Habibi

Habibi Craig Thompson




Resenhas - Habibi


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naniedias 27/08/2013

Habibi, de Craig Thompson
Quadrinhos na Cia. - 672 páginas
Uma jornada incrível, maravilhosa e emocionante contada por belíssimas ilustrações e um texto bastante impressionante.


Título: Habibi
Título Original: Habibi
Autor: Craig Thompson
Ilustrador: Craig Thompson
Tradutor: Érico Assis
Editora: Quadrinhos na Cia.
ISBN: 978-85-359-2131-1
Ano da Edição: 2012
Ano Original de Lançamento: 2011
Nº de Páginas: 672


Sinopse:
Ainda criança, Dodola foi vendida por seu pai para um escriba. Com ele, ela perdeu sua inocência e aprendeu a escrever. Mas passou pouco tempo ao lado do novo marido, pois foi roubada e tornou-se escrava.

Ainda enquanto cativa, deparou-se com Zam, apenas um bebê que ela reclamou como sendo seu. Quando conseguiu fugir, levou consigo o garoto.
E assim começou uma das mais lindas histórias de amor que já conheci.


O que eu achei do livro:
Excelente!

Fantástico, sublime, maravilhoso, encantador, tocante, envolvente e místico!
Habibi leva ao leitor uma das mais lindas e emocionantes histórias de amor que eu já tive a oportunidade de ler. Vai muito além do amor fraternal, muito além do amor carnal, é um amor puro, transcendental!
Não há palavras para descrever tal sentimento e Craig Thomas se utiliza de belíssimas imagens para contar essa história.

Ler Habibi é emergir no fantástico universo da cultura árabe!
O autor não deixa claro um país específico para a sua história. Existe um deserto, um vilarejo em ruínas com pessoas que vivem em situação precária e um magnífico palácio para um rico sultão, rodeado por residências para aqueles que vivem bem. Esses são os cenários pelos quais a história vai passando.
A leitura do livro lembra As Mil e Uma Noites, e essa famosa história da cultura árabe certamente foi uma referência para o autor. Mas a referência mais presente na obra é o Al Corão, livro sagrado muçulmano. O autor menciona diversas passagens desse livro, utiliza o poder das palavras conforme pregado por essa crença e recheia a sua história com a maravilhosa e encantadora cultura árabe muçulmana.

A história do livro beira a perfeição. Não acredito que nada nesse mundo atinja tal patamar e somente por isso não digo que o livro é perfeito, mas confesso que sou incapaz de apontar um único defeito, um único detalhe que não tinha sido capaz de me maravilhar.

Os personagens de Craig Thompson são muito bem delineados: complexos, coerentes, humanos e muitas vezes confusos e perdidos como todos nós somos.
São personagens que cativam e emocionam. É impossível não acreditar em cada uma das pessoas que ele insere em sua história.
O que achei mais incrível foi que o autor não colocou personagens só por colocar - todos que ali estão têm sua importância e retratam seus papéis com perfeição no arco da história.

Aliás, a história criada por Thompson também é brilhante!
O autor não se fia a uma narrativa completamente linear. O enredo segue, na maior parte do tempo, uma evolução cronológica e linear, mas detalhes do passado são inseridos no meio da narrativa, tornando a leitura ainda mais lúdica e bela. Pequenos detalhes vão se encaixando conforme o leitor progride na leitura e tudo faz sentido no final das contas. Quando finalmente percebi que o primeiro acontecimento do livro (a venda de Dodola por seu pai) estava conectado a outras coisas, foi simplesmente incrível!
Leia e se surpreenda também.

O que dizer das ilustrações?
Habibi é uma Graphic Novel e conta sua história em quadrinhos. As ilustrações são, portanto, parte fundamental da história.
Não faço ideia de quanto tempo Craig Thompson levou para criar esse livro, mas certamente foi um trabalho exaustivo.
Não só sua escrita é maravilhosa, mas suas imagens encaixam com brilhantismo ao texto. Ou seria sua escrita que se encaixa com brilhantismo às imagens que fez? Impossível dizer. O casamento entre a parte escrita e a parte ilustrada é simplesmente envolvente e encantador demais.
Cada página é uma explosão de beleza! Meus olhos não se cansavam de olhar para o mesmo quadro em uma única página por tempos que nenhum relógio no mundo seria capaz de marcar. Eu literalmente me perdi nos desenhos desse talentosíssimo ilustrador. São tantos detalhes que se escondem, que se revelam, que pulam ao olhos. Ainda estou extasiada com tanta beleza.

