debtenorioo 31/01/2024
Grande obra!!
É uma peça teatral, do gênero comédia, de Ariano Suassuna, que foi inspirada na obra "Aulularia", de Plauto. Mas que mantém sua singularidade, representando a cultura nordestina. A história é muito bem ambientada e nos transporta para o cenário em que se passa, se tornando palpável para o leitor. A peça se divide em três atos, o primeiro é a apresentação, o segundo é o desenvolvimento e a complicação dos acontecimentos, e o terceiro é o ápice da narrativa.
A peça conta a história de Eurico Arábe, ou Euricão Engole-Cobra, como também é chamado. Que, certo dia, recebe uma carta de Eudoro Vicente, informando-lhe que tomaria posse de seu bem mais precioso. Euricão logo conclui que ele deseja pedir dinheiro emprestado, supondo que Eudoro sabe de sua porca de madeira cheia de dinheiro, e se desespera, apelando a Santo Antônio. Aqui, Ariano retrata a avareza o apego aos bens materiais, pois essa porca é, para Eudoro, a sua existência. Também demonstra o conflito entre o santo e a porca que Eurico vivência, em que o santo é a esperança e a fé, e a porca é a base e a segurança para a velhice.
Além disso, o autor representa a diferença de classes sociais. Eudoro é um homem muito rico, Euricão possui dinheiro, e Carola é a classe trabalhadora, que sofre injustiças por causa do apego de Eurico, não recebendo pelo seu trabalho. Ao ler essa carta, Carola, sabida e engenhosa como é, percebe que Eudoro não vem pedir dinheiro emprestado, e sim propor casamento a Margarida, filha de Eurico, então faz um plano para casar Eudoro com donata, irmã do protagonista, e Margarida com Dodó, filho de Eudoro, para que assim possa receber seu ordenhado, e então casar-se com Pinhão.
O final da peça se dá, com a solidão de Eurico, depois de perder a filha e a irmã, e ao abrir a porca, vê que o dinheiro não vale mais nada. Então ele se sente morto e desgraçado. Sozinho, se vê num impasse, um absurdo, cuja única saída é Deus. Ao perceber, Eurico se volta ao Santo, do qual se distanciou por causa do apego ao dinheiro.
Ariano fala de sua própria obra no início do livro, em suas palavras: "O santo e a porca representa a traição que a vida, de uma certa forma ou de outra, termina fazendo a todos nós. A vida é uma traição, uma traição contínua. Traição dos acontecimentos a nós, dentro do absurdo de nossa condição, pois, de um ponto de vista meramente humano a morte, por exemplo, não só não tem sentido, como retira toda e qualquer possibilidade de sentido à vida."
Grande livro é esse que, com muito humor, nos faz refletir o que levamos dentro de nós como foco de nossas vidas.