Identidade

Identidade Nella Larsen
Nella Larsen




Resenhas - Identidade


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j.myaki 03/08/2023

Deveria ser mais conhecido
Esse livro é muito bem escrito. É impressionante como a Nella Larsen escreve personagens com tanta profundidade - eu consigo perfeitamente imaginar falar com eles -, desenvolve tão bem as dinâmicas entre eles e coloca tanta nuance não só nas discussões de raça, mas também gênero e classe (já que nenhum desses fatores existe isolado) em tão poucas páginas. A relação entre Irene e Clare é fascinante pelo "equilíbrio" (por falta de palavra melhor) com que é escrita - seja entre admiração e crítica, seja entre o conflito literal das personalidades e conflito das ideias que elas carregam. Não há certo ou errado no que elas fazem, considerando a crueldade do contexto. Minha única observação é que talvez eu gostaria de ter lido mais sobre o conflito final, as emoções que se passaram pela cabeça de Irene no momento, mas isso não sacrifica a qualidade da leitura. Recomendo demais!
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arthur966 29/07/2023

"num minuto, tenho certeza que aprendi o truque, e então no próximo, descubro que não sou capaz de desvendar nada, nem se minha vida dependesse disso".
"bem, não se preocupe. só de olhar, ninguém pode dizer".

o segundo capítulo da parte um é uma obra de arte.
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Mariana Dal Chico 27/07/2023

Eu não tinha conhecimento desse livro, “De passagem”, até que recebi um exemplar de cortesia da editora. Minha edição conta com a tradução de Floresta, apresentação de Bianca Santana e posfácio de Ruan Nunes Silva. Textos extras que são valiosos para contextualização sócio-político da época em que a obra foi escrita e publicada.

Nella Narsen foi uma escritora estadunidense que participou do movimento cultural da década de 20, conhecido como Renascimento do Harlem ou New Black Movement.

Irene e Clare são duas mulheres negras de pele clara que se conheceram na infância e se reencontraram em um hotel frequentado por brancos e, por causa das leis segregacionistas, elas não tinham o “direito” de estar ali.

A autora aborda bem a questão sobre “se passar” por outra pessoa é fruto apenas de omissão ou de quebra com sua ancestralidade e renúncia àquilo que se é. E como essas duas visões afetam a vida de mulheres de formas diferentes e suas consequências.

“[…] Já era suficiente, ela chorou, em silêncio, sofrer como mulher, como indivíduo, por si mesma, sem ter que sofrer também pela raça. Era uma brutalidade imerecida. […]” p.129

Uma leitura envolvente, que traz temas ainda relevantes para reflexão e que me deixou muito feliz de ter sido reeditada após tantos anos fora das prateleiras das livrarias.

site: https://www.instagram.com/p/CvM6taDrPNV/
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Isabela 22/07/2023