A edição da Companhia das Letras, que lançou o livro sob o selo Quadrinhos na Cia., ficou muito linda!
Ao vivo, a capa é um pouco mais escura do que a imagem que ilustra esse post e é simplesmente deslumbrante. Somente a capa já é capaz de ganhar o leitor.
Aquele que abre o livro e folhei poucas páginas, já está fisgado e não conseguirá deixar o volume para trás.
O incauto que inicia a leitura não poderá dormir antes de atingir o final (eu não consegui)!

O livro inteiro é poético.
As imagens encantam de forma quase impossível de explicar (clique aqui para acessar uma pesquisa no Google que mostra algumas das extasiantes ilustrações do autor). A história emociona no fundo da alma.
O amor entre os escravos fugidos Dodola e Zam é algo puro e verdadeiro, é um amor da alma.
Entre lágrimas, tento passar para palavras o quanto os dois conseguiram me encantar, mas não consigo, porque é algo que não se pode colocar em palavras - é muito mais do que qualquer junção de letras possa dizer.

Já praticamente no final da resenha, tenho certeza que não consegui passar o que o livro fez comigo. Foi mágico, intenso e delicioso. Eu gosto de reler histórias (realmente acho que a segunda leitura na maioria das vezes é ainda melhor do que a primeira), mas raramente tenho vontade de começar a releitura tão logo terminei a primeira leitura. Foi assim com esse livro. Acho que poderia ficar relendo a história de Dodola e Zam infinitas vezes. Para sempre.
É lindo demais! Me encantou sobremaneira.

Quem ler a história ainda será brindado com várias micro-histórias dentro da maior. Imagino que ler esse livro é ler uma nova história a cada vez, desvendando detalhes que acabaram perdidos nas leituras anteriores.
Mesmo que se leia mil vezes. E eu lerei frequentemente, com certeza.
Além das micro-histórias, que são belíssimas e contam muito da cultura árabe, o livro ainda traz questionamentos filosóficos e críticas à sociedade.
Não sei o que mais eu poderia pedir de uma história. Aliás, sei: nada.

Habibi é certamente um dos melhores livros que li esse ano e está dentre os melhores que li em toda a minha vida. Estou me sentindo completamente entorpecida e maravilhada.

Se eu recomendo essa leitura?!
Muito, muito e muito!
Leia Habibi e se encante.


Nota: 10


Leia mais resenhas no blog Nanie's World!


site: http://www.naniesworld.com/2013/08/Habibi-Craig-Thompson-Quadrinhos-na-Cia.html
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kell 28/10/2013

Sublime.
Eleva o espírito a todas as formas do amor.
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Rapousa (Andreia) 22/11/2012

Melhor HQ dos últimos tempos
Sou fã do trabalho de Craig Thompson desde que ele escreveu a obra prima Retalhos, porém, em Habibi ele se supera de forma ainda mais rica. Essa HQ está sem sombra de dúvidas no meu top 5 de melhores coisas que já li na vida. Estória rica, poética, bela, até certo ponto realista (em relação aos humanos), traço belíssimo e um enredo de tirar o folego (seja pela beleza ou pelas reviravoltas).

Indico a todas as pessoas que gostem de ler. Indico os trabalhos de Craig Thompson até para aqueles que não gostam de quadrinhos, pois é tão maravilhosamente trabalhado e executado que ninguém deveria perder essa experiência!
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Jacqueline 27/08/2014

Uma história de amor contada por meio de múlitplas referências e linguagens
Referências religiosas e a caligrafia árabe perpassam a história de encontros e desencontros de dois escravos fugitivos, personagens centrais da saga. Por meio de desenhos e grafismos primorosos, somos transportados ora a cenários bem possíveis, ora a outros bem oníricos e fantasmagóricos.
Seguindo a mais pura tradição das 1001 noites, a contação de histórias (quase sempre de cunho religioso) garante a sobrevivência.
Um livro sobre o amor e sobre como as histórias podem nos salvar.

