Isa 10/05/2023
De férias com o ex: o livro
Eu pessoalmente acho que a qualidade de um livro com a protagonista chamada HARRIET só vai até certo ponto, e é isso aí.
O plot: Harriet e Wyn se conhecem por amigos em comum, sentem uma atração mútua imediata e tentam (rufem os tambores) lutar contra seus sentimentos!!, o que, surpreendendo zero pessoas, é infrutífero. Harriet é uma estudante de medicina genial com uma família meio bosta, e Wyn é um autoentitulado burro e chato, que é bem legal, na verdade. Eles passam uns bons anos juntos, até que um belo dia Wyn resolve fazer o relacionamento dos dois ir de arrasta pra cima, partindo o coração de Harriet. MAS não acaba aí! Os dois acabam tendo que fingir pros amigos que ainda estão em um relacionamento durante a última viagem à casa de férias que os amigos compartilharam durante anos. É um lugar repleto de memórias para os dois, porém será que isso basta para recuperar o relacionamento? (vou deixar vocês adivinharem essa)
Imediatamente, as conversas dos dois são muito fluidas e naturais, mesmo quando marcadas pelo desconforto do término. É uma alegria de ler. Os momentos do começo do relacionamento (minha parte favorita, sou suspeita pra falar) me fizeram acreditar no amor- ou pelo menos no poder das boas conversas.
a Emily Henry tem uma habilidade particular na escrita de romance que é construir conflitos críveis, originados nas diferenças dos personagens e de suas circunstâncias. em um livro sobre término ( e recomeço, quem sabe?), essa habilidade se prova essencial para provocar a simpatia do leitor para com o casal. O amor de um pelo outro é evidente e ecoa nas páginas, como as letras de uma canção favorita.
os amigos também tem destaque, com suas personalidades e jornadas pessoais tendo espaço para florescerem ao longo do livro. é uma história sobre um relacionamento, sim, mas também sobre amizades e seus desafios na vida adulta. a obra tem aquele tom melancólico de abrir mão da juventude e das memórias felizes dela, para ter a chance de encontrar um lugar feliz no presente.
minhas ressalvas: teria sido benéfico conhecer mais os personagens, mergulhar nas suas idiossincrasias. comparando aos casais dos outros livros da Emily Henry, o Wyn e a Harriet parecem mais superficiais (?), menos detalhados. não ajuda que vemos seu relacionamento se desenvolvendo em capítulos intercalados de flashback ou diálogos expositivos. falta aquela atmosfera reconfortante de proximidade entre os personagens, ou, pelo menos, sua recorrência.
isso prejudicou muito a leitura, porque-e talvez isso seja uma instância de priorização do meu gosto pessoal sobre a objetividade- eu gosto de CONHECER os personagens. Ler cada pensamentinho confuso ou ansioso ou apaixonado na cabecinha oca deles. Eu gosto do espaço para os protagonistas terem momentos especiais, românticos etc. E, novamente, não é que eles não existam, mas eu senti falta de mais. No final, apesar de me importar com os personagens, eles não me conquistaram tanto assim, e eu fiquei com a sensação latente de ?meh? enquanto lia. e isso é um puta desperdício de uma premissa com potencial dramático estratosférico. faltou o bom e velho tempero!
as linhas finais são lendárias tho.