Resenhas - O parque das irmãs magníficas

Paulina.Godtsfriedt 11/08/2023

Muito cru, informativo e poético
Quando lemos o relato de Camila, travesti que se prostitue em um parque em Córdoba, logo nas primeiras páginas nos sentimos voyeurs da irmandade que a personagem construiu. Trata-se de uma autoficção, gênero que ganha cda vez mais livros e fãs na contemporaneidade. Tudo nesta narrativa nos parece real, vivido e sofrido pela personagem, pois logo nos damos conta das violências que as pessoas trans e travestis sofrem, mesmo que inivisibilizadas nas esquinas de nossa própria cidade. É tão possível e real, que quando nos deparamos com o primeiro trecho de realismo mágico nos parece absurdo, já que tudo ali possivelmente foi experienciado por alguma travesti em algum lugar deste mundo.
Acho um livro quase que obrigatório para aqueles que não sabem a diferença entre uma vivência trans e travesti. Ou para aqueles que não imaginam, mas tem curiosidade do que é a prostituição.
Para mim, pessoalmente se tornou um livro que por mais difícil e pesado, trouxe tanta poesia, a presença de flores ao longo da narrativa, e como elas fazem parte do jardim que elas criam ao redor da Tia Encarna, como se fossem flores sempre dispostas a florescer mais belas e mais bonitas a cada estação, fosse pelos seus transformismos ou por suas resistências dignas de ervas daninhas e trepadeiras fortes. Mesmo na estética da morte, da destruição e do desprezo, vemos a beleza que elas buscam, a mágica em cada traço feminino forjado, e o amor que elas tem que sentir e desapegar de si mesmas. Apenas leiam.

Juca Fardin 22/02/2022

A grande festa da Literatura
"O Parque das Irmãs Magníficas" é uma festa para a alta literatura, porque é grande, sensível, esplendorosa, necessária, denúncia, alegria e muita dor. Obra de um grito urgente que ressoa, que pede ouvidos, que tenha o poder da aceitação, do recíproco respeito. Que grande obra!!! Grato, querida Camila Sosa Villada!!!

Dimas Lins 03/05/2022

O Parque traz luz a vida das travestis
Senti dificuldade em escrever uma resenha sobre o livro. O tema muito me interessa, porque acredito que é preciso jogar holofotes sobre as pessoas ou grupos que sofrem preconceitos ou são mantidas invisíveis pela sociedade. Sendo assim, li com bastante interesse.

O livro premiado da escritora argentina e mulher trans Camila Sosa Villada parece remeter a sua própria vida. Para mim, a narrativa sobre a vida das travestis mostra a crueldade do preconceito que se materializa na quase inescapável prostituição, violência, exclusão e tentativa de sobrevivência. Eis aqui a chave do livro. A sociedade que usa e abusa dos prazeres sexuais das travestis à noite, execra e escancara toda a sua crueldade de dia. Esse é o aspecto mais importante ao meu ver: a hipocrisia humana.

Meu senão ao livro talvez esteja mais relacionado à minha expectativa do que a narrativa propriamente dita. Achei a narrativa mais linear do que esperava. Não falo dos eventos narrados, que são bastante fortes, mas, exatamente por tratar-se de tema tão profundo, senti falta de mais emoção. Tudo me pareceu como se estivesse diante de um documentário, não uma obra de ficção. Na ficção, há um carrossel de reviravoltas, que prender o leitor. O livro é bem escrito, não me entendam mal, apenas senti falta dessa montanha-russa.

Acredito que a leitura é importante e necessária e a falta provavelmente esteja na minha visão míope como leitor, não na escrita.

Nanda 29/11/2022

Dor que rasga a pele
Um livro profundo e perturbador, onde os maus tratos, a ira, o abandono e o preconceito se fundem. Páginas que convergem duas facetas da comunidade trans, as quais fascinam e repelem sociedades no mundo inteiro: a fúria travesti e a festa que há em ser travesti.

akasaori 02/12/2022

História linda sobre um grupo de travestis que ficam num parque que um dia encontram um neném - o brilho dos olhos s2 - e decidem levá-lo para casa pra cuidarem dele. É uma história muito bonita e com elementos de fantasia bem legais também, livro curtinho com audiobook em portugues no scribd, recomendo!

Mahalia 13/07/2023

Na corda bamba entre a beleza e a violência
Um livro muito bom. Possui uma narrativa que quase torna possível 'dar vida' a cenas, lugares, pessoas. Apesar de todos os problemas que acompanham a vida da autora, sua escrita poética e sensível, traz situações de brutalidade, tristeza e violência, que não tornam a leitura pesada. É um livro que mostra uma terrível realidade, porém com momentos de muita beleza, principalmente, na amizade familiar das irmãs do Parque.

Sayd 28/04/2022

Magnífico
Simplesmente profundo e dilacerante, a autora consegue nos levar ao seu âmago em seus relatos de vida.

