Ley 20/02/2021Sofri muito, mas valeu a penaA trilogia Tons de Magia passou a ser uma das minhas favoritas. Sempre tive curiosidade em conhecer os livros da Schwab e quando enfim li, me deparei com leituras incríveis. O desfecho dessa trilogia foi algo que eu estava ansiosa e receosa. O final do segundo livro foi tão abrupto e, ao mesmo tempo que nos confirmou a natureza de Lila, houveram acontecimentos desesperadores.
Kell não está em vantagem. No início do livro, ele está preso por Osaron e consequentemente Rhy sofre por haver uma ligação entre eles. O vilão dessa história se revela bem mais poderoso do que eu imaginava. Em uma recapitulação, no primeiro livro não há um vilão corpóreo, e sim uma pedra natural da Londres Preta que infecta pessoas com magia corrompida.
Em Uma Conjuração de Luz, a pedra causadora de tantos estragos se equipara a apenas uma fração de quão poderoso é Osaron, o vilão final da trilogia. Devido a tantas reviravoltas, os personagens não tem uma solução imediata para acabar com a ameaça e ainda há a questão da prisão de Kell, por Osaron, a ser resolvida.
O ritmo do livro inicia frenético. A meu ver, essas mais de setecentas páginas soaram como umas três mil pela quantidade de acontecimentos presentes na leitura. Os personagens mudam de cenário rápido, o mundo está por um fio, o vilão é uma força poderosa demais, e o desespero reina.
Em meio a tudo isso, presenciamos aventuras na leitura. Mesmo que a tensão seja grande, os personagens têm seus momentos, assim dando um espaço para que intrigas passadas sejam resolvidas. Eu estava esperando a resolução de um conjunto de eventos. Com o avanço da leitura e os problemas surgindo ainda mais, eu pensei seriamente que tudo ia virar uma grande bola de neve.
Contudo, a autora distribui bem cada evento, de forma que tudo se encaixa perfeitamente. Durante o andamento da história, vemos mais pontos de vista. Neste volume não foi diferente. Temos narrações do rei e da rainha, entre outros personagens. A autora também dá mais destaque ao anti-herói dos livros, Holland.
Holland foi um personagem que teve um destaque incrível. Creio que "mudança" não se adeque exatamente a evolução que ele teve, mas de um ponto de vista geral, é como se nesse volume, a autora finalmente nos mostrasse sua visão e, por sua vez, temos acesso aos motivos do personagem ter feito suas antigas escolhas.
Tive uma mudança de opinião drástica em relação a Holland. Enquanto lia o volume um, eu não o suportava, já no segundo, pude ver um pouquinho mais dele, mas nem assim me compadeci. Em Uma Conjuração de Luz, minha visão sobre ele começou duvidosa e terminou rendida pelo personagem.
Eu sinceramente não entendia o alarde de vários leitores quando se tratava de Holland, mas foi só eu dar uma olhada na sua história, que finalmente torci pelo anti-herói. Os flashbacks que a autora expõe de seu passado foram trechos essenciais para sua construção nesse desfecho.
Mas aqui também houveram outros personagens com seus mistérios desvendados. Eu finalmente posso confirmar minhas suspeitas de que a Lila é uma Antari. Não havia escapatória. Ela viajou com Kell através de mundos quando se conheceram (ela sem uma gota de magia descoberta), e meses depois participou de um torneio de magia. Ou seja, ela é extremamente talentosa para a magia, mas não poderia ser um talento qualquer.
Acredito que a intenção da autora seja realmente implantar na mente dos leitores desde o volume um que Lila é uma Antari, e soltar pistas sem nenhuma confirmação ao longo dos livros. Bom, eu já sabia a resposta, mas foi uma apreciação total ver isso ser confirmado.
Como Antaris são raros, ver a participação de três deles nesse livro (Kell, Lila e Holland) simultaneamente, é um acontecimento e tanto. No decorrer da história, os Antaris tiveram que abdicar muito de si mesmos para cumprir seus objetivos, deixando a história cheia de ação, aventura, lutas e magia.
Os romances que ao longo dos livros tiveram apenas insinuações, como Kell e Lila, ganham bastante destaque aqui. Para mim, valeu a pena ter esperado esse livro para ler os momentos entre os personagens. Houveram muitas cenas em que suspirei e a cada interação deles, meu coração dava uma cambalhota.
O romance secundário LGBTQ+ entre Alucard e Rhy, o príncipe herdeiro, foi uma das pontas soltas que a autora deixou no final do livro anterior. Aqui, também acompanhamos esse romance e foi fácil torcer por eles.
Eu me empolguei muito ao longo dessa leitura e ainda não consigo acreditar que acabou. Eu queria acompanhar o desfecho, mas minha vontade também era entrar na Londres Vermelha e morar ali. Ainda há questões que me pergunto, mesmo após finalizar a trilogia, mas ainda sim o final foi fantástico.
Um dos pontos que sempre reflito sobre esses livros, é a ideia de que a Londres Cinza é o nosso mundo, então é bom imaginar e cogitar que possa existir outros mundos cheios de magia ao lado do nosso. Por fim, Schwab tem um talento incrível para escrever algo original e instigante, entregando uma história de tirar o fôlego, com personagens reais e fáceis de se identificar.
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https://www.imersaoliteraria.com.br/2021/02/resenha-tons-de-magia-uma-conjuracao-de.html