Morgana 07/02/2021
Nunca trema, Nunca tema e Nunca... ops a Mia esqueceu
Em primeiro lugar quero dizer que não achei o livro de todo chato, eu continuei gostando das cenas de ação (destaque para a cena da Mia e o Rei dos Piratas, de longe a melhor desse livro), da mitologia, do sarcasmo; e diferente dos outros livros eu me senti muito fisgada pelo começo desse, que foi o melhor inicio dos três (uma pena que isso mudou conforme o desenvolvimento). O livro também deu destaque, mínimo, para alguns personagens bem interessantes como Cal, Adonai e o Aelius, e eu gostei de finalmente ver a Mia explorado toda a extensão de seus poderes de Sombria (finalmente!).
Os problemas porém começaram com a descaracterização dos personagens que eu aprendi a gostar, o Tric, apesar de ter um motivo minimamente plausível pra sua mudança, e de ser o meu favorito dos três, ficou lá jogado o tempo todo, nem sei porque o autor ressuscitou ele. A Ash foi reduzida a seguir a Mia por todo canto e ser uma namorada bonita e possessiva, com ações incongruentes, afinal ela reclamava que o Tric não perdoava ela por ter assassinado ele. Amada você tá bem? Ninguém em sã consciência perdoa alguém que esfaqueou ela. Quanto a Mia, bem, em primeiro lugar no livro um é dito que ela não é uma heroína, que ela só se importa com sua vingança, que não liga pra ninguém e é diferente de tudo que você já viu, e eu achava ela uma protagonista genérica desde o primeiro livro, mas nesse livro adivinhem só, a menina virou uma heroína que é responsável por salvar o mundo e do nada começou a amar todo mundo, e sabe o lema dela de "Nunca trema, nunca tema e nunca, jamais, esqueça"? Pois ela simplesmente enfiou ele no ** e esqueceu que a Ashlinn ASSASSINOU o primeiro garoto que ela amou. Bem seletiva com as pessoas que ela decide se vingar neh? E apesar de a Ash ser uma das personagens que eu mais gostei no primeiro livro, eu não consegui sentir o amor entre ela e a Mia que o autor insistia que existia, na verdade todo o relacionamento delas pareceu puramente sexual, e pelo menos pra mim o autor descreveu as cenas de sexo entre elas de forma horrível, que parecia servir apenas pra materializar fetiches, vale ressaltar que o drama de triangulo amoroso ocupou paginas e paginas, deixando tudo mais lento, e mesmo assim foi mal desenvolvido. E sabe toda a evolução que a protagonista teve ao longo de dois livros? Então foi tudo pro lixo, porque aqui a Mia volta a ser impulsiva e as atitudes dela tem pouquíssimo ou nenhum planejamento, na verdade parece que ela regrediu, porque está ainda pior do que no primeiro livro.
Outro ponto que me decepcionou foi que basicamente a Mia se tornou invencível, antes mesmo até de atingir seu potencial máximo, as coisas se resolviam fácil demais, convenientes demais, o autor gastou tanto tempo levando os personagens de um lugar a outro, narrando cenas de sexo e drama adolescente que faltou dedicação em como a Mia resolve os grandes problemas.
O fim, não me surpreendeu em quase nada, também não achei que foi a cena épica de luta que poderia ser, e acima de tudo, dado ao tom que o autor dizia ter a narrativa, eu esperava um final agridoce, mas no fim foi mais feliz e clichê que o final de crepúsculo.
Resumindo minha experiência com a trilogia: todos os livros tiveram coisas que eu gostei e coisas que me irritaram, mas no ultimo as coisas que me irritaram superaram as coisas boas. Não acho de forma alguma que essa é uma fantasia adulta, já que os problemas e soluções pra eles são todos bem YA, não acho a protagonista "única", 7 a cada dez livros de fantasia tem uma protagonista bem parecida com a Mia, na verdade eu acho que mesmo o enredo em si é bem comum, essa jornada de vingança e personagem anti-herói tá bem batida hoje em dia. Não gostei do rumo que o autor deu pra historia, e não gostei de como ele narrou isso. Fica obvio que o livro é escrito por um homem cis (não de forma boa). Não me arrependo de ter lido, porque como disse antes todos os livros tiveram coisas que gostei, mas vou pensar cem vezes antes de pegar outra coisa do autor pra ler.