Blue33 06/02/2023

O Parque das irmãs magníficas ?
É um grito dessas pessoas que de tanto serem excluídas e desprezadas pela sociedade se juntam e dão umas as outras o amor que o mundo insiste em não as dar.
?
Doloroso e lindo é como a Camila consegue mesclar uma realidade tão importante de ser exposta, a das travestis. Senti algumas semelhanças com a série Pose, nos aspectos de irmandade que vão sendo criados por essa galera marginalizada.
?
Potente, único e necessário são os três adjetivos que eu diria que representam tanto a história como também a escrita da autora. Enfim, se estiverem na dúvida escolham por ler esse livro!!!

agatamagno 23/06/2022

O livro é incrível, trás uma percepção de coisas que não temos noção nenhuma de sequer existir.
Criei uma empatia tão grande pela história, e por cada uma das personagens, que a minha vontade era levar todo mundo lá pra casa! Preparar um café, um bolo, e ouvir histórias.

Além disso, eu li o livro através do áudiobook disponível no Spotify (gratuito). E eu nunca ouvi um com uma narração tão boa! Preciso deixar aqui registrado.

Recomendo muito o livro e o audiolivro!

Bethania.Medeiros 06/07/2023

Ezatamentchy, ser travesti é uma festa!
Uma lindeza de livro! Quanta fúria!! Terminei com um tremendo nó na garganta, uma falta visceral de direcionar torcida para as personagens. E mesmo tendo o spoiler incontestável da realidade; desde o início, por mais cômica e otimista que fosse a narrativa, a "corja de miseráveis escravos dos bons costumes" apareceria, né, me senti perto, provando da poesia. Indico para humanos.

Zeca 09/10/2022

Estupendo
Livro estupendo, poético e contundente. Uma incrível realidade com uma escrita vibrante e cheia de espírito, cortante.

Lusia.Nicolino 07/04/2022

Mais do que eu esperava. Surpreendente
O que eu quero dizer sobre essa leitura? Uau! Que história, que livro! Que encadeamento interessante, que jeito cru e ao mesmo tempo temperado e cozido de narrar.
Que outro pode morar dentro de cada um de nós? Situações cotidianas que são vividas por qualquer pessoa, passam a ser situações de sobrevivência para as meninas do Parque Samiento – ele próprio, mais que um parque, praticamente uma personagem dessa narrativa. Entre memórias doloridas da adolescência, da busca pela identidade, entre a universidade e a prostituição, o que é claro e o que é escuro? O que mais o Parque esconde? Mas, como diz a própria Camila, “Não é um romance realista, pelo contrário. Não são detalhes de magia, essas personagens estão imersas em um mundo que não existe. O registro da violência – que é a única coisa que as pessoas reconhecem como familiar, porque a exercem todos os dias – faz com que se pense que é uma novela realista, que estou falando de minha vida”. É realista uma mulher virar pássaro? Confira!

Quote: "A ignorância que acorrentava minha mãe à doença daquele casamento e a mim à doença do meu casamento com o mundo: a ignorância que afoga até a náusea, o colapso de minha mãe que prolonguei em mim, como um animal apanhado numa vala. Minha mãe com um menino a reboque que já começava a decepcioná-la, pobre mãe: o menino afeminado que não cedeu às cintadas, ao castigo, aos gritos e às pauladas que tentavam remediar semelhante espanto. O espanto do filho veado. E muito pior: o veado convertido em travesti. Esse espanto, o pior de todos."


site: https://www.facebook.com/lunicolinole https://www.instagram.com/lunicolinole

Laryssa Rosendo 08/04/2022

Em inúmeros momentos, eu quis abraçar Camila. Quis abraçar Tia Encarna, María, Sandra, todas as que se expunham no Parque Sarmento. E escutando a história delas, consegui ver a grande hipocrisia que exalava em mim... quantas travestis virei a cara, (in)conscientemente para poupar o desconforto mútuo. Por medo de demonstrar algum tipo de sentimento negativo, também não deixei exteriorizar os sentimentos positivos. E, quando, a gente tem a oportunidade de conhecer tão profundamente suas dores, Camila nos dá a chance de sermos pessoas melhores. E urge a necessidade de sermos melhores.
No livro Camila mostra que a vida das travestis tem muitas coisas boas, tem festas, companheirismo, amizade, risadas, mas sem romantizar, demonstra que apesar de positivo em vários pontos, também é sofrido, doído e incerto, sem saber se a noite acabará em festa, ou morta numa vala.
Falar da sua infância, do preconceito do seu pai, e a submissão da sua mãe, também toca num espaço bem dolorido, de ver que o lugar seguro para você ser quem é, não existe.
Ressalta-se que não se trata de um simples relato autobiográfico, tendo pitadas de realismo mágico, característica da literatura da américa latina. Esse alívio é delicado e cheio de metáforas que nos tocam a alma.

Campos 05/07/2023

Mulheres-tristes, mulheres-valentes
A descoberta da Camila foi um presente na minha vida, a forma como ela escreve é tão profunda, tão poética e tão dolorosa que nada que eu coloque aqui vai ser capaz de expressar o que é a experiência de ler "O parque da irmã magníficas".
Ao longo de toda a leitura existe a vontade de chorar, ele te toca, te machuca, te acaricia. Mas parece que a Camila se esforçou para que isso não acontecesse, como se ela não quisesse fazer ninguém chorar, já que elas já choraram demais.
Esse livro definitivamente transformou a minha vida, ele nunca mais vai sair de mim. Quando comecei a leitura não pensei que isso fosse acontecer, mas esse se tornou um livro favorito e fez isso sem força, só precisei ler e sentir.

Caroline Vital 28/08/2022

Incrível
Escrito por e sobre travestis, narrativa que ainda não conhecia. E ainda com realismo mágico. Só tinha que dar bom mesmo.