Milena.Novack 14/01/2024
Fico com Allende no realismo mágico!
Tenho muitos amigos que adoram esse livro, consagrando-o, inclusive, como sua leitura favorita. Imaginem a minha surpresa ao perceber, página a página, que nada me prendia a ele é só sabia, a cada palavra, sentir saudade de Isabel Allende. Saindo de um romance geracional e que revela um contexto histórico belicoso, como a Casa dos Espíritos, em que conhecemos detalhadamente a estirpe, neste romance de Gabriel Garcia Márquez o que menos temos é personalismo. É isso é proposital, é claro, afinal, os personagem com nomes repetidos impedem que nos apeguemos as suas histórias efusivas e fantásticas. É isso é um recuso literário, imagino eu. E, sendo assim, muito legítimo. Mas gera um desconforto, uma curiosidade de quem são essas pessoas, que se misturam e se perdem na história. Uma leitura atenta é o mínimo, mas também, é necessário desapegar e fluir por esse mar de contradições, evitando a neurose de compreender tudo que ocorre com todos. Acerca da solidão, penso que remete a isso que fica, enquanto todos se vão. Esse angústia de potência perdida, do quanto poderíamos compreendê-los, conhecê-los e que o tempo, apesar de centenário, levou embora com suas guerras por motivos já igualmente esquecidos. Apaixonada que sou por um detalhismo psíquico, Gabo trouxe como método o dinamismo e a impessoalidade. Mas, talvez, apenas assim nos mostrou como a violência descarta vidas como se fossem desprovidas de história. Invariavelmente, após esta leitura e a de Memórias de Minhas Putas Tristes, ainda prefiro a moda Allende!