spoiler visualizarYanne0 28/08/2022
Hideaway
Em Hideaway, a estória se passa um ano após os acontecimentos de Corrupt. Damon continua desaparecido e Kai precisa encontrá-lo por causa de um segredo que os dois compartilham. A estória é dividida em dois pov, de Kai e Banks, seu interesse romântico, e entre passado e presente ? como aconteceu no volume anterior.
Penelope foi esperta em criar Banks e introduzi-la dessa forma na estória, porque ela dá uma aprofundada no background do Damon através da personagem e prepara o leitor para o próximo volume da série, mas a construção da Banks em si me decepcionou.
Primeiro que a Banks do passado é muito parecida com a Rika. As duas são mostradas como garotas inocentes, mas que sentem vontade de cruzar os limites. Segundo que a Banks no presente passa boa parte do tempo passando pano para os crimes que o irmão cometeu, irritada porque ele foi preso e reafirmando a ligação que tem com ele, que deve sua vida a Damon. Eu não vi tanta evolução assim da parte dela, afinal de contas, a Banks não foi uma vítima dos cavaleiros igual a Rika foi e ela sabe cuidar de si mesma, então ela demonstrou, desde o início, certa autonomia e atitude. O que eu esperava mesmo era conhecer mais dela, já que Banks teve/tem uma vida super difícil e isso é um contraponto com os demais personagens ? todos são ricos. Também queria ter visto como ela lida com os problemas da mãe dela e justo quando a autora nos entrega um pouco disso, o arco é fechado e esquecido. Ou seja, a meu ver, a protagonista serviu, na maior parte do livro, para nos mostrar o passado de Damon e para a construção do romance com Kai ? foi bem feito? Sim, eu gostei bastante. Eu só esperava mais dela e da estória.
Gostei do desenvolvimento do Kai. Ele é um dos cavaleiros que eu mais gosto, porque ele pensa antes de agir, e a gente consegue ver a evolução do personagem ao longo dos anos em que a estória é contada, a sensação de decepção que ele carrega dentro de si e como ele tenta superar isso. Não vou mentir, eu gostaria de ter visto Kai dentro do seu círculo familiar, tanto no passado quanto no presente. Kai fala muito que os pais ficaram decepcionados com ele por causa da prisão, no entanto, a gente não tem, de fato, nenhuma cena deles discutindo isso frente a frente. Em relação a construção do romance: foi muito divertido de acompanhar as interações dos protagonistas. A química dos dois é incrível.
Eu já desconfiava, mas lendo este livro tive minha certeza. Cada um dos livros desenvolve um par de personagem, porque neste volume a gente continua não sabendo nada da vida do Will, que desde o primeiro livro não tem personalidade além de beber e transar. O que é uma pena. Ele é totalmente subaproveitado. Não é porque cada livro conta sobre um dos cavaleiros que os personagens devem ser jogados no texto e esquecidos lá. Tem cenas que Will está presente e quase não tem fala ? a gente só lembra que ele está lá porque abriu a boca e falou uma frase. Ele me passa a impressão de ser apenas uma ponta na estória, um lugar a ser preenchido, porque é tão insípido que é facilmente apagado e em nenhum ponto de vista, desde o livro anterior, temos uma construção decente dele. O pov de Kai se restringe aos problemas pessoais dele, sua vontade de encontrar o Damon e o que ele sente pela Banks. O pov da Banks também não nos fornece nenhuma informação nova do Will.
Rika e Michael aparecem pouco neste livro, mas ambos têm importância no desenvolvimento da estória. No entanto, para mim, o Michael continua sendo o tipo de personagem que desde o primeiro volume é descrito como o líder, o que cuida de tudo, o esperto, mas que, na realidade, não demonstra suas habilidades na prática. Falando sobre o que é apresentado, e não é mostrado, temos uma Banks que sabe da vida de todos os personagens e esse detalhe poderia ter sido usado para dar camadas a eles. Só que não dá. Não só a protagonista não faz isso como a autora não construiu nenhuma cena que comprove como Banks conseguiu tais informações. Fica um vazio narrativo. Banks apenas sabe tudo (quando convém saber, é claro) e o leitor tem que aceitar essa característica dela.
A construção do Gabriel como vilão me surpreendeu. Ele convence e não se utiliza de frases de efeito (foi um alívio não ver um vilão com as características de antagonistas de filmes infantis). Damon também é bem trabalhado, o problema é que tudo gira em torno dele neste livro, e ele mal aparece. E quando aparece, não faz nada ? mesmo passando o livro inteiro ameaçando os amigos.
As reviravoltas na estória foram tão fracas quanto em Corrupt e grande parte da investigação a respeito do sumiço do Damon foi sacrificada para a construção do romance. Percebi uma diferença na escrita em alguns momentos, porém a autora volta a insistir no óbvio e, às vezes, tenta forçar uma comoção nos leitores para que eles entendam as motivações de seus personagens (foi o que senti, principalmente em relação a Damon).
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Esse livro é mais leve do que o primeiro, mesmo assim, continua repleto de gatilhos. Se você é um leitor que não está acostumado a ler sobre vários tipos de violência explícita (ou a ver filmes que contenham essas características) esse livro não é para você.