa quando satisfeito. O segundo é uma adição e não cessa, sendo prazeres em si, demandando apreciação por direito, reivindicando nossa atenção. Na realidade, esses prazeres podem se misturar, ou um se converter no outro. Em analogia, o amor-Necessidade dura na medida em que durar a necessidade, e os amores humanos baseados tão somente nisso só podem durar enquanto a necessidade for recorrente ou permanente. Este é o caso para com Deus, mas muitas vezes não percebemos nossa permanente necessidade dEele. E o prazer-Apreciação deriva o amor-Apreciação, de onde vem a estética e por do qual admiramos as pessoas e adoramos a Deus. Amor-Necessidade, Dádiva e Apreciação se emaranham e se sucedem em relação às pessoas. Termina o capítulo falando sobre o amor à natureza como um tipo de endeusamento dela como mestra, o que não é possível. Fala dela como formadora de nossos conceitos e apenas isso. Não pode ensinar moral - senão uma muito brutal. Ela também não satisfaz os desejos que suscita, e ir a Deus é ultrapassá-la; e sobre o amor à pátria, distinguindo formas saudáveis e legítimas e não-saudáveis de patriotismo e como na versão ruim ele pode se converter nas coisas mais terríveis.

No Capítulo 2, Lewis fala da Afeição, o mais natural dos amores, que é aquele sentimento que há entre pais e filhos. Os filhos têm amor-Necessidade pelos pais e os pais amor-Dádiva para com os filhos - embora tenham necessidade de se doar, convertendo o amor-Dádiva num amor-Necessidade. Ele não considera quaisquer características no outro, podendo unir pessoas de mundos completamente distintos, desde que siga o critério único da familiaridade - nos acostumamos e depois começamos a gostar, desde que o outro não seja extremamente repulsivo. Assim, surge gradualmente sem podermos pontuar sua gênese. Não tem nada que ver com nossa perspicácia, por isso não nos gabamos de tê-lo. Ela está emaranhada nos outros amores e enseja suas operações. E também enseja o próprio amor-Apreciação, quando, depois de termo Afeto nos abrimos a apreciar as qualidades no outro que nunca teríamos nos aberto para ver fora dessa situação. A Afeição imita o amor divino ao aceitar o repulsivo, e ao ser perdoadora. Todavia, a mesma convivência e familiaridade que gera a Afeição pode gerar uma enorme repulsa. Ela não traz a felicidade, mas dá ocasião para a alcançarmos. Podemos corrompê-la com dois tipos de irracionalidade, a saber, ou nós a demandamos como um direito - o que é extremamente sufocante e frustrante para ambos os lados, pois ela não surge assim -, empregando o raciocínio de que se não tem que ver com nossos méritos, a falta de mérito a impõe como obrigação. A expectativa só é legítima se formos pessoas normais, minimamente amáveis, ou então faremos a natureza trabalhar contra nós. A Afeição envolve liberdade, mas uma liberdade que jamais pretenderá prejudicar ou ferir o objeto do amor, de modo que aqueles que se valem dessa liberdade para os maus tratos num âmbito de familiaridade, como se isso não fosse contra a Afeição, só estão confundindo as coisas. A segunda irracionalidade é a dos ciúmes. Como a Afeição está baseada na familiaridade, mudanças a ameaçam e aqueles que mudam acabam sendo vistos como desertores ou traidores. É um conservadorismo que pode inibir a corrupção, mas também embarga o progresso. Essas duas são perversões vinculadas ao amor-Necessidade. Em relação ao amor-Dádiva, existe a necessidade de ser necessário, o desejo de beneficiar o outro segundo o nosso bem. Isso pode ser extremamente sufocante, e o demandante de ser necessário poderá tomar como ofensa a dispensa de seus trabalhos. Não reconhecerá o incômodo que causa por ser isso onde se fia para se realizar e se lisonjeará moralmente por conta de seu esforço. O verdadeiro amor-Dádiva almeja que o outro não tenha mais necessidade. O corrompido a mantém ou até a cria. O instinto tende a essa corrupção da Afeição. É preciso que a Graça e a Virtude se intrometam para colocar a Afeição nos rumos.

