Ari Phanie 30/03/2022Sobre o amor pelos livros e sobre amizade.
Eu gosto muito de histórias sobre a Segunda Guerra Mundial. Sim, é um interesse meio mórbido, mas se bem contadas, narrativas que se passam nessa época podem transmitir muitos sentimentos engrandecedores e nos ensinar lições duradouras. Um livro que fala da SGM atrelado ao amor pelos livros é uma história ainda mais irresistível para mim. Então, essa tinha tudo para me agradar, e mesmo com algumas falhas, conseguiu.
O livro acompanha duas personagens, em tempos distintos, mas que se encontram e desenvolvem uma bela amizade. A primeira delas é Odile, uma jovem francesa que ama os livros e sonha em trabalhar na Biblioteca Americana de Paris. Depois de conseguir trabalho lá, Odile e seus colegas enfrentam as dificuldades impostas pela guerra e pelos nazistas que invadem Paris. Eles precisam não apenas manter aquele refúgio do conhecimento aberto, como também precisam salvar os “livros proibidos” e continuar atendendo aqueles que no momento estavam proibidos de entrar na biblioteca. Toda a história de Odile é interessante de acompanhar. A guerra fica em segundo plano, apesar das consequências estarem sempre presentes. A narrativa foca nas relações de Odile com a família, os amigos e o namorado, que eu não engoli desde o começo e no final, com razão.
A outra personagem que acompanhamos é a pequena Lily, uma adolescente que não tem uma vida tão interessante quanto a de Odile, mas cativa mesmo assim. Lily faz amizade com sua vizinha, Odile, já uma senhora reclusa que não tem muitos amigos, e ela realmente precisa quando perde a mãe e ver seu pai se interessar por outra mulher em tão pouco tempo. Eu gostei muito da narrativa focada em Lily, apesar de ser bem mais morosa do que a narrativa focada em Odile.
Eu confesso que eu esperava um pouco mais de emoção desse livro, um pouco mais do teor impactante que normalmente leituras sobre tal período possuem. Ele é bem mais leve do que se pode esperar, e mesmo alguns momentos do livro que deveriam trazer uma carga emotiva maior, não conseguiram sensibilizar tanto. Eu diria que o que mais tem força nessa história, além do amor pelos livros, é a amizade. É essencialmente um livro sobre amizade e lealdade. E no fim das contas, mesmo com algumas pontas soltas, mesmo que tenha faltado a emoção necessária, eu gostei de como abordou a criação e ruptura desse tipo de laço. Enfim, é um bom livro para se ler sem muitas expectativas. As relações entre Odile, Lily e Margaret foram o que de melhor esse livro trouxe.
"Nunca parei para pensar no que eu tinha, só no que eu queria ter."