bibliodalau 28/12/2023
O primeiro contato com os livros da Lygia Bojunga começou no ensino fundamental. Sem saber qual livro escolher para a próxima leitura, me vi com um dos livros amarelos nas mãos. Li muitos outros dentro daquela biblioteca, mas nenhum me fascinou tanto quanto esse e outros da autora.
Neste livro, Lygia retrata de forma leve e delicada a jornada de uma criança que sufocou suas vontades dentro de uma mochila amarela, ocasionando em um mar de conflitos com a família e consigo mesma. A construção desse romance aborda o amadurecimento, a individualidade e a evolução como um todo. O enredo permeia entre a imaginação e a realidade, desnudando a disfuncionalidade de um lar, os questionamentos e o modo como muitas crianças veem o mundo.
É inevitável não se identificar com Raquel. A forma genuína de se expressar através da escrita, a falta de compreensão e espaço para ser ela mesma, ideias menosprezadas e desejos reprimidos. Me senti criança ao ler essa obra preciosa.
"Eu tenho que achar um lugar pra esconder as minhas vontades." (p. 9)
"Tô sobrando, André. Já nasci sobrando. É ou não é?" (p. 11)
"Fui dormir na maior fossa de ser criança podendo tão bem ser gente grande."
(p.13)
"? Puxa vida, quando é que vocês vão acreditar em mim, hem? Se eu tô dizendo que eu quero ser escritora é porque eu quero mesmo." (p. 18)
A autora dá voz às crianças, revela o tratamento diferenciado entre meninos e meninas, a desigualdade de gênero na sociedade, a imposição de padrões de pensamentos e a realidade de muitos que se encontram na mesma situação.
A metáfora da libertação, nos apresenta a essência da infância. E nos traz uma mensagem de esperança e encorajamento diante da opinião e do processo para se tornar aos poucos quem você gostaria de ser.
Há muito para registrar sobre esse livro, mas por agora é até aqui que consegui escrever. O livro traz consigo uma grande lição. Todos deveriam ler. Recomendadíssimo!!!
Obrigada, Lygia Bojunga Nunes, por essa linda viagem! ?