livmchdo 10/01/2024Eu tenteiMe incomoda muito em literatura nacional (geralmente do KU) os personagens simplesmente não têm voz narrativa. Todos eles parecem o mesmo, eles têm a mesma mentalidade, os mesmos trejeitos, o mesmo olhar.
O mais perto que a gente chega de conseguir diferenciar eles é o Manson falando b*ceta ou b*ndinha a cada três linhas e a Hazel não faz e por isso é mais suportável.
Além disso, a escrita é inconsistente e confusa. Às vezes têm diálogos com o português formal e às vezes do nada os personagens mandam uns coloquialismos, eles falam gírias na mesma proporção que usam ênclise NO DIÁLOGO. Não sei vocês, isso me quebra demais. Numa hora a gente tá dizendo "faça-me sentir prazer em minha glande" na fala e na outra tá falando "vai assar meu grelinho". Não tem lógica, os personagens parecem uma caricatura do que a autora imaginou serem pessoas reais.
Eu não quero nem aprofundar nessa necessidade ridícula de fazer todos os livros se passarem nos Estados Unidos, porque além de fazer uma impressão da cultura brasileira sem o mínimo de pesquisa sobre como funcionam os EUA, é uma mega síndrome de vira-lata. No Brasil nós temos universidades com time de futebol americano, temos universidades com cheerleaders, temos competição de xadrez, temos centros esportivos, temos tudo isso, é só ter um pingo de vontade de pesquisar.
Agora você me coloca estadunidense pra andar de ônibus? Usar whatsapp e falar "kkkkk"? Se você queria fazer seus personagens se comportarem como se estivessem no Rio de Janeiro, escreva uma história no Rio de Janeiro.
E o Mason é simplesmente uma red flag ambulante. Ele tem zero responsabilidade emocional, faz o mínimo e acha que se desconstruiu, e ainda temos que ouvir que a mídia que é machista. Ele usa garotas, abandona elas depois de transar, toda hora ele pensa no quanto queria matar a Hazel, estrangular a Hazel, dar uma lição nela, bater nela E ISSO É TIRADO PRA PIADA. Eu critiquei exatamente isso num outro livro que tinha um contexto cultural completamente diferente, mas aqui não tem desculpa. O Manson é pintado como um homem desconstruído, pessoa com coração puro e bom e a primeira coisa que ele pensa sobre a Hazel é que queria ir atrás dela e enforcar ela.
Eu não consigo deixar claro o suficiente quanto isso foi uma experiência decepcionante, até porque o livro simplesmente não tem plot, não tem clímax, tudo dá certo, dá certo e acaba.
No final ainda termina com uma insinuação de incesto entre primos de primeiro grau e o Manson comentando sobre a vida sexual e a genitália do filho menor de idade dele em voz alta para diversas pessoas.
Eu queria poder dar zero pra esse livro, mais ainda depois de descobrir que a autora tem atitudes extremamente questionáveis. Uma mulher de quarenta anos escrever isso aqui não tem desculpa não.