Poderia aquela mulher saber que diante dela estava uma negra
De Passagem foi um dos dois únicos romances publicados em vida pela escritora estadunidense Nella Larsen, considerada uma das representantes do movimento conhecido como Renascimento do Harlem - movimento cultural da comunidade negra na década de 1920 nos EUA, conhecido também como New Black Movement.
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Nesse livro acompanhamos a vida de duas mulheres negras vivendo em momentos e intensidades diferentes o hábito de "se passar" por brancas.
Irene e Clare são duas amigas de infância que, após mais de dez anos sem se verem, se esbarram um dia no hall de um hotel frequentado por pessoas brancas nos EUA das leis do Jim Crown.
De início, Irene se vê maravilhada por aquela mulher de beleza estonteante que não para de encará-la, chegando até a se preocupar e se divertir com a estupidez de pessoas brancas ao se perguntar se aquela mulher não reconhece que ali diante de seus olhos está uma mulher negra. Até o momento em que a estonteante mulher se aproxima e se revela ela também uma mulher negra.
A partir disso o livro, que é bem curtinho, narra a reaproximação das duas, com as constantes visitas de Clare ao bairro negro que fez parte de sua infância e o encontro de Irene com o branco marido de Clare, abertamente racista.
Irene descreve o tempo inteiro sua preocupação com as consequências para a vida de Clare caso seu marido descubra sua origem e verdadeira raça (anulações de casamento e linchamentos eram possibilidades), ao mesmo tempo em que vive em uma constante preocupação com seu próprio casamento e o marido que sonha em vir para o Brasil viver o sonho da harmonia entre as raças.
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Em um primeiro momento, a descrição do hábito de "se passar" pode causar estranhamento a leitores brasileiros onde raça é determinada pelo fenótipo e não pelo "sangue negro". No entanto, nesse ponto, de muito vale as leituras sobre colorismo e as possibilidades de ascensão que pessoas negras tem no Brasil de acordo com quão mais escura ou mais clara é sua pele.
Gostei bastante da leitura, já tinha visto essa questão da passabilidade superficialmente, mas o livro consegue abarcar todas as nuances disso.
Foi o primeiro livro da Nella que li e achei incrível sua escrita, cada frase muito bem elaborada, enredo amarradinho e os dilemas psicólogicos das personagens deu um tom especial a história, principalmente os pensamentos da Irene.
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Diane 27/06/2023

Uma leitura super interessante
Irene Redfield e Clare Kendry são duas mulheres negras com um ponto em comum: ambas podem se passar por brancas. Enquanto Irene tem uma vida desejável, casada com um médico, morando em uma casa confortável e organizando bailes de caridade, Clare vive no limite, casada com um racista e mantendo sua verdadeira essência em segredo. Um reencontro entre elas numa cafeteria em Chicago muda para sempre a dinâmica entre elas, suas famílias e comunidades. A medida que Clare passa a se envolver na vida de Irene, ela passa a enxergar novamente a energia da comunidade negra, e sua vontade de retomar sua essência acaba ameaçando a farsa que é a sua vida.

"(...) se um homem me chama de crioula, a culpa é dele da primeira vez, mas que passa a ser minha se ele tiver a oportunidade de fazer isso de novo."

Um livro bem curto, mas com uma intensidade gigante por trás de suas protagonistas. Duas mulheres negras que divergem completamente quando se trata de sua própria raça, Clare e Irene vivem realidades totalmente opostas. Enquanto uma tenta viver, mesmo que disfarçadamente, a sua realidade como mulher negra, a outra finge ser branca e vive com um marido totalmente racista. Elas assumem uma "Identidade" fantasiosa, receosas de se assumirem como são em uma sociedade tão preconceituosa. O único ponto que achei desnecessário foi a rivalidade criada entre elas, mas se tornou interessante para que pudéssemos perceber a dimensão de suas realidades. Apesar de ser um livro clássico, a temática ainda soa muito atual.
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Mari BT 23/06/2023

Identidade
?Identidade é um livro cheio de camadas e detalhes, que nos obriga a observar as sutilezas e as brechas?. E é exatamente isso! Um livro curto que conseguem chegar em lugares diversos e profundos, de cada pessoa preta existente. Que nos mostra duas mulheres que cresceram juntas mas que tomaram rumos totalmente opostos e se reencontraram. Nos mostra faces de personagens que infelizmente ainda existem nos dias de hoje. Mostra, ainda, a realidade de atitudes preconceituosas e racistas. Com um final que deixa em aberto múltiplas possibilidades.
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nanaths 27/05/2023

Tinha tudo pra ser um dos meus favoritos da vida e as últimas 40 páginas estragaram TUDO com rivalidade feminina desnecessária.
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Adriana Scarpin 22/05/2023

Eu acho que ainda estou digerindo tudo que se passa nesse livro (ainda não vi a adaptação pra cinema da Rebecca Hall), o excelente posfácio está me ajudando a colocar tudo em perspectiva de raça, classe e gênero que, apesar de ser um livro rapidíssimo, se erige de forma complexa na narrativa.
Talvez não tenha me apaixonado por ele, mas certamente ficará rondando meus pensamentos por um bom tempo.
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Nanda 18/05/2023