No Capítulo 3, Lewis resgata o antigo e contemporaneamente negligenciado conceito (e experiência) de Amizade. O autor faz uma gênese da ausência dela. Isso se dá por conta de vários fatores ligados à sua natureza, que não é natural - daí sua pertinência para os antigos que desconfiavam da natureza humana, além de estar vinculada à razão, dado que brutos e animais experimentam o Eros e a Afeição - ou necessária para a sobrevivência. A visão romântica sentimentalista e a visão naturalista somaram forças contra a Amizade, que não é sentimentalista nem instintiva. E o evolucionismo acrescentou o desprezo àquilo que não tem valor de sobrevivência. As ideologias coletivistas também a descartaram, dada à sua natureza mais particular e restrita, contrária ao coletivismo. Lewis também dedica-se a refutar a noção espraiada em seu tempo de que toda Amizade verdadeira carregava homossexualidade - e o argumento caia na falácia (com a forma da afirmação do consequente) de que a ausência de evidência era evidência, posto que afirmavam que isso poderia ser absolutamente inconsciente e implícito. Lewis, então, trata de distinguir a Amizade do Eros, embora note que possa haver relações (não necessárias) de continuidade entre eles. Então surge a definição da Amizade como o vínculo entre pessoas a partir de um ponto de convergência - um interesse, atividade ou ponto de vista especial e comum. Também nota como a Amizade surge a partir do Companheirismo. Esse companheirismo é normalmente tomado por Amizade, mas não é. Ele surge mediante atividades comuns que acabam ensejando trocas de informações e experiências, apreciações e críticas. Surgiu, para os homens, da cooperação para a caça ou batalha e hoje surge de outras formas de cooperação, que ensejam companheirismo. Há uma boa porção refutando os argumentos sobre sua necessidade. Ela, por exemplo, pode produzir comunidades que beneficiam a sociedade, mas isso se dá acidentalmente, não em função da amizade em si, além do fato de que comunidades podem se formar e produzir efeitos nefastos. Também refuta a ideia de que a amizade beneficia o indivíduo por conta das ajudas e assistências prestadas por amigos. Nota que isso confunde amigo e aliado, e que embora o amigo seja um aliado, não é em função dessas ajudas que os indivíduos se tornam amigos. A amizade não procura, pois, ser necessária. Ela nem mesmo se importa com as particularidades dos indivíduos que não dizem respeito ao ponto de convergência. Mas a Amizade acaba, com o tempo, ensejando o florescimento do amor-Admiração e os amigos passam a se considerar privilegiados de terem um ao outro. Lewis falará da tragédia contemporânea que milita consciente ou inconscientemente contra a Amizade. Várias circunstâncias sociais acabam gerando separações naturais de grupos distintos. São esses grupos que se reúnem em torno de atividades ou interesses em comum que ensejam as amizades. Mas há uma filosofia igualitarista que tem feito o círculo de amizade abrir-se para aqueles que não compartilham com o ponto de convergência e, com isso, transformam as reuniões de amigos em conversas desinteressadas e malogra a possibilidade de amizade real. Lewis argumenta que as pessoas seriam mais felizes e teriam amigos verdadeiros se respeitassem a natureza da Amizade e cada um buscasse o que realmente lhe diz respeito e aqueles que compartilham dos mesmos pontos de convergência. Esse amor está livre do dever e, em grande medida, do ciúme, pois a inclusão de outro que compartilha o ponto de convergência é sempre bem-vinda - na medida em que for possível -, não diminuindo a relação entre os partícipes, antes a enriquecendo - pois cada um, à sua maneira, extrai do outro o que só ele poderia revelar. Lewis termina observando como a Amizade pode se tornar nociva. Primeiro, líderes costumam desconfiar, com razão, dela, pois ela é uma divergência do ponto de vista público - que é justamente o que faz com que alguns se destaquem como amigos. Isso pode ser bom ou ruim. Os amigos são resistentes à liderança, podendo impedir a correção ou a corrupção - daí que autoritários querem companheirismo, mas não amizade. A Amizade também pode ser tanto a escola da virtude quanto dos vícios. Observa-se também que círculos de amizade, por inveja, são depreciados pelos de fora. Nota-se também que os amigos podem legitimamente se sentir superiores em relação ao aspecto que os destacam, considerando os que não percebem daquele modo ou que discordam como inferiores nesse aspecto. Mas o círculo pode ser tentado a generalizar e universalizar esse sentimento, desconsiderando todos os de fora, em todos os aspectos, como inferiores. O círculo também pode se corromper em meramente uma sociedade de admiração mútua, e o ponto de convergência pode ser simplesmente o estar naquele meio. Ou seja, o orgulho é uma tentação presente na Amizade - inclusive, potencializado pela impressão de que há méritos em nós até mesmo pela escolha daqueles amigos, quando a providência é que é realmente a condicionadora para tal encontro Por fim, ela é o mais espiritual dos amores, e por isso não serve como símbolo pertinente para o amor de Deus por nós - razão das Escrituras o ilustrar pelo Eros - Cristo e a Igreja - ou pela paternidade divina. Assim, a Amizade só pode ser uma experiência feliz se for assistida pela virtude e pela graça para que o orgulho não a tome e para que o ponto de convergência seja bom.

