darrewncriss 26/04/2021
3096 dias
Um soco no estômago. Triste, frustrante, difícil de ler. Natascha Kampusch viveu um inferno durante 8 anos e, por um pequeno deslize do sequestrador, conseguiu fugir em uma tarde de 2006.
Aos 10 anos de idade, a caminho da escola, Natascha foi rapidamente puxada por um homem e enfiada em uma caminhonete branca, sem saber que passaria sua adolescência inteira presa em um cativeiro.
O sequestrador a deixara em um pequeno cômodo de 5m² completamente isolado na garagem de sua casa, com uma longa lista de obstáculos que a impediria de conseguir sair. O local fedia, praticamente não recebia luz, e o ventilador que a deixava respirar fazia um barulho incessante que a perturbou por anos. Aos poucos ela ia recebendo presentes, formas de distração para seu tempo na pequena cela e ia descobrindo maneiras de decora-la como um quarto.
O sequestrador, paranoico e obcecado, descontava nela todos os seus distúrbios e questões internas. Natascha, que quando criança era uma menina acima do peso, passou a ter a alimentação regrada e a escutar diariamente insultos e críticas sobre seu peso, mesmo quando anos depois, se tornou uma adolescente de 1,70 que pesava 38kg.
Natascha era obrigada a trabalhar com ele na reforma da casa, limpa-la diariamente e atender a todos os pedidos de Wolfgang. Por mais esforçada que fosse, recebia reclamações e xingamentos o tempo todo. O abuso psicológico era diário.
Quando criança, era ajudada pelo sequestrador a tomar banho, e pelos anos seguintes, obrigada a andar pela casa semi nua e dormir abraçada pelo sequestrador, algemada a ele.
A parte mais difícil do livro foi ler sobre sobre as centenas de agressões que Natascha sofreu praticamente todos os dias. Ela escrevia em um caderno todos os surtos do sequestrador e alguns deles estão disponíveis no livro. É difícil pensar em como aquela menina sofreu e como tantos sofrem diariamente.
Natascha diz que Wolfgang era um homem triste e frustrado com o mundo, e que viu nela a oportunidade de ter ao seu lado uma mulher que nunca iria embora. Mas ela nunca soube ao certo por quê fora a escolhida para aquele destino cruel.
No final de sua adolescência, Natascha passou a ser levada a alguns passeios e teve algumas chances de pedir a ajuda, mas não conseguia por medo das ameaças do sequestrador de matar qualquer um que estivesse por perto. Por mais medo que ele tivesse que Natascha fugisse, ele a tinha na palma das mãos.
Porém em uma tarde em que estava trabalhando com Wolfgang na garagem na casa, ele fora atender a um telefonema, a deixando fora de sua vista pela primeira vez em 8 anos, e ali Natascha encontrou forças e correu em direção a liberdade. Não consegui segurar o choro quando Natascha se identificou ao policial e e finalmente percebeu que tinha conseguido fugir.
Porém, os primeiros dias após a fuga não foram fáceis. A notícia logo se espalhou e a perseguição dos repórteres começou. Natascha também descobriu que pouco tempo depois que foi sequestrada, a polícia teve pistas que poderiam levar a Wolfgang, mas as ignoraram. Imagina saber que você poderia ter sido resgatada há anos, mas não foi porque os homens responsáveis por isso não trabalharam direito.
O sequestrador cometeu suicídio se jogando na frente de um trem logo após sua fuga.
O choro de Natascha ao saber da notícia e suas falas sobre Wolfgang assustaram as pessoas, e especialistas forenses passaram a acreditar que ela sofrera de Síndrome de Estocolmo. Natascha diz no livro que a relação dos dois era complexa demais e que não poderia sentir completo ódio pelo sequestrador. O mesmo que a batia e humilhava a permitira viver durante todos aqueles anos, mesmo que não da forma correta. A imprensa e o público foram bem intolerantes ao ouvirem suas palavras sobre Wolfgang.
Natascha finaliza seu relato dizendo que com a conclusão desse livro ela finalmente deixa seu passado para trás e passa a ser livre.