Pietra 13/08/2023
Vai nos falar dos outros mundos entre as estrelas (...)?
Como avaliar um livro revolucionário? Na minha opinião não tem como, mas podemos falar sobre o porquê dele ter esse título.
"A mão esquerda da escuridão" foi uma surpresa e tanto para mim, que pegou o livro sem saber nada além da fama de sua autora (a qual, inclusive, fez jus a isso). Com uma prosa leve e fluida, Le Guin nos leva para um futuro distante, em um planeta ainda mais distante, com pessoas como eu e você.
Achei interessante a ideia de que a vida alienígena em outros lugares seria composta de seres humanos e não de algum ser extremamente diferente, com 7 pernas e três olhos. Aqui a unica diferença é do sexo: os habitantes de Inverno não tem órgãos sexuais permanentes, isto é, não são nem homens e nem mulheres, são apenas pessoas.
Além de visionária, Le Guin toma cuidado e explica com destreza as implicações que isso teria na sociedade e, por meio do personagem principal vindo da Terra, nos mostra como seria essa percepção. Por vezes, Genry Ai acaba tendo pensamentos estereotipados, além de não compreender muito bem como diferenciar características "típicas" de cada sexo nessas pessoas. Acredito que, dessa forma, o entendimento do que seriam pessoas andrógenas naquela época foi sutil e simples, apenas uma introdução ao assunto.
Deixando um pouco de lado essa questão, temos a história em si, uma lindíssima narrativa que nos conta sobre amizade, amor, resiliência e compreensão do diferente. Temos um mundo novo apresentado à nós, com diferentes religiões (as quais mereciam ter suas próprias resenhas de tão complexas), diferentes costumes e diferentes significados.
Foi uma jornada e tanto, com aprendizados que com certeza vou levar pra minha vida pessoal. Nota máxima.
"A mão direita da luz é a escuridão, e a mão esquerda da escuridão é a luz"