Beca 04/02/2024
Cada capítulo desse livro gera angústia no leitor, que se apega a esses meninos homens, imersos em uma vida de miséria e de violência, obrigados a crescer rápido demais por um mundo que os deixou na mão. A violência aqui é uma constante, inclusive reproduzida pelos próprios meninos, especialmente pelo Sem-Pernas. O Sem-Pernas é um dos personagens com mais camadas no livro. O capítulo "Família", do qual ele é o personagem central, me dilacerou, assim como o fim desse trágico personagem.
Com a Bahia de todos os santos como pano de fundo, essa obra-prima da literatura brasileira ainda é tão atual e universal quanto fora na sua publicação. Crianças invisíveis estão em situação de rua em todo o mundo, expressando, assim, a miséria intrínseca à sociedade capitalista. Cuja verdadeira solução, como descobriria nosso anti-herói Pedro Bala, só poderia se dar por meio de uma mudança profunda na realidade social desde sua raiz.