spoiler visualizarVictor 04/06/2014
Resenha do livro: Assassin's Creed - Renascença
Bom, pra começar, devo advertir que o texto contém spoilers. Sempre que eu for falar algo que contenha algum, vou colocar um aviso COM ESSA FONTE. Depois que passar o spoiler, colocarei outro aviso. ^__^
Ah, outra coisa: essa resenha contém a MINHA OPINIÃO. Dessa forma, é provável que você não concorde com uma coisa ou outra – ou com tudo x-x. Daí, esse texto não contém verdades absolutas, mas sim a visão de determinado ponto de vista: o meu.
Vamos à resenha...
A história de Assassin’s Creed - Renascença se passa na Itália renascentista (o título já é bem sugestivo, né?), período que compreendido entre os séculos IV e VI. Tudo gira em torno do personagem Ezio Auditore, filho de Giovanni Auditore, um respeitado banqueiro e chefe do Banco Internacional Auditore, especializado em empréstimos aos reinos da Germânia. Ezio também tinha três irmãos: Federico, seu irmão mais velho, Claudia e Petruccio, o caçula.
A primeira parte da história é muito rápida. Ezio sai para fazer algumas entregas para o seu pai e, quando volta, sua casa está destruída. Aparentemente por desavenças políticas, seu pai e seus irmãos – exceto Claudia – são enforcados em praça pública, e ele próprio só não foi morto junto por que não estava em casa no momento da prisão. À priori Ezio tenta se manter vivo, matando até mesmo alguns guardas para isso. Sua preocupação é deixar o resto de sua família a salvo. Após algum tempo, surge uma ótima motivação para continuar vivo: vingança. E é aí que a história começa de verdade...
Após algum tempo, Ezio descobre que sua família foi morta por motivos mais ocultos... E isso o leva a seguir um destino totalmente diferente do que aquilo que ele esperava, que era simplesmente tomar o lugar do pai na empresa.
Bom, não tem como contar mais do que isso, do contrário, ninguém vai precisa nem ler. Vamos, então, às opiniões.
O que falei recentemente em uma conversa foi que, enquanto estava lendo, achei que o livro tivesse sido escrito por um garoto de quinze anos para garotos de dez. Forte, isso, né? Mas vou explicar o porquê de ter falado isso.
Logo no começo, quando o autor narra uma briga de gangues, achei a narrativa um tanto quanto sem sal. Achei que faltava dar mais detalhes do local onde estava acontecendo aquilo, mais detalhes dos personagens envolvidos, mais detalhes das ações empreendidas por eles... Enfim, achei a narração bastante pobre. Infelizmente, em todas as outras “partes de ação” achei o mesmo.
Também achei muita coisa forçada e até mesmo infantil. Por exemplo, (SPOILER) quando Ezio vai até o Palazzo, local onde seu pai e seu irmão estão presos, ele avistou dois guardas. Como precisava passar, Ezio dá uma forte pancada e deixa-os inconscientes. O problema é o que tem em seguida: “Se aquilo não tivesse dado certo, Ezio sabia que teria lhes cortado a garganta sem hesitar nem por um segundo”. Como assim? Ezio tinha somente 17 anos. Ele não era um assassino. Pelo menos não ainda. =p Na mesma página, após subir as paredes de uma torre “com um esforço monumental”, encontrou, NA PRIMEIRA JANELA, a cela de seu pai. Achei tudo forçado; da ação à palavra “monumental”. Você pode achar que eu sou um chato de galochas e que estou sendo desnecessariamente criterioso, mas creio que não. Existem vários outros exemplos em que se pode notar uma narração infantil. Outro deles é quando ele está conversando com Paola, uma dona de bordel que refugia sua mãe e irmã:
“Durante a conversa, Ezio foi se acalmando, enquanto todos os pensamentos desenfreados colidiam uns com os outros. Por fim, ele conseguiu afastar seu choque e seu medo, pois tinha chegado a uma decisão e encontrado um propósito, ambos irrevogáveis.
- Vou matar Uberto Alberti - disse-lhe.
Paola pareceu preocupada.