No Capítulo 4, Lewis define o Eros como o estar apaixonado, e nota que ele inclui e transforma a parte sexual, Vênus. É claro que pode haver Vênus sem Eros, mas nem por isso é necessariamente impuro - pois está presente no casamento ocasiões em que o sexo é consumado a despeito dos sentimentos. O casamento, inclusive, se sustenta pela fidelidade, compromisso, lealdade e justiça, não por amor. É o evolucionista que toma o Eros como derivado de Vênus, mas não há qualquer justificativa para isso. Eros abarca e transforma Vênus. Eros considera a pessoa amada em sua totalidade, quer a pessoa ao passo que Vênus quer o prazer em si e a pessoa é só um meio para isso. Não se está com a pessoa amada por qualquer cálculo hedônico. O prazer é um subproduto do Eros. Eros é o que nos distingue dos animais na atração, é o que há de humano. Lewis ainda argumenta que o grande perigo no casamento não é a entrega ao sexo - pois nem Paulo argumentou nesse sentido quando dissuadia os coríntios do casamento. Eros, na verdade, minora o incômodo e o vício do apetite sexual. O sexo, para Lewis, é encarado com uma solenidade prejudicial, como se a seriedade apartasse a alegria. Tal solenidade acaba por desumanizá-lo. Não só isso como a idolatria sexual que leva a tal solenidade acabará por levar à frustração dado os muitos problemas circunstanciais que o apetite traz. Sem o riso, esses inconvenientes gerarão todo tipo de desacordo e desarmonia entre um casal. Já nos verdadeiros amantes, o riso está sempre presente. O próprio corpo não deve ser visto como uma prisão ou como mera fonte de tentações, mas como um ‘irmão burro’ que é admirável e útil em algumas ocasiões, mas trabalhoso e engraçado em tantas outras. Isso não quer dizer que o sexo não carregue sublimidade - o próprio desnudar-se é como que vestir trajes cerimoniais para representar os papéis de cada sexo. Lewis também fala do papel do homem como líder da mulher, e como a tarefa é árdua, como o casamento é uma analogia da relação entre Cristo e a Igreja, e que isso impõe sobre o homem uma crucificação. O marido não deve buscar um martírio voluntário casando-se com uma mulher ruim, mas se acontecer, deverá revelar a mesma disposição e ação de Cristo, a saber, buscar perdoar e santificar a esposa. E assim como Vênus em Eros não busca o prazer, Eros não visa primeiramente a felicidade - tanto que qualquer advertência prudencial não dissuadirá amantes, que preferem qualquer dor à dor da separação. Revela-se, pois, a grandeza do Eros nesse desprendimento de si. Mas é dessa grandeza que vem o perigo da idolatria. O amor demanda autoridade divina e pode nos encorajar tanto a fazer o bem quanto o mal. Pretende-se que tudo valha em nome do amor. Lewis ainda tira um espaço para refutar duas perspectivas transcendentalistas do amor, a saber, a de que ele representa uma união que antecede a vida e a de que ele é a força vital da natureza. O problema com essas visões é que ambas geram conclusões inconvenientes sobre a incompetência desses supostos poderes, pois há evidentemente casais unidos por Eros que são uma tragédia juntos, sugerindo que as coisas no além-mundo não foram competentes; e une-se casais inapropriados para o bem da espécie - além, é claro, do fato de que tal Eros teria de ter estado inativo durante boa parte da história da humanidade, quando os casamentos não se davam pelo Eros, mas por arranjos e afins. E isso pra não falar da imagem pouco estimulante do ubermensch. Quando o Eros é honrado, pode ocasionar uma aproximação por abordagem de Deus, pois fornece o paradigma do compromisso total do amor, bem como o amor que não considera o custo e que é frugal. São proximidades por semelhança. Mas desamparado da graça, se converte em ídolo e não entrega a felicidade prometida - daí costuma-se culpar o Eros ou o parceiro. A propósito, o grande perigo num relacionamento não é a idolatria ao cônjuge, mas ao próprio amor em si. Assistido, porém, Eros pode nos ensinar a superar o egoísmo e a cumprir a lei espontaneamente, tal como se dá para com todos quando somos guiados por Deus. É importante observar que essas elevações do Eros não são nossa condição permanente nesta vida.

