Marcelo Leite 15/06/2023
Faz o "L".
Durante vários anos a grande imprensa acompanhou de perto a investigação anticorrupção do governo brasileiro a qual ficou conhecida como Lava Jato.
Os holofotes miravam o ex-presidente Lula como grande orquestrador de uma sistemática prática de corrupção.
Mesmo não havendo provas, e sim convicções, como já dizia o ex-promotor Deltan Dallagnol, os grandes canais de comunicação contribuíram para deixar em Luíz Inácio a mácula de ladrão, culminando em uma pena em regime fechado e a perda dos direitos políticos, o que o impediu de poder candidatar-se a presidência da república em 2018. Sem contar na consolidação da imagem do PT como um partido vilão na história recente do país.
No livro Lula volume 1, o autor Fernando Novaes, conhecido por publicar biografias de Assis Chatobrian e Olga Benário, busca mostrar uma outra versão dos fatos ao mesmo tempo que trás a tona os bastidores dos últimos dias de Lula antes de ser preso, contrastando em flashbacks do tempo que foi preso durante a ditadura em 1980.
Em outro momento conta a infância pobre, sua vinda do nordeste para São Paulo e sua relação com os pais e irmãos, assim como a dura vida pobre a qual foi submetido.
Em seguida aborda a formação como torneiro mecânico, seu casamento, o início da vida como operário e sindical.
O drama da perda da esposa, depois como conheceu Marisa e a liderança das grandes greves do ABC.
O livro se encerra contando sobre a prisão em 1980, a fundação do PT e as primeiras derrotas eleitorais.
É possível que o leitor perceba uma certa parcialidade do autor, na tentativa de exaltar a figura do Lula e principalmente nestes tempos de polarização política. Mas entendo que, justamente pela grande narrativa midiática já citada no início deste texto, Fernando Novaes buscou construir o contraponto. Uma versão o público já tinha, agora seria a oportunidade de ver o outro lado. E no fim, nada impede de todos tirarem suas próprias conclusões.