Leitura rápida e importante
Gostei da leitura desse livro, é uma leitura rápida que você lê em poucos dias. O livro trata sobre questões raciais e de suma importância, que com certeza irá te fazer pensar sobre diversos assuntos.
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Beto | @beto_anderson 01/05/2023

Ótimo
Uma leitura rápida e poderosa sobre questões raciais, sobre relações sociais, sobre autorreconhecimento. A história de Irene e de Clare poderia ser a de tantas mulheres e homens no Brasil, que, diante o preconceito e suas consequências sociais, emulam uma vida que dista da realidade. A narrativa da autora é ótima, bem fluida. O desfecho do livro é ótimo. Recomendo.

site: https://www.instagram.com/beto_anderson/
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Joyce.Silva 21/03/2023

Identidade
Uma historia que com certeza vai deixar você pensativo sobre como se comportaria se estivesse no lugar dessas pessoas. Achei que cada uma tinha seus motivos válidos e descobri que existe uma adaptação desse livro, porem recomendo a leitura mesmo.
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Layla.Ribeiro 15/03/2023

Comecei a leitura sem pretensão nenhuma e fiquei surpresa pela forma que o tema principal foi abordado no enredo e mais impressionada ainda ao descobrir que este livro foi escrito nos anos 20 por ele trazer discussões muito atuais, hoje definimos essa discussão que autora aborda como colorismo e ela não trouxe de forma superficial e utiliza muito bem das personagens principais para aprofundar as reflexões e mostrar o contraste, porém ficamos presos apenas ao ponto de vista da Irene. Não espere por uma narrativa agitada pois ela é voltado para as observações e a reflexão da protagonista e alguns desses momentos foram responsável para que eu estagnasse um pouco na leitura, mas a obra possui pontos muito altos que nos deixa compenetrado no acontecimento, recomendo essa leitura a todos.
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[k] 03/03/2023

Adaptações cinematográficas de clássicos
A adaptação feita pela Netflix me levou à esse livro. Embora tenha lido a história referenciada por bell hooks em um dos seus escritos, ter assistido o filme aumentou minha curiosidade (é recorrente). Acho que adaptações perdem muito quando se trata de interpretações mais profundas e complexas, como é o caso de Identidade, acredito que a leitura seja indispensável pra sair da superfície de rivalidade feminina que é latente e enfática no filme. Li tão rápido que fiquei assustada.
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Renata 26/02/2023

Este é um livro em que é importante saber um pouco do contexto em que foi escrito. Quando publicado, em 1929, a lei de segregação racial estava em pleno vigor, e assim continuaria até 1964. Tratava-se do racismo instituído, a proibição de que pessoas tivessem acesso a lugares, serviços e fundamentalmente, a direitos, em razão de sua ascendência negra.
Além disso, para que possamos entender as tensões pelas quais passam as personagens, é preciso saber que a identificação racial nos EUA funciona de modo diverso ao que vivenciamos no Brasil. Aqui o racismo vai incidir predominantemente sobre traços fenotípicos, se agravando em uma escala que acompanha a pigmentação da pele. O que os personagens de Identidade revelam é que, na sociedade em que estavam inseridos, as marcas e traços que revelam ancestralidade negra não eram os únicos objetos de preconceito, mas a própria origem. Um racismo mais completo por assim dizer, que abarca genótipo e fenótipo.
No texto de Larsen, Irene e Clare, são duas mulheres negras de pele clara crescendo nos EUA de início só século XX e que por circunstâncias da vida perdem o contato ainda em sua juventude. Após 12 anos elas se reencontram e o que vemos vai além das diferenças trazidas naturalmente pelo tempo e pelas escolhas, o encontro revela uma diferença impensável, algo que a princípio as uniria indubitavelmente, mas que agora causa um estranhamento entre elas, Clare não mais se apresenta socialmente como uma mulher negra.
O que é mais problemático ainda na medida em Irene gasta boa parte de sua energia na promoção da população negra, estando especialmente ciente dos impactos do racismo a que estavam submetidos.