Finalmente, no Capítulo 5, Lewis conclui que os amores naturais não bastam - o que não implica em rejeição a eles - e precisam de auxílio para serem mantidos puros. Isso coloca o tema da rivalidade entre eles e o amor de Deus, adiado porque a maioria das pessoas nem alcançou esses amores terrenos e, por isso, seria insensato pedi-las para ultrapassá-los, além do fato de que aqueles podem ser revelados como ídolos e desacreditados sem se mencionar este tema. O tema da rivalidade é antigo, mas preocupava-se mais com a idolatria do que com o legítimo amor ao próximo. Lewis rejeita a proposta de desapego de Agostinho para evitar um coração partido. Não fomos feitos para evitá-los e faz parte sofrer por amor, tal como o próprio Jesus o fez em relação a Jerusalém e a Lázaro. A solução de Agostinho, diz Lewis, acabará nos evadindo do amor em geral e, assim, não só nos desumanizaremos como seremos condenados. Se não amarmos os queridos que vemos, muito menos amaremos o Deus que não vemos. Assim, não negando, mas redimindo os amores que nos aproximamos de Deus. E esse amor não é um sentimento ou sensação - embora sejam desejáveis e devem ser buscados -, mas o apreço que se revela em nossas escolhas e modo de vida, que revelam nossas prioridades. Amaremos em excesso as pessoas quando estivermos amenos menos a Deus. Com efeito, as pessoas devem ser rejeitadas na medida em que nos afastam de Deus e nos impedem de obedecê-lo. Mas é preciso perspicácia para notar a ocasião para essa rejeição às pessoas. Para isso, deve-se estabelecer e explicitar a ‘ordo amoris’, de modo que o outro não tenha qualquer surpresa. Deus não tem necessidade de nada. Criou o mundo para que amasse e fosse amado por elas. Implantou em nós os amores naturais. Mas Deus nos agraciar, divinizando o amor-Necessidade e o amor-Dádiva. Neste, faz com que realmente nos importemos tão somente com o bem do outro, independente da fonte, ou seja, elimina a necessidade de ser necessário. Nesse amor, passamos a não considerar a dignidade daquele a quem amamos. E mesmo em relação a Deus adquirimos o poder de nos entregar a ele - posto que realmente podemos nos afastar - bem como o servimos quando servimos ao próximo. Deus também nos dá um amor sobrenatural por Ele - que consiste em reconhecermos nossa absoluta necessidade dEle, sem resistir por orgulho à sua graça - e pelo próximo - a difícil experiência de ser amado a despeito de qualquer coisa em nós que seja atrativa. Em toda essa manifestação de amor ao próximo, é o amor de Deus que está fluindo por nós. Deus pode fazer com que tenhamos que negar um amor natural em função de algo maior, mas esse amor divino, a Caridade, não os despreza, antes os santifica. E tudo passa a ser ocasião para exercermos a busca do que não é nosso. O mundo e a vida nos dará muitas oportunidades de perdão, paciência e amor a despeito do outro. Todavia, amar plenamente e sempre de tal forma se dará apenas na ressurreição. Aqui, Lewis aproveita para falar que não devemos buscar o céu em função do encontro com os nossos amados aqui, e sim em função de Deus mesmo, que é aquele para quem realmente fomos criados. Enquanto isso, o luto vem nos lembrando justamente que as coisas daqui são perecíveis e que temos que renunciar. No final, Lewis diz que a maior dádiva que podemos ter é a de ter um sobrenatural amor-Apreciação por Deus, mas que somos chamados a crer nessa experiência para o post mortem, e que talvez alguns a experimentem aqui. Mas sem a vivência da presença de Deus, podemos viver a ausência, a percepção da não-percepção - e a esperança.
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Priamaral85 31/12/2022

