spoiler visualizarpavezijoao 25/07/2021
Simples, mas com ótimo conteúdo!
Tratando de uma família moradora de favela na época do Estado Novo, a peça, com sua linguagem coloquial e personagens únicos, rodeia uma grave de operários exigindo maior salário, a motivadora do conflito da trama. Seu Otávio, patriarca da família, leitor de Luiz Carlos Prestes e organizador de greves, vê-a como a principal forma do proletário melhorar suas condições e superar a exploração do patrão, sendo a solidariedade e união unânime entre os operários essenciais.
Tião, filho mais velho que morou na cidade como empregado dos parentes em um período de cárcere de Otávio, dá preferência a seus interesses particulares. Recém-noivado e com um filho pra nascer, a preocupação pessoal em manter a subsistência de seus futuros mulher e filho é maior do que o senso pelo coletivo tão significativo e presente na favela e, é claro, em sua família. Tião almeja subir na vida, sair da favela e sentir-se "alguém", até mesmo mentindo sobre uma proposta para ator de cinema que nunca recebeu.
Quando Tião fura a greve, que acaba por ser um sucesso devido ao papel de Otávio, ele trai a solidariedade de todos: sua família, seus amigos operários e, mais importante, toda a favela. Desprezado até mesmo por Maria, sua noiva, que ama a favela e seus habitantes, não pretendendo acompanhá-lo em seu exílio, Tião vai embora (seu pai diz: "Enxergando melhó a vida, ele volta").
A peça acaba com a revelação que Jurêncio, criador do samba "Nós não usa Black-tie" na história, teve o próprio roubado e tocado na rádio, sem qualquer crédito dado a ele.
Obs: a Romana, matriarca da família, tem os melhores diálogos, sempre falando tudo o que pensa de forma extremamente realista e sem rodeios, divertidíssima!