Interessante notar que Irene também poderia se passar por uma mulher branca, e ela o faz na medida em que isso lhe facilitava o acesso e a paz em alguns lugares, diferente de Clare, que construiu sua vida, seu casamento e toda rede social sobre o engano de ser uma mulher branca, tendo que viver na corda bamba de um possível descobrimento de sua fraude. Isso é por ela mencionado quando relata a ocasião de sua gravidez e o medo que sentia por saber da possibilidade de nascer uma criança negra. Esta é uma passagem na qual vemos a perspectiva da miscigenação como uma loteria, em que seria possível “ser abençoado” com o nascimento de uma criança branca, contudo também seria possível que nascesse uma criança retinta e como expressa Gertrude, amiga de Irene e Clare e como elas negra de pele clara: ‘ninguém quer uma criança escura’.
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Embora a ideia de promover esse engano possa parecer reprovável, é interessante notar que a narrativa deixa claro a repercussão das oportunidades e estrutura familiar de cada uma. Se Irene conseguiu atingir um determinado patamar social por vias “legítimas” não se trata somente de mérito próprio. À Clare foi negado esse acolhimento e cuidado , colocando-a em posição de lutar com o que tivesse em mãos.
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Outro ponto interessante é a menção ao Brasil. O marido de Irene sonhava em se mudar para o Brasil, dado a perspectiva que tinha de ser um lugar em que se veria livre do tormento do racismo. O que não é de surpreender, visto que por muito tempo fomos considerados território de um vasto experimento social, com a miscigenação sendo característica de nossa população. Não atoa Stefan Zweig ainda iria publicar, dez anos mais tarde, o famoso Brasil: país do futuro, justamente após fugir da Europa no momento em que está ruía diante das políticas racistas do nazismo.
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Irene e Clare divergem em suas personalidades e caráter. Irene busca a estabilidade e controle e é assombrada com os possíveis acontecimentos que desestruturariam a vida que tanto trabalho teve para construir. Já Clare tem um viés um tanto vida loca e autodestrutivo. Para além dos imperativos que a fizeram se passar por uma mulher branca, ela não demonstra apego seja ao marido, à filha ou à própria vida, ela mesma expressando que se fosse preciso passaria por cima de qualquer um e de qualquer coisa para ter o que queria.
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Irene quer desesperadoramente estar inserida socialmente, fazendo tudo corretamente, se abstendo e fazendo seu marido se abster de seus desejos. Algumas intrusões a exasperam, tiram seu equilíbrio e sua reação é evitar a todo custo. Exemplo disso é a discussão a respeito de conscientizar ou não as crianças sobre o racismo a que estariam submetidos naquela sociedade. Tanto quanto é possível Irene irá manter os filhos na ignorância, criando uma atmosfera de perfeição e erro.
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Nesse sentido, quando Clare resolve se reaproximar de ‘sua gente', coloca em risco não somente a si, mas principalmente Irene, que tem sua paz arrancada, tanto mais que ela se coloca sempre na posição de manter o que considerava lealdade racial, não conseguindo com isso dar fim ao que lhe atormentava.
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Irene e Clare são duas mulheres negras que lutam com o que têm, a primeira buscando um ideal de controle que provavelmente associava a uma segurança, diante de um monto caótico e especialmente cruel com pessoas que ocupavam o seu lugar social. Nesse sentido Clare estava no polo oposto, jogando com o perigo, ciente e destemida em relação às mudanças e quebras em sua vida. Ambas admiráveis.


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Thaysa.Salles 26/02/2023

Impressionante como uma história tão curta diz e ensina tanto. Estou fascinada pela escrita, história e personagens criados pela autora. Muito bom os textos de apoio também!
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