Maria Gabriela 02/10/2021
Envolvente e surpreendente
"M ou N?" é uma das obras de investigação policial e suspense criminal mais bem elaboradas pela grandiosa e célebre Agatha Christie. Assim como em "Convite para um homicídio" e diversas obras dela, não consegui largar o livro em momento algum, completamente angustiada em saber quem era o vil espião e quais eram suas intenções ao desenterrar tantos pontos de um passado sombrio.
Somos apresentados ao casal de espiões Tommy e Tuppence Beresford, que se veem em meio às conspirações da Segunda Guerra Mundial e são enviados ao hotel San Souci, para descobrir as identidades de dois espiões infiltrados. O casal se encontra em sua meia-idade, com os filhos já tomando rumo na vida e vendo-se completamente sozinhos agora que não estão mais na ativa. Para quem está mais acostumado com os casos pitorescos e os minuciosos quebra-cabeças que a autora emprega em suas obras, aviso que o ritmo aqui é um pouco diferente: o casal Beresford trabalha quase igualmente nos mesmos parâmetros de Hercule Poirot e Miss Marple, ambos famosos detetives dos contos de Agatha, mas apresenta muitos pontos interessantes que me cativaram.
Por serem um casal de espiões, é óbvio que eles terão cartas na manga e disfarces preparados. E eles têm, como têm! Às vezes em que um se camuflava na multidão para não ser detectado me deixava angustiada, com o pensamento de "eles irão desvendar esse mistério agora! Não há como ninguém descobrir suas identidades". A pegada da obra é mais de espionagem, com mais ação e menos complexidade no desfecho da trama. É bem diferenciada e admito que me interessei bastante quando li, sendo que eu própria não sou muito fã de obras literárias e cinematográficas que abordam o mundo dos espiões.
Como é um livro curto, comparado aos demais livros publicados por Agatha, confesso que não consegui degustar das pistas por serem apresentadas de forma rápida e repentina, como se os personagens falassem do tempo, entretanto, tive momentos de prazer e surpresa quando ambos apontavam o óbvio e eu ficava "certo, estava na cara e mesmo assim eu não vi". A história caminha rapidamente para o seu desfecho, sem demais enrolações ou shows de revelação como Poirot e Marple amam fazer. É curtinho e simples, mas que maravilha quem gostaria de ler mais sobre espiões.