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Anny128 07/10/2014

Habibi é uma daquelas histórias que te deixam sem palavras ao final. Na verdade, não dá para dizer que seja uma daquelas: poucas leituras, em toda a minha vida, me deixaram extasiada quanto esta.
Craig Thompson narra a história de dois escravos fugitivos, Dodola e Zam. Ela, uma menina de 12 anos que já passou por muitas dificuldades até ali, o que provavelmente alimentou seu espírito, naturalmente inteligente, de uma grande perspicácia e perseverança. Ele, um bebê negro de apenas 3 anos, que quase perdeu a vida de forma banal por um de seus algozes, sendo salvo por um triz pelas mãos de Dodola.A narrativa tem por cenário o mundo árabe, sendo permeada constantemente com referências ao Corão trechos esses que, ao contrário de impor uma religião, enriquecem o contexto e dão corpo à vida dos protagonistas. Traços fortes da cultura árabe são enaltecidos, até em seus microscópicos detalhes. Nem dá para imaginar a profundidade da pesquisa realizada por Craig até chegar à edição definitiva...
Passamos por diversos momentos das vidas dos dois, que são recheadas de grandes dificuldades e superações. Mesmo as maiores adversidades e distanciamentos forçados não foram capazes de destruir o sentimento que um nutre pelo outro, relação esta que só ganha substância a cada página. Thompson reinventou Shakespeare; mas seu Romeu e sua Julieta possuem uma carga dramática ainda mais humana, mais crua, muito mais cruel.
Os traços da HQ são belíssimos. Toda em preto e branco, nunca deixando de lado a referência ao universo árabe, inclusive em relação à fonte utilizada nos diálogos. Cenários de tirar o fôlego, com uma riqueza de detalhes que eu, iniciante dos quadrinhos que sou, nunca havia vislumbrado. Um espetáculo para os olhos!
Apesar de se tratar de um livro extenso, contando com mais de 600 páginas, conta com um enredo ágil. As folhas passam em um piscar de olhos, deixando aquela vontade de ler cada vez mais devagar só para o livro não terminar tão rápido.
As sensações são tantas, de tamanha intensidade e variedade, que fica difícil descrever em uma resenha despretensiosa como essa. Resta o convite para o mergulho no universo de Habibi!

site: http://www.leioeu.com.br/2014/06/habibi.html
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Bruno Novais 15/09/2015

Composição Perfeita!
Obviamente do desenho nem tem o que falar, já sou apaixonado pela forma de desenhar do Quadrinista Craig Thompson e principalmente se tem uma ótima história para acompanhar. Adorei a forma "não linear" que ele conduz o livro misturando passado, presente e histórias do alcorão. O envolvimento dos personagens é tão emocionante, tão devagar e tão detalhado que naturalmente você já se vê completamente envolvido com eles. E o que eu gostei mais é a maneira que ele subverteu o "clichê" dos romances vistos em vários livros. E como sempre, a maneira pessoal que ele trata sobre religião, que muitas vezes contem muitas criticas, mas ao mesmo tempo com um respeito enorme. Comprei esse livro para dar de presente para um amigo e aproveitei e comprei um pra mim, foi a melhor coisa que eu fiz!!!
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Monique 14/12/2015

Um livro inegavelmente belo pela qualidade gráfica e pelo esmero técnico de Craig Thomson, sem dúvida um dos mais belos quadrinhos que já li. Porém, há um bocado de pontos negativos na construção orientalista do enredo e dos personagens.
Debates interessantíssimos podem ser levantados por este livro, pois há o confronto, de um lado, entre uma Vanatólia lendária e quase mítica e, de outro, uma sociedade moderna e capitalista aos moldes "ocidentais".
Para mais informações, recomendo fortemente a resenha abaixo, é de fato um texto que reconhece as qualidades bem merecidas do livro e ainda sim consegue fazer críticas muito relevantes.

site: http://www.hoodedutilitarian.com/2011/10/can-the-subaltern-draw-the-spectre-of-orientalism-in-craig-thompsons-habibi/
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Mila F. @delivroemlivro_ 29/06/2016

