Priscilla 17/07/2020
É uma leitura um pouco mais complexa, rebuscada, com trechos em francês, escrita por um prisioneiro, pedófilo, porém extremamente culto (lembrando que o livro é a história do protagonista com sua Lolita, contada por ele mesmo). Nesse quesito, é uma obra-prima.
Já o conteúdo do livro, a história em si também não facilita a leitura, não deixa ela leve e rápida, já que narra um caso de pedofilia sim, e não um romance sendo contado por um cara incompreendido!!
Não tem como defender que Humbert foi seduzido por Lolita, que era realmente apaixonado por ela, e que isso justificava suas atitudes. Ela era uma criança de 12 anos, que tinha acabado de ficar órfã, e que queria viver a vida, ter amigos, sair com eles, fazer teatro e outras atividades normais com crianças da sua idade, e a todo momento o padrasto usa isso tudo para manipulá-la e conseguir o que ele quer dela, o que é nojento!
Após minha leitura, li muitos comentários, resenhas sobre o livro, e vi que muita gente sentiu pena de Humbert em algum momento da história (pois o autor escreve para que isso aconteça mesmo, mas sem mascarar que aquilo era pedofilia e ponto). Mas eu não! Esse sentimento não veio a mim, eu só queria que alguém percebesse aquilo tudo e tomasse providências.
Em contrapartida, em algumas partes critiquei algumas atitudes de Lolita sim, mas algumas páginas depois, percebi que aquilo que critiquei talvez tenha sido escrito para me manipular, e não condizia com a realidade (pelo menos não daquela maneira). Afinal, temos que lembrar que toda a história é contada através do ponto de vista exclusivamente do pedófilo, e é na verdade, a leitura de uma carta que ele escreveu com a intenção de apresentar ao Grande Júri em seu julgamento. Quem não iria querer ser liberto, não é?
Aconselho a leitura, mas alerto que ela pode ter gatilho para algumas pessoas. E desaconselho a leitura para quem vá achar que é uma linda história de amor, e que na verdade o Humbert é o coitado manipulado. Ele é um pedófilo, abusador, nojento!!!