Manassés Vieira 25/01/2024
O Grande final da saga
Com um impostor se passando por Aslam e escravizando os narnianos em prol dos interesses calormanos, Nárnia se aproxima do fim. Tudo parece ter uma esperança de mudança quando, desesperado pela verdade, o rei Tirian implora ao verdadeiro Aslam por ajuda, fazendo com que Jill e Eustáquio retornem para uma última batalha.
Acompanhar Nárnia ao longo dos anos foi uma experiência interessante. Conheci a saga através dos filmes, dos quais eu gostei muito durante a minha infância. Eram fantasias incríveis que me deixavam fascinado. Com o passar do tempo, conheci os livros e tive minha primeira decepção com a saga.
Com uma escrita um tanto quanto pobre, percebi que os filmes de Nárnia que eu havia assistido eram bem mais empolgantes que os livros. Porém, alguns livros que ainda não haviam sido adaptados eram bem interessantes, mas até certo ponto. A escrita ainda precisava de algo a mais para que a história se tornasse boa ou interessante, o que me fez ir largando os livros com o avançar da história.
Quando retornei ao universo do leão, um pouco mais velho, percebi algo que ainda não tinha percebido na primeira tentativa de leitura que realizei quando mais novo: a famigerada moral cristã por trás dos livros. Essa moral cristã me incomodou durante toda a leitura após ter percebido ela (e pude até mesmo sacar a moral dos livros que já havia lido quando mais novo), pois diversos diálogos parecem mais um sermão do que uma conversa entre as personagens.
Nesse último livro, o autor faz um paralelo com os falsos profetas citados na bíblia, ou até mesmo com o próprio anticristo. O que mais gostei, é que consegui fazer uma ponte, através dos acontecimentos do livro, com a forma como a religião serve para manipular massas de manobra, isso fica MUITO claro ao longo da narrativa, a forma como pessoas mal intencionadas utilizam do nome de um deus para enganar os mais religosos.
Achei preocupante alguns acontecimentos do livro, como eles se disfarçando de calormanos para não serem reconhecidos - o que pra mim soou bastante como blackface e que me preocupou bastante a forma como isso será adaptado nos filmes da netflix (o que me deixa mais tranquilo é saber que a Greta está na produção e provavelmente vai tirar essas coisas tortas).
Gostei bastante do deus Tash, achei muito interessante sua aparencia e sua construção como vilão e via muito potêncial, que infelizmente foi desperdiçado. Apareceu em poucas páginas, fez poucas coisas e, no fim, não houve sequer uma grande batalha contra a personificação do mal - o que deixa a brecha para entendermos que o enquanto houver o bem, o mal também existirá para manter o equilíbrio.
Adorei rever alguns personagens dos livros passados, mas não gostei do destino de uma personagem em específico. Entendi o paralelo que o autor fez com a cena final, mas acredito que essa ideia já ficou batida nos dias de hoje... Mas não foi de um todo ruim, não.
Enfim, creio que cada um deve tirar suas próprias conclusões e criar sua própria experiência com o livro. A parte fantasiosa é muito interessante, o que me fez não detestar todos os livros, pois adorei ver a mente brilhante do autor, mas acredito que a leitura dos livros de Nárnia passam longe de uma leitura de fantasia épica. Para quem não se importar com a moral cristã por trás das histórias, provavelmente vai gostar da saga.