spoiler visualizarluna139 24/02/2024
O lado iluminado de Alasca
Antes de tudo, eu gostaria de explicar bem o título dessa resenha e quanto mais eu penso sobre, mais compreensível fica a perspectiva de outrem sobre a Alasca.
O trecho "Você não ama essa vaca mal-humorada e doida." ou quando o autor explica sobre muitas vezes que alasca conversa com miles ele só enxergar a nuca ou alguma parte de seu rosto não estar visível por causa da luminosidade são exemplos da ocultação muita vezes proposital da Alasca pelo lado do miles, do coronel, takumi, etc. especificamente, de seu lado depressivo, instável, sentimental e complicado, e é isso que eu quis trazer no título, como só vemos a face iluminada da lua e como Miles só procurava a iluminação da face que ele gostava da Alasca. Isso reflete na história toda, essa busca pela personalidade dela, por conhecer ela, e por desconhecer também, que praticamente sempre foi algo resultante das próprias vontades deles explica o título do livro também, explica os sentimentos ao redor da mesma.
Essa vontade de moldar a Alasca, querer somente os dias iluminados dela do Miles também explica muito do porquê ele levou tempo e possivelmente não descobriu o que realmente aconteceu, embora todos os fatos da história.
Era claro para Alasca que miles não entendia a mesma e nem procurava isso, a não ser após o epicentro da história, a mesma já