mardou 06/12/2022
vivendo na casa dos sonhos
Percebi a um tempo que algumas pessoas - principalmente meus amigos mais próximos - não conseguem compreender claramente o meu método de avaliação para livros, pois agora vou explicar brevemente, [2,5] parte prática: escrita, construção, plot, construção de personagem e desenvolvimento e [2,5] pessoal: minha conexão com o personagem, história, o quanto me tocou e o quanto foi real para mim.
Sendo assim, agora irei seguir mais claramente minha avaliação a partir da minha incrível experiência com ?Na Casa dos Sonhos?.
A parte prática desta trama é impecável, a tradução fora lindamente realizada, não há erros ortográficos ou gramaticais, não que eu tenha percebido, a coerência é presente e bem realizada, os personagens e os cenários foram descritos da maneira necessária. Antes de tudo, é preciso entender que ?Na Casa dos Sonhos? é uma autobiografia, onde a Carmen Maria Machado, escritora americana e canceriana conta sobre um longo episódio específico de sua vida.
O epílogo funciona da seguinte forma, ao expor a história de seu relacionamento com uma mulher encantadora, mas também volátil e abusiva, Carmen Maria Machado traça um arco narrativo que vai desde o início cheio de promessas até o final difícil e confuso, que deixa marcas impossíveis de ignorar.
Deste ponto de partida iremos lidar com tópicos sensíveis, mas além de tudo: tópicos que não são impostos para que nós consigamos enxerga-los.
Este livro me tocou em diversos pontos, posso dizer que o principal deles é o de tirar a máscara daquela ?coisa? que estava escondida, mas vai além disso também, Carmen me cativou com sua força, sua inteligência, sua beleza, seu sol e suas referências, este livro me fez ir ao êxtase de amor, raiva, compreensão, medo e tristeza. Eu adoro a ideia de matriz que a ?casa? enquanto metáfora para expor as tendências abusivas enquanto o leitor - e a própria Carmen - nota a perda do ?lar? que um relacionamento amoroso deveria significar.
Carmen Maria Machado trás a própria realidade e convida o leitor a dançar em um mar de realidade, onde a vida quase sempre da errado e quando parece dar certo, bom, ainda está dando errado, porque assim como ela cita ?no começo, acreditei que eu era especial. foi horrível descobrir que eu era normal, que tudo que acontecia comigo havia sido descrito em detalhes em livros e relatórios, mas estatísticas?, é difícil sair da realidade, principalmente da realidade romantizada de um relacionamento abusivo. Se de alguma forma você se interessou por este livro, saiba que estou verdadeiramente feliz, é um livro necessário, mas creio que deva pesquisar os gatilhos que o envolvem. Mas eu ainda recomendo esta leitura, fora minha primeira de muitas experiências com Carmen Maria Machado.