Essencial
Lewis tem um jeito especial de explicar o cristianismo como poucos têm. Sem spoilers, passamos pelos tipos de amor relatados na Bíblia com o entendimento de cada um e como eles se encaixam, se completam e precisam estar presentes em nossa vida. Gostei e como o conteúdo e denso, precisarei reler pra fixar melhor o conteúdo.
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Bela santos 09/01/2023

"Eu não sou bom porque amo a Deus, mas Deus me torna bom porque me ama."

Eu amo os livros do Clevi, são simplesmente sensacionais, este livro faz refletir sobre coisas e situações referente a profundos sentimentos.
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key Z 20/02/2023

Sensacional
Gostei do livro, apesar de no começo ter sido um pouco difícil por causa da escrita, mas logo após peguei o ritmo.
Lewis me fez refletir sobre varios pensamentos, frases e contextos bíblicos.
Recomendo a leitura
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Grazi_girassol 20/10/2021

O amor
Uma leitura extremamente prazerosa e rica. Você começa a ver o amor não apenas como um simples sentimento, mas como um presente de Deus para nós e então nos damos conta de quão complexo essa dádiva pode ser.
Júlia Friedel 20/10/2021minha estante
agora eu quero ler só pela sua indicação ??


Grazi_girassol 21/10/2021minha estante
Leia, é uma leitura que eu super recomendo ??




Fábio 22/05/2022

Os quatro amores
Ótimo livro, vale a pena a leitura, nesse livro Lewis trata dos quatro tipos de amor: afeição, amizade, eros e Caridade. Lewis é bem didático mas as vezes difícil de entender algumas frases, ele trás o conceito das temáticas mais com exemplos e analogias. Há frases espetaculares que tocam a mente de forma formidável. Dentre os capítulos lidos os melhores são amizade e Caridade.
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Carla Gracy Tavares 08/07/2022

Muito bom
Os livros de Lewis leva um tempo pra que a leitura venha fluir.
Aqui ele vem nos falar sobre os tipos de amores, perigos e qualidades de cada um deles.
Vale a pena a leitura.
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Jehssics 18/09/2023

Os amores naturais em si não são suficientes.
Foi o meu primeiro contato com um livro do autor, no começo a leitura foi mais fluida, porém em determinados momentos comecei a ter dificuldade com a escrita e depois de um tempo apenas aceitei que algumas coisas eu não ia entender e segui em frente, focando no que era compreensível para meu pobre cérebro (haha) ou então não acabaria o livro tão cedo.

No geral foi uma leitura interessante, apesar de cansativa. Meus capítulos favoritos foram sobre a Amizade e a Caridade. Com certeza pude adquirir uma nova perspectiva sobre essas temáticas, o que foi de bom proveito. Marquei bastante coisa nesse livro, tem frases bem marcantes e que falaram profundamente comigo, curti isso.

"Nós todos recebemos caridade. Existe algo em cada um de nós que não pode ser Amado de forma natural."
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Gih 28/05/2021

Os quatro amores
Apesar de ter amado Cristianismo puro e simples, eu já n gostei tanto desse livro.
Talvez pelo tamanho dos capítulos e por não ter conseguido ler um cão inteiro em um dia e precisar ficar fragmentando as partes, eu tenha perdido um pouco da continuidade do pensamento, mas fazer oq né???

De resto é um livro bom, gostei da forma como o autor trabalhou as percepções de amor e foi de maneira bem explicada além de simples.

Vale a pena ler??? Acho q sim, mas provavelmente n irei reler
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