Lindo!
Habibi foi uma Graphic Novel que desejei ler assim que terminei a leitura de Retalhos, também do mesmo quadrinista: Craig Thompson. O interessante em Habibi é que ele tem sofrido diversas críticas, tanto positivas quanto negativas o que o torna aquele livro que você precisa ler para tirar suas próprias conclusões.
As críticas dizem mais respeito a questão como a cultura Oriental é abordada no livro, alguns acham que há uma sátira a religião, outros dizem que o autor está tentando humanizar os árabes para os norte-americanos, mas o próprio quadrinista refutou tudo e disse que Habibi deveria ser visto como um conto de fadas, pois foi com esta intenção que ele o escreveu.
Não quero entrar nesses detalhes profundos e acadêmicos, mas acho válida toda e qualquer crítica: positiva ou negativa. O que pretendo com esta resenha é falar sobre o enredo e o que senti ao ler, o que achei dessa Graphic Novel.
Bem, desde que comecei a ler quadrinhos percebi que eu estava completamente enganada na minha ideia de que esse tipo de literatura era rasa e vazia e, pois a cada GN ou HQ que leio me deparo com uma profundidade enorme que muitas vezes não encontro em romances. Sim, já achei que quadrinhos era coisa para criança. Ledo engano.
Habibi é mais uma Graphic Novel que tem profundidade e emociona o leitor. Trata-se da história de Dodola e Zam, dois escravos, que por destino se encontraram e cresceram juntos, se apaixonaram, mas que também por força do destino foram separados e viveram vidas completamente distintas.
Enquanto Dodola tornou-se prostituta, Zam tornou-se eunuco. Tinham que viver constantemente à margem da sociedade e tendo seus próprios sofrimentos, no entanto, mesmo com o passar de vários anos o sonho de cada um era voltar a se encontrar. Ficarem juntos.
De fato, em Habibi temos uma história de amor incrivelmente forte. Vejam bem, eu disse forte e não bonita. É uma historia imensamente triste, cheia de dor, sofrimento e perdas. É difícil e doloroso acompanhar certas partes da Graphic Novel, há cenas chocantes e tristes. Por vezes me deparava com sentimentos que não sabia descrever, que me envolviam e que me faziam parar a leitura e tomar fôlego.
É incrível o quanto Dodola e Zam tiveram que passar quando estiveram separados, o quanto mesmo se conhecendo e se amando eles tiveram que se começar o processo do zero, pois ambos estavam absolutamente mudados. O quanto eles tiveram que aprender a se amarem, para amarem mais completamente um ao outro.
Particularmente amei Habibi e recomendo a leitura, também quero dizer que o trabalho gráfico da Companhia das Letras está fabuloso, cada detalhe: na mudança de capítulos, nas páginas trazendo todo o sentimento que as ilustrações abordavam, capa, tradução, tudo está absolutamente enriquecendo mais e mais a obra. Dá gosto.
Habibi é uma das Graphic Novels que podem ser vistas como um conto de fadas, mas é mais que isso: é uma GN que transforma nossa visão de ver os sentimentos e os seres humanos. É bom pegar um livro que tem a capacidade de nos mudar.


site: www.delivroemlivro.com.br
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Mara 20/01/2013

Excelente leitura! O livro tem mais de 600 páginas (ok, são quadrinhos) e li em 12 horas!.
Super recomendo. Apaixonei-me!
O meu chegará em 3 dias!!!
\o/
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FranzEscritor 09/10/2016

