Leonel 29/09/2020
Ficção científica muito boa.
Sob muitos aspectos esse pode ser considerado um livro 'policial' em essência. O cenário é a Terra, um dos muitos mundos onde 'humanos' vivem, sob o domínio de uma organização interestelar chamada de “Protetorado”.
Uma sociedade futurista extremamente deturpada, todos os seres humanos tem sua mente (consciência, memórias, experiências) instaladas num pequeno cartucho feito de “carbono alterado” e geralmente implantado na base da nuca junto ao cérebro, com isso a morte é apenas uma inconveniência, para os ricos e pode ser adiada indefinidamente, através do uso de clonagem do corpo e armazenamento remoto da mente (virtualmente uma cópia da consciência de uma pessoa), para os pobres porém, a morte é um elemento muito mais relevante, a maioria deles só tem recursos para uma única vida, há ainda a possibilidade de morte real, através da destruição do cartucho.
Takeshi Kovacs era um oficial do “Corpo de Emissário” um soldado das guerras de colonização e expansão, após os fim das guerras ele se volta para a criminalidade e acaba preso, seu 'cartucho' é guardado no mundo de Harlan (uma das colônias mais antigas e prosperas, tendo o status de mundo civilizado e centro de poder do Protetorado), onde ele nasceu e ele teria ficado lá para cumprir sua pena por mais de um século, caso não tivesse sido comprado para atuar como investigador de um caso 'aparente' de suicídio de um “matusa” (um pessoa rica com acesso ilimitado a tecnologia de clonagem do próprio corpo e armazenamento remoto de sua consciência para “backup”).
Transportado para a Terra e encapado (instalado num corpo) equipado com neuroquímica (preparação biológica que expande a capacidade física e sensorial), Kovacs é colocado para investigar a morte de Laurens Bancroft, que lhe propõem um acordo para reduzir sua pena, a investigação é complexa e a todo momento Takeshi se vê empacado em algum entrave, sejam assassinos que parecem sempre persegui-lo ou a descoberta de podres relacionados aos hábitos de seu contratante, que podem ou não ter a ver com sua “morte”. Nesse contexto há também Kristin Ortega, tenente da polícia que apresentara a conclusão do caso como suicídio e que se coloca como companheira de investigação de Kovacs.
A história é muito boa, muito complexa (essa complexidade em muito é relacionada à questão da tecnologia avançada e de como ela é e pode ser usada), com reviravoltas e bastante ação, referências a memórias anteriores do personagem, que servem para compor melhor a realidade do mundo e de como ele ficou da forma que é.
Uma vez que também assisti a série, já há algum tempo, é inevitável fazer comparações, há sem dúvida muita coisa parecida entre as duas obras, a diferença mais notável é a relação entre o protagonista e a antagonista principal, que segue uma dinâmica na série e outra completamente diferente no livro. Dito isso, gostei muito de ambas as obras, com uma preferência pelo livro, por acha-lo mais coerente em seu conjunto de personagens coadjuvantes.