spoiler visualizarb1ktwpas 05/03/2022
A vida mentirosa dos adultos.
Este é o segundo livro que leio da Elena Ferrante e, para ser sincero, esperava um final diferente ou melhor.
Giovanna é uma garota boba crescida em boa família que, por uma frase desmedida do pai, torna-se insegura ao ponto de afundar a própria vida em meio às confusões da adolescência. O livro nos mostra, de cabo a rabo, como a fase adulta da vida não é nada além de assumir responsabilidades e contas mas continuar cometendo, muitas vezes, os mesmos erros da adolescência e tendo as mesmas dúvidas e fragilidades dos jovens. Ao longo de seu amadurecimento, a vida de Giovanna nos mostra que os adultos criam cascas para se mostrar fortes à sociedade e às crianças e adolescentes, que crescem achando que zerarão a vida, como num videogame, quando se tornarem adultos. O livro nos mostra que a vida nunca é um jogo a ser zerado, mas que estamos sendo caindo e nos reconstruindo incansavelmente até o dia de nossas mortes.
Não esperava que, entre tantas opções, Giovanna fosse perder sua virgindade logo com quem perdeu, e logo daquela maneira fria e mecânica. Apenas um rompimento de hímen para declarar-se adulta. O livro traz uma visão muito asquerosa das relações amorosas e do sexo, ao mesmo tempo que tenta exaustivamente introduzi-la na vida de Giannì. Uma clara confusão da mente de uma jovem que tem seus instintos mas, no seu íntimo, ainda guarda a ideia de um príncipe encantado, como seria Roberto Maltese. Eu fiquei contente por eles não terem terminado na cama, ainda que acreditasse que esse seria o final do livro.
Noto também que Elena Ferrante sempre faz uma clara separação entre o italiano formal ou culto e os dialetos italianos para distinguir os estudados dos ignorantes, os com-futuro daqueles sem-futuro. Eu não entendo exatamente o que a autora quer dizer com "falou em dialeto", pois não tenho conhecimento profundo das línguas italianas a este ponto, mas imagino que faça muito mais sentido ler esses romances em italiano. Quem sabe um dia!
De resto, preferia que Giovanna tivesse perdido a virgindade de maneira mais romântica ou mesmo carnal, com Roberto, ou mesmo Corrado. Não sendo assim, paciência.