DIRCE 11/12/2010
2 e 2 são quatro? Quem sabe? Pode ser que sim.
Procurando por uma excelente história? Por um livro que não quer ser esquecido de nenhuma maneira? Por aquela leitura que nos envolve e empurra para frente e nos obriga a fazer tempo para ler, para saber como tudo se desenrola? Tenho o livro para você: O TEMPO ENTRE COSTURAS, da escritora espanhola María Dueñas [Planeta Brasil: 2010].
Assim se inicia a resenha da Ladyce . Irresistível, não? Pois então: diante de frases tão convidativas, mais uma vez, me deixei seduzir por sua resenha. Efetivamente, não se tratava de uma propaganda enganosa: minha leitura desse livro se deu em um estado quase que febril.
A narrativa da jovem Sira Quiroga, a protagonista do romance, me transportou para as turbulentas décadas de 30 e 40, décadas nas quais o romance – fictício, mas criado em cima de fatos e personagens reais -, é ambientado. Por onde Sira passava, meus olhos também passavam: Madri, Tanger, Tenuán, Lisboa, estações de trens sombrias e hotéis suntuosos.
O romance não traz uma mensagem que marcou a minha alma, entretanto, não pude deixar de refletir que na trajetória de uma vida, nenhum cálculo ou sentença matemática podem ser aplicados. A jovem Sira tinha uma vida "redondinha", aparentemente certinha como dois e dois são quatro, mas ao conhecer Ramiro - o jovem pelo qual ela se apaixona – sua vida toma outro rumo. Abandonada, triste, endividada, Sira se vê num labirinto, mas não se deixar esmorecer, tampouco, se dá às lamúrias. Corajosamente, Sira se "atira" na nova vida ( uma vida dupla, na verdade) e aos fatos que lhe são impostos . Deixa de ser talentosa costureira de Tetuán ( Marrocos) e passa a ser Arish Agoriuq, (uma espécie de faker) a exuberante proprietária de um glamouroso atelier em Madri . No final, cansada de se deixar conduzir Sira toma as rédeas de sua vida.
Decorridos anos, ela faz um esboço do rumo que teria tomado sua vida, a de sua mãe e de outras pessoas com quem conviveu, mas como a vida não é um cálculo matemático exato, resultou em que: 2 e2 pode ser cinco, pode ser seis e ,até, quem sabe, pode ser quatro, por quê não?