- Entendo seu desejo de vingança, [...] e você não é um assassino por natureza, Ezio...
[...]
- Poupe-me do sermão.
Paola o ignorou e completou a frase:
-... mas posso transformá-lo em um.”
Particularmente, acho muito estranho alguém decidir se tornar um assassino pensando tão pouco. Acho que nesse momento era necessário inserir o leitor na mente de Ezio, mostrando as implicações de suas vontades, o sentimento que o tomou enquanto decidia, o medo de tudo dar errado, enfim... Veja que estou me referindo à narrativa, e não à história em si. Acho que uma decisão central do personagem principal merecia mais do que “Por fim, ele conseguiu afastar seu choque e seu medo, pois tinha chegado a uma decisão”. (FIM DE SPOILER)
Em diversos momentos da leitura, tive a sensação de o autor estar se esforçando muito para a história ficar emocionante. Isso foi irritante, porque ao longo da história ia me deparando com tais momentos, o que me fazia querer passar logo para alguma parte não tão emocionante (para as pessoas que, como eu, têm dificuldade em perceber sarcasmo, aqui foi usado. xD).
Criei muita expectativa (SPOILER) para as participações ilustres do livro, à saber: Leonardo da Vinci e Nicolau Maquiavel (essa última, soube quando uma pessoinha chatinha abriu o livro ao meu lado e disse “Olha só, você tinha visto? O Maquiavel aparece!”. “Não, não tinha visto. e-e”. Bom, avisando, as expectativas não foram superadas. :) (Aqui nesse emoticom é sarcasmo de novo) Na verdade, as partes que mais me dava prazer durante a leitura eram as que o Leonardo aparecia. No entanto, o que me fez não apreciar tanto foi a maneira como o autor forçava a personalidade e os hábitos – que são bem conhecidos – dele. Enfim, nada demais, mas achei um pouco estranho. Um exemplo disso é quando Ezio vai com sua mãe ao ateliê de Leonardo. Leonardo fala: “Existem momentos em que acho que eu preferiria fazer trabahos mais práticos, trabalhos que tenham relação direta com a vida. Desejo entender a vida, como ela funciona, como tudo funciona. Se eu pudesse! Sei o que quero explorar: arquitetura, anatomia, até mesmo engenharia. Não desejo captar o mundo [...] desejo mudá-lo!”. Daí, Ezio pensa “[...] o homem claramente não estava se vangloriando, parecia quase atormentado pelas ideias que fervilhavam dentro de si. Daqui a pouco vai nos dizer que também trabalha com música e poesia!”. (FIM DE SPOILER).
Como desgraça pouca é bobagem, também achei tudo muito previsível. Conheço pessoas que leram e compartilham da mesma opinião. É muito fácil saber o que vai acontecer, principalmente por que a narrativa segue um ritmo muito linear. Todos os capítulos giram ao redor de Ezio, ou seja, não há personagens seguindo histórias paralelas. Daí, as situações que Ezio se envolve tendem a ser rapidamente resolvidas. Não há muitas surpresas.
Outra coisa que notei e que me incomodou bastante foi o fato de as personalidades dos personagens serem muito parecidas. Não tem nada muito característico em nenhum deles. Os vilões são maus, os mocinhos são bons. Isso tudo com poucas exceções. Não que eu esperasse grandes valores humanos envolvidos, mas... Enfim, não há nada muito profundo. Trata-se de entretenimento, e só.
Mas há algo MUITO IMPORTANTE: Assassin’s Creed – Renascença é a novelização de um jogo. Bem, eu não joguei o jogo. =p Só tive contato com ele quando vi um amigo jogando (sdds, Diego). Pelo que pude ver na internet, como adaptação do jogo, está muito bom. A questão é que ele não é vendido como um guia do jogo, por exemplo. Ele é vendido como um livro de literatura, um romance. Portanto, a minha opinião é em relação ao romance, e não à adaptação. Como livro, não gostei. Demorei duas semanas para ler, procrastinando ao máximo, porque achava chato. E olha que ele é fininho, com, em média, 370 páginas.
Concluindo, essa é minha opinião. Talvez seja útil para alguém. Ou não.