Davi.Paiva 06/11/2022
Mexe com a forma como o leitor enxerga o mundo.
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Tudo começou de forma simples: um dia eu manifestei, no Facebook, o desejo de ler mais literatura afro. Biografias, materiais técnicos, romances e contos escritos por autores negros e para o público negro mostrando como somos, como somos vistos, como nos tratam e como lidamos com isso. Marquei alguns amigos e a minha irmã. E dentre os livros listados, estava um que me deixou muito curioso pelo nome e por ser de um autor gaúcho do qual eu nunca tinha ouvido falar. Eu coloquei o título na minha lista para futuras aquisições, mas a minha irmã comprou um exemplar para mim e ainda conseguiu uma dedicatória (obrigado, Cristiane e José!).
Munido do livro, bastou fazer um planejamento para quando ler (não gosto de ler um romance antes de ter lido outro. E nem ler um depois. Atrapalha a experiência, a meu ver) e no tempo certo, curtir a obra.
Resultado: li em 8 dias!
Primeiro eu tenho que reconhecer que a editora Todavia fez um trabalho muito na hora de imprimir o livro: um papel grosso na capa que eu não lembro de ter visto antes deu um ar rústico para a obra (que a meu ver, combina com a dureza que os personagens vivem), uma fonte serifada, uma boa diagramação e... quem resiste a um papel pólen, não é verdade?
E sobre o conteúdo, o que tenho a dizer?
A princípio eu fiquei surpreso do autor deixar os agradecimentos ao final, não deixar um índice e já jogar o capítulo 1 na cara do leitor. No entanto, devo reconhecer que esse "defeitinho" logo é superado pela jornada de Pedro e Marques, bem como as singularidades de personalidades e estilos de vida de ambos, além dos motivos que os levaram a entrar para o mundo do crime.
E dali em diante, mais personagens entram com outros estilos de vida singulares, personalidades e papéis na trama. Sorte e azar andam lado a lado e vemos uma situação, um enredo, um apogeu e um clímax para tal dupla que, embora se encerre de forma seca e até rápida a meu ver, não estraga o conteúdo do livro.
Seja como for, "Os Supridores" me fez olhar o Rio Grande do Sul, a função de supridor (mais conhecida como "repositor") e até a relação entre classes com outros olhos. E nada é melhor que uma obra lhe entreter e mexer com a forma como você vê o mundo, não é verdade?
Recomendo!