Uma obra-prima por excelência.
Eu sempre desconfio das palavras elogiosas das contra-capas ou abas internas dos livros. O mesmo princípio eu aplico aos pôsteres de filmes e às capas de Histórias em Quadrinhos.
Mas há ocasiões em que o instinto clama e não nego tal chamado. Uma dessas ocasiões ocorreu recentemente comigo ao entrar em uma livraria e me deparara com a obra "Habibi", de Craig Thompson. Eu folheei rapidamente suas páginas e comprei sem maiores referências. Cometi o que alguns chamam de "tiro no escuro", o que implica em afirmar que uma atitude foi tomada sem conhecimento da causa. Ok, eu atirei no escuro, mas acertei o alvo entre os olhos.
Habibi é a mais recente obra do autor de Retalhos. Contudo, ser um novo trabalho de um autor premiado, volto a reforçar, pouco quer dizer, pois uma obra-prima não é garantia de outra na sequência, principalmente com as pressões do mercado editorial para a entrega rápida de novos trabalhos após um sucesso de vendas.
Esta Graphic Novel, entretanto, foge à regra. Primeiro, o tempo para produção e disponibilização do mercado foi muito grande. Passaram-se longos 8 anos até a finalização e disponibilização da obra no mercado. Crai produziu o que pode ser considerada sua obra máxima em uma reação ao processo de rejeição (fobia) aos islâmicos. Por ser uma cultura pouco conhecida e em constante processo de degradação por parte das mídias ocidentais, Craig Thompson optou por criar um verdadeiro conto de fadas sobre a cultura e o comportamento das pessoas em um país tipicamente islâmico. Mas não se deixem enganar: Habibi é um conto de fadas como os antigos foram. Há força, impacto e verdade nos desenhos e palavras da Graphic Novel. Tudo cativa e impressiona... desde os desenhos estilizados (bem similares aos dos livros árabes antigos, plenos de formas geométricas belíssimas) até o uso da caligrafia.
A história se passa nas proximidades da cidade de Vanatólia (creio que seja uma alusão a Anatólia, no oeste da Ásia - Turquia) e mostra a relação de duas crianças que desde muito cedo são obrigadas a viver uma dura realidade. De um lado, uma menina que é vendida por causa da fome e desemprego que assolam sua família. Do outro lado, um menininho que é feito escravo junto com sua mãe. Com o tempo, os dois são unidos pelo destino e por muitas situações tristes e dolorosas. Juntos, eles passam a viver do amor de um pelo outro, mas um amor puro, capaz de superar as sequelas que só a vida e suas surpresas podem trazer.
São 672 páginas de arte em estado puro. Ilustrações belas, detalhadas e, ao mesmo tempo, simples na mensagem que passam. Não há excessos, apesar do refinamento da produção. O que vemos desde a primeira página é um fenômeno. A combinação de roteiro, letras, desenhos e, principalmente, um recado para um mundo cada vez mais crítico quanto aos islâmicos torna "Habibi" uma pérola de valor inestimável.
Craig Thompson precisou de uma grande lacuna para transformar idéias em arte, porém é fácil afirmar que cada segundo de espera valeu a pena.
Lendo "Habibi", tenho plena certeza que as ideias sobre os muçulmanos irão mudar muito. Sim, eles tem muitas e gritantes diferenças de comportamento e religiosidade em relação aos ocidentais. Também tem um trato diferente com as mulheres e, muitas vezes, podem ser vistos por nós como radicais. Todavia, uma coisa teremos certeza: são pessoas como nós, diferenciadas por uma religião, que sofrem com a fome, as intempéries, a pobreza e a desigualdade social. Não há muitas diferenças básicas quando comparamos as duas realidades das vidas dos orientais e ocidentais. Compreendê-los é muito melhor que odiá-los, valendo-se de estereótipos que não são a expressão da verdade, mas a personificação de um rancor e um ódio que não precisam ser propagados.
Thompson mesclou passagens do Corão com o livro das Mil e Uma Noites, além de acrescentar a essa fórmula um pouco da realidade de muitos países muçulmanos. A intenção da obra não é estimular uma admiração inquestionável pelo povo islâmico. A intenção da obra é estimular nossa vontade em conhecer um pouco mais da história de um povo guerreiro, trabalhador e unido. Muito dessa admiração nós passamos a ter quando conhecemos melhor a dupla protagonista da obra: Cam e Dodola.
Com um conteúdo político e emocional muito grande, "Habibi" é certamente a melhor surpresa de 2012, uma verdadeira benção para um povo que é perseguido e desprezado por uma grande parte da população ocidental, principalmente após os mais recentes ataques terroristas.
Lendo "Habibi", aprendi que é possível nutrir esperança em um futuro, qualquer que seja sua nacionalidade, fé ou cor da pele. Craig provou o quanto é difícil produzir uma arte tão complexa, porém é inegável que o resultado superou todas as expectativas. Cam e Dodola irão flutuar em minha mente e alma como exemplos de superação, fé e amor. Eles são carismáticos, erram e buscam por esperança, assim como nós o fazemos. Eles são assustadoramente reais, assim como todas as barreiras e sofrimentos que os atingem até o fim da obra.
Leia e saiba que as barreiras usadas para transformar pessoas em monstros podem ser diminuídas. Não importa qual seja a cor da pele, o credo ou o sexo. O que basta é termos união e amor pelo próximo, pois por trás de cada ser humano há uma história... nem sempre tão bonita, mas sempre real. Craig contou não só as histórias de um menino que vira homem e de uma menina que se torna mulher e guerreira, ele comprovou que a união e a dedicação a quem amamos pode mudar o mundo.
Um detalhe muito importante e que mostra o zelo do autor está nas ilustrações do profeta Maomé sem o detalhamento da face, tal como preconiza a religião islâmica. Perfeito.
Ah! Lembram-se que no início eu disse não valorizar as notas e elogios que constam no livro? Bem, esse merece ter sua apresentação lançada aqui:

