Karyne | @kayliteraria 14/02/2024Ler esse livro foi como assistir ás sessões de terapia de alguém, é como se você fosse um terceiro personagem que observa um profissional e um paciente conversando sobre questões diversas que envolve a vida de Baek Sehee, autora do livro. E é través de seus relatos que conseguimos simpatizar e até nos ver em muitas situações.
Alguns exemplos:
* Aceitar que seus sentimentos sao comuns a muitas outras pessoas; O livro faz com que você se lembre que você não é um extraterrestre por se sentir assim.
* Necessidade de validação ligada a baixa autoestima, a dificuldade de aceitar elogios ou acreditar que os outros estao sendo verdaderamente sinceros e o sentimento de rejeição;
* Aquele sentimento onde ás palavras do outro são como ataques pessoais.
Um dos conselhos mais marcantes do psiquiatra foi: As pessoas são tridimensionais. Isso fez muito sentido pra mim. Enxergamos pessoas planas, e elas são tridimensionais com vários lados, camadas? E no fim das contas, não somos ninguém para concluir as mil dimensões de alguém apenas julgando pelo o que você consegue enxergar. Tem muito mais.
A Baek Sehee vai e volta em muitos temas e alguns deles parecem facilmente solucionáveis - isso porque somos aquela terceira pessoa, quando estamos de fato vivenciando a situação o caminho não parece claro o bastante - e o psiquiatra entra muitas vezes trazendo o óbvio para perto. Isso tudo se torna repetitivo para o leitor.
Mas sendo bem sincera, acho que cumpre bem a proposta. Sessões de terapia não são algo fora do planeta e nem toda sessão você sai motivado pra ir atrás da mudança, nem toda sessão gera aquela percepção de que você está melhorando e de que ?uau como essa conversa foi profunda e necessária e mudou o rumo da minha história?.
Cura leva tempo e eu acho que da pra ver isso nos diálogos as vezes ela repete muito a mesma questão porque sim a gente tem a tendência de voltar e falar milhares de vezes sobre o que nos machuca até nos curar mas ela vai mudando a percepção e se tornando consciente dos problemas e é aí que vemos o resultado sutil das sessões: as vezes se da conta do ?problema? já é a luz que você precisava.
Algo que me incomodou profundamente é que todos os sintomas da personagem eram atribuídos ?nomes? a cada questão levantada um diagnóstico era apresentado isso me incomodou pois, foi algo que vivenciei. Nós não somos um diagnóstico. Todos os sintomas da personagem eram tratados com medicamentos mesmo sem ter sido elaborado um diálogo sobre aquilo.
Algo interessante antes de ler esse livro é não ignorar que estamos falando de uma cultura diferente, um estilo de vida diferente e até mesmo uma escrita diferente do que habitualmente (pelo menos eu) consumimos. Me vi em muitas situações e ficando até desconfortável igual quando o psicológico taca umas verdades na nossa cara, sabe? E apesar de ter rolado uma certa identificação eu queria mais profundidade.
Mas, acho que ele é como uma sessão de terapia é verdadeiramente :)