Caverna 19/01/2018
Malu Rocha é uma autora nacional bem sucedida marcada por suas obras repletas de romance. Malu mora sozinha e possui uma rotina da qual gosta muito. De manhã, sai para pedalar e se exercitar e também visita o avô que mora num asilo e é o seu parente mais próximo. Depois, ao chegar em casa, prepara um belo almoço saudável e vai colocar os dedos e as idéias para trabalhar. Rebeca, sua assistente, é responsável por agendar os eventos, além de ser uma grande fã de Malu (e bem desorganizada), de forma que Malu deixa a parte administrativa nas mãos da garota e dedica todo o tempo livre na nova história que está perto de concluir.
Na história de Malu, o “mocinho” se chama Luiz Otávio e é extremamente apaixonante. Malu vem travando uma batalha interna complexa quanto ao final, se deveria promover algo mais realista aos seus leitores ao invés do clichê romântico de sempre, mas seus pensamentos são atrapalhados quando a campainha toca e ela se depara com um homem em sua porta. Um homem que diz ser Luiz Otávio.
Apesar da coincidência gigantesca quanto ao nome, o que mais a choca é o que Luiz lhe conta: Ele sofrera um acidente de taxi e perdera a memória. Seus documentos se perderam na água onde o carro caiu, o motorista falecera e a única informação que havia consigo era um papel dizendo que ele deveria se encontrar com Malu. E agora lá estava ele, parado na porta e olhando-a esperançoso como se ela tivesse a resposta para o mistério, mas infelizmente Malu não tinha. Ela não sabia quem ele era, tampouco ouvira seu nome antes. Graças a desorganização de Rebeca, a assistente havia perdido o e-mail no qual se comunicara com Luiz, e não se lembrava também do motivo para sua visita.
Malu lamenta e diz a Luiz que caso consiga novas informações, irá avisá-lo. No entanto, Luiz não tem dinheiro nem onde ficar, e não demora para que Malu abaixe a guarda e arranje serviços dentro de casa para que ele tenha uma desculpa para ficar por lá enquanto não recupera a memória, por mais que a atitude vá contra tudo o que Malu acredita.
Aos poucos, Malu e Luiz vão se aproximando e passando a conhecer um ao outro. Malu se vê desejando que Luiz não vá embora, e os sentimentos de Luiz por ela vão muito além de gratidão.
Será que existia a chance de Malu e Luiz terem um futuro juntos? O que a mente de Luiz poderia estar escondendo dele? Uma família com esposa e filhos a sua espera? E Malu, estaria disposta a destruir os muros que construiu ao redor de si depois de uma grande decepção, e se permitir a acreditar e, principalmente, amar novamente?
Pra começo de conversa, desejei esse livro por um longo tempo, e nós leitores sabemos onde nossa expectativa vai parar nesses casos. Portanto, quando peguei o livro e me deparei com uma protagonista arrogante, metida e, diga-se de passagem, insuportável, eu me decepcionei bastante. A forma como ela trata Rebeca é repugnante, como se ela fosse obrigada a aturar a menina, sendo que apesar de seu jeito desastrado, ela faz de tudo para agradar a autora. Sim, Malu tem um segredo. Sim, ela guarda mágoas que a fizeram se fechar para o mundo, mas isso não é justificativa para tratar os outros mal, muito menos a assistente que passa o livro inteiro se esforçando. Me irritou sim e muito. Também não me importa se no final ela mudou. Se não fosse por Luiz mostrando a ela como o amor pode ser real e bonito, ela ainda estaria sendo carrasca com a coitada da assistente que nada tinha a ver com as suas dores do passado. A impressão que me passou é que precisamos do príncipe encantado vindo de cavalo para nos concertar, e não é assim que funciona.
O mais irônico é que na história que Malu está escrevendo, ela frisa o fato de que a protagonista é independente e pode ter um “final feliz” sozinha. Como você defende uma coisa se age de modo totalmente oposto?
Aliás, Malu e Luiz são completos opostos. Ele o bondoso, que via inocência em tudo, e já ela só enxergava o lado negativo das coisas. O básico “os opostos se atraem”.
Apesar das críticas, eu gostei muito do rumo da história e de como as situações foram se encaixando. O amor foi convincente, a ambientação construída de forma magnífica, e tudo graças à escrita da Samanta. Que escrita deliciosa!! Objetiva, sensível e inspiradora, tornando a leitura rápida e extremamente fluida.
Como Malu é escritora, é muito fácil nos aproximarmos de seu processo de escrita. Suas reflexões quanto a criação da personalidade dos personagens, das cenas e do dilema do fim são partes que nos dá vontade de puxar uma cadeira, sentar do seu lado e debater junto.
Acabei marcando vários quotes por conta disso e marcaria mais até. Sempre pensei como ela com relação aos finais felizes. Não seria iludir o leitor terminar o livro com o casal junto? A vida real nem sempre é assim. E aí o leitor fecha o livro, olha ao redor e pensa: e agora? Mas por outro lado, porque ficaríamos felizes lendo mais do mesmo que vivemos diariamente? Livros são feitos para sonharmos, afinal de contas.
Enfim, falei que dá vontade de sentar e debater hahaha poderia passar horas falando sobre isso, mas por enquanto, digo que Samanta é uma autora extremamente talentosa, e com certeza vocês irão querer deixar o amor entrar depois de acompanhar a jornada de Malu e Luiz! Além de te ajudar a ser fitness, porque o tanto de comida light que Malu prepara é incentivador HAHAH.
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