gleicepcouto 11/06/2014Há tanto para falar sobre esse livro, que tenho receio de não conseguir dar conta. Até porque, na minha mente, seria leviano chegar aqui e destrinchar uma lista de itens negativos, quando na verdade, todos sabem que não gosto de literatura erótica.
Quando escolhi esse livro para ler uma série hot levei em consideração que tinha uma temática sobrenatural - que gosto, e assim poderia me ajudar a encarar o livro. No início, tive muita resistência. Quem me acompanha no twitter, pôde conferir. Estava analisando o livro justamente sob a ótica do que eu não gosto no gênero. Até cogitei a ideia de abandoná-lo.
Vi, porém, que eu estava fazendo errado. Pensei que estava sendo mente aberta, mas sequer tinha dado uma chance ao livro. Foi então que mudei de postura. E não vou dizer que tudo foi às mil maravilhas, claro que não. Mas, ao menos, consegui tirar proveito das coisas boas que encontrei no livro e revirar os olhos de vergonha alheia nas cafonices. Quer dizer, aproveitei a leitura domando os meus preconceitos.
Logo no início, há um glossário com informações sobre os seres que vamos encontrar na história. Gostei disso, pois como só conheço o básico, nomes como "licanos" e outros faziam pouco sentido para mim. Então, não boiei tanto no enredo que, sim é bem amarrado e com um grau mediano de complexidade. Não é nada excepcional, pois utiliza recursos que já vi em outras ocasiões, mas considerei bacana e me prendeu. Queria entender o que realmente estava acontecendo por detrás daquela trama.
A narrativa de Sylvia é simples e sem muitas surpresas, mas cumpre bem o seu papel. É tudo muito direto e sem espaço para desdobramentos mais profundos. Mas não é isso que esperamos de um livro do tipo, não é mesmo? Só o fato da autora conseguir contar a sua história de modo razoável está bom. Já me deparei com estruturas narrativas piores.
Não dá para pedir muito das personagens também, mas não achei nada tão discrepante em suas personalidades. Há um motivo para Adrian manter a aparência fria e controlada, para Lindsay ser independente, para Elijah ser um Alpha mas não curtir essa ideia. Essa última personagem, aliás, achei a mais interessante e gostei de saber que é melhor abordada na sequência. Ah, é uma duologia. Não tinha falado, né? Pois é. Mas acredito que a combinação sobrenatural + hot hoje em dia até dispense que eu diga isso. 90% é série mesmo.
Voltando às personagens. O que me deu nos nervos em alguns momentos foi o fato de Lindsay se mostrar inconstante. Ela muda de ideia na mesma proporção que fica "doida" ao ver Adrian. Ou seja, sempre. Praticamente, a cada parágrafo. Ok, entendo a indecisão dela, o dilema, mas gente. Ou dá (opa!) ou desce. Ela sabia onde estava se metendo (opa! opa!) e aí fica de doce. #pelamor. O modo como ela é apresentada na trama me incomodou demais também. Na primeira cena em que surge, a mulher parece uma ninfomaníaca descontrolada em um surto de cio quando vê pela primeira vez o Adrian. O ventre de Lindsay se contrai, seus seios incham e as descrições descem ladeira abaixo com um simples olhar do cara. Gente, desse jeito nem precisa de contato físico para fazer sexo. Não dá pra levar à sério. Eu caio na gargalhada, quando acredito que o objetivo da autora não devia ser esse.
E é exatamente isso que me faz brochar nos livros eróticos. Grande parte das pessoas confunde erotismo com cafonices explícitas. Um simples beijo pode ser erótico, basta saber narrar. Não precisa dizer que a língua invadiu a boca de fulano e lá fez voltas e trançou e puxou e mordeu e tirou sangue e quase dançou kan-kan também. Não há necessidade de se dizer que não-sei-o-quê tá firme como poste de luz, que a paradinha tá molhada e escorregadia como um tobogã e outras metáforas esquisitas. Menos é mais. Sexo faz parte da vida, mas o que a autora apresenta é fantasia pura com orgasmos múltiplos e simultâneos, e pessoas praticamente acrobatas.
Aí, as pessoas podem dizer, "Ah, mas isso é um livro erótico. Espera o quê?" Eu respondo: "Espero não rir desenfreadamente de uma cena de sexo.". Sinceramente, não acho que é pedir muito, já que o livro é hot e não de humor.
Mas, se deixarmos de lado todo o circo que Sylvia transformou o sexo, dá para curtir a história sobrenatural que ela criou. E é por isso que pretendo ler a continuação da série, mas já sabendo o que me aguarda: sexo-humorístico.
Sylvia Day é uma escritora norte-americana, best-seller internacional, que tem seus livros traduzidos para mais de 41 línguas. Ela já foi capa de diversas revistas importantes (Time, People, Cosmopolitan) e sua série de maior destaque é Crossfire (no Brasil, já foram publicados os 3 livros da trilogia pela editora Paralela), que vendeu 6 milhões de cópias ao redor do mundo e teve os direitos de adaptação vendidos para um canal de TV.
Obs: Tentei fazer com que a resenha ficasse em um nível de censura livre, rs. Espero ter conseguido. ^.^
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