Sparr 17/10/2022
Dois homens em um... alguém que me fez acreditar que sim!
Vou dividir essa resenha entre o homem e O Homem. A divisão entre quem ele era antes da vida pública e quem se torna após. Sim, Obama não mais será quem será. Nunca deixará de ter seus passos fiscalizados, nunca mais provará do sabor do anonimato e sim, isso muda tudo.
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O homem inicia sua narrativa explicando sua infância, um período pobre e conturbado de alguém que já cresceu pensando no coletivo. A trajetória e as motivações são nobres. Ele sentiu que, apesar da pouca condição, tinha ali uma oportunidade que outros não teriam e vou nisso um alcance para um coletivo. Ele narra a dificuldade de conseguir chegar à universidade com um sonho e sentir o dessabor de não encontrar o esperado. O homem ainda fala sobre como conheceu a sua esposa, sobre a delicadeza de segurar a filha mais velha pela primeira vez, o desejo de aprender a ser pai, e do sonho, agora amadurecido, de mudar o mundo, ou, o mundo ao seu redor. Sobre esse homem, senti falta de mais pessoalidade. Eu não queria uma coluna do Leo Dias, obviamente, mas queria saber mais de suas angústias, conquistas, dos sabores provados pela pessoa, antes de virar um símbolo, uma persona, um chefe, antes de tornar-se O Homem... Nisso, seu Obama fica me devendo um pouco.
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O Homem aparece quando Obama se torna Senador Estadual de Illinois. A partir deste ponto, desfaz-se o homem, faz a persona. Cada vez mais, Obama passa a ficar conhecido dentre os Democratas, conhecendo realidades, pessoas, lugares. Obama era um senador ainda em primeiro mandato federal, sua experiência nacional era ainda muito pequena, e esse foi seu maior desafio, pelo qual até hoje tem quem o critique.
Acompanhamos sua chegada à presidência, galgando posição por posição, vencendo oposição por oposição. Acompanhar as facetas do modelo governamental dos EUA é interessante, apesar de distante e diferente do que temos cá. Chegamos ao fatídico discurso e à representatividade! Obama fala sobre a transição de governo, sobre aprender a fazer escolhas difíceis e confesso que aqui, bem nesse ponto, o livro podia ganhar tudo e ficou foi muito arrastado. Senti que ele se justificou por algumas coisas mais do que narrou, de fato, o que acontecia para que as decisões fossem tomadas. Gosto de bastidores, mas senti certa vontade de assoprar um machucado, de passar um mertiolate em algo ainda arranhado. Digo isso porque, Obama fez um exposezinho ao citar nomes daqueles qud barraram algumas coisas, falaram algumas coisas, enfim... O livro é dele. Mas fiquei com essa sensação. My opinion, Just it.
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Sobretudo, Obama tem uma trajetória magnífica, teve pontos altos em seu mandato, como o fim do Osama, por exemplo. A perspectiva dele é interessante. Obama fala sobre o encontro com o Lula... Leia se quiser saber haha.
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Esta é uma junção de biografia com certo pé em técnicas governamentais, gestão, escolhas e de sabores de se tornar um símbolo. Fato é que Obama tem uma oratória maravilhosa e sim, foi por ele que, realmente, passei a acreditar no poder de uma democracia.
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Não entra para os meus favoritos, mas é sim grandioso no que se propõe, ainda que arrastado.