Day 15/02/2024A era da solidãoDefinitivamente esse subgênero "romances nacionais contemporâneos" está sendo meu favorito do momento.
Nesse livro, assim como em muitos outros dessa nova leva de autores brasileiros, temos uma história simples, curta, com poucos personagens, mas que mexe com a gente de uma forma que alguns livros de 600 páginas não conseguem.
Gostei muito de todas as personagens e compreendi as dores delas, diferentes, mas iguais.
Há uma passagem no livro que fala que não estamos mais no antropoceno, mas no eromoceno: a era da solidão. Esse é o sentimento que permeia toda a história. A solidão da Maju, que de tão só resolve sequestrar a criança da qual é babá; a solidão da Fernanda, que, mesmo com o que outros julgam como grandes conquistas, não se sente plenamente feliz com isso; a solidão de Cacá, que pula de hobby em hobby numa tentativa de pertencimento enquanto aceita que é a mulher quem o sustenta; a solidão do caminhoneiro que surge na segunda metade do livro.
Fiquei presa durante toda a história e as trocas de narração, ora de Maju, ora de Fernanda, não me incomodaram, porque estava interessada pelas duas.
O final, com uma construção também pertencente a essa nova leva de autores, não entrega tudo o que o leitor deseja, porém não o achei ruim. Foi um sentimento agridoce de "queria saber mais, acompanhar mais a vida dessas pessoas, saber sobre as decisões delas, de como elas lidarão com a solidão", misturado com um "ok, eu aceito que essa era a história que a autora queria contar e ela se encerrou aqui".
Gostei muito da escrita da Giovana Madalosso e quero ler outros livros dela, tem muito potencial pra se tornar uma autora favorita.