Pri | @biblio.faga 23/09/2020
O livro de estreia de Taiye Selasi oferece muito, mas também exige do seu leitor. Sua escrita poética e diferenciada demanda comprometimento, atenção e, sobretudo, coração.
Você está pronto para essa experiência? (:
Podendo ser considerado uma obra semiautobiográfica, o romance vai além de um compilado de dramas familiares do patriarca Kweku Sai, sua ex-mulher Folasadé Savage, e seus quatros filhos: Olu, Kehinde, Taiwo, Sadie.
A obra debate temas relevantes, atuais e universais como o afropolitanismo, termo inclusive cunhado pela autora, que bem demonstra a vivência e dúvidas de inúmeros imigrantes africanos com relação ao seu pertencimento a está ou àquela terra e, principalmente, quanto a cultura a ser adotada.
Laços familiares, abandono [material e afetivo], imigração, desigualdade, racismo, identidade, raízes, padrões de beleza, inadequação, consequências, traumas, passado, futuro e o peso das escolhas e das memórias são outras das inúmeras temáticas (muito bem!) exploradas em “Adeus, Gana”.
Selasi mostra ao que veio e entrega um livro tão complexo, quanto maravilhoso. Seu domínio das palavras é patente, a emoção transmitida em cada folha é palpável, tocante e inebriante. Você consegue sentir a pessoalidade e a sinceridade na escrita da autora.
Embora o enredo seja marcado por um tom majoritariamente triste e até mesmo pesado, a obra também carrega um otimismo reconfortante.
Baseada em sua própria experiência, a escritora demonstra a possibilidade de perdão; da construção de uma família estendida, misturada, quebrada e emendada, forjada por divórcios e não casamentos.
Leitura mais do que recomenda, necessária em tempos tão difíceis e pesados.
site: https://www.instagram.com/biblio.faga/