“Destinado a se tornar um clássico instantâneo.” - The Independent

“Cortante. Habibi é um enorme feito de pesquisa, cuidado e tinta preta, e um lembrete de que todos os ‘povos do livro’, apesar das diferenças, dividem um mosaico de histórias.” - Zadie Smith, Harper’s Magazine

“Thompson é o Charles Dickens do quadrinho. Habibi é uma obra-prima única.” - Elle

“Uma história maravilhosa e cativante, mas também indescritível neste curto espaço, pois dentro dela há ainda milhares de outras histórias. É como uma caixa de joias à qual você retornará de novo e de novo.” - The Guardian


site: www.apogeudoabismo.xyz
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Cilmara Lopes 13/11/2016

Um talento inconfundível!
Um trabalho lindo, primoroso e significativo!
Dodola e Zam, são duas crianças escravas que acabam unidas pelo destino e também separadas pelo mesmo.
Um enredo envolvente, com muita aventura, contos, arte de primeira, é uma grafic novel rica!
Assim como em "Retalhos", aqui em "Habibi" Craig Thompson fala do amor, religião, vida e principalmente sobre aprendizado. Ele utiliza o "Corão" e o livro "Mil e Uma Noites" para embasar praticamente todo o roteiro, tem tantas experiências relatadas que é impossível ler somente uma vez.
O peso da verdade, da realidade, a maldade da humanidade, sentimos o sofrimento dos personagens, pouquíssimos autores conseguem passar isso.
Uma leitura memorável e importante para a categoria não só de grafic novel, mas da literatura! Uma obra completa!
Vale mais do que á pena ler! Principalmente atualmente, onde se discute muito sobre o Islamismo, o quadrinho adentra na cultura por trás da crença dos fiéis. Faça valer os 7 anos de pesquisa de Thompson, garanto que reterá mais conhecimento do que em muitos livros de história.
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IGuittis 25/01/2017

Tristeza e força
Essa HQ traz uma história muito forte, de escravidão, abandono, abuso, maldade. Acompanhamos a personagem principal a Dodola, que quando criança é vendida para o pai para casar. Ela acaba perdendo o marido e vai parar em uma mercado de escravos. Nesse mercado ela encontra esse garoto o Cam (Zam) que está ali chorando sem ninguém ligar. Ela pega ele para cuidar dizendo que eles são irmãos. Eles fogem e vão morar no deserto. A partir daí nós temos o desenrolar da história do que a Dodola fazia para conseguir comida com as caravanas e o comp o Cam reage quando descobre. Muitas histórias se ligam a partir daí. Toda a história é interligada com passagens do Corão, e isso foi feito perfeitamente bem, de um modo que não ficou confuso para quem lê.
Recomendo demais a leitura, apesar da HQ ser enorme, a leitura flui muito rapidamente.
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Susi 24/03/2024

Se esse livro pudesse ser resumido em apenas uma frase, seria "a palavra tem poder". Habibi conta a história de Dodola, uma jovem de 12 anos tentando fugir da escravidão após ver seu marido ser morto na sua frente. Na fuga em busca da liberdade, Dodola encontra Cam - ou zam, como foi rebatizado - e toma para si a responsabilidade de manter essa pequena criança de três anos segura em um mundo extremamente cruel. Habibi é uma história sobre sofrimento, mas acima de tudo, é uma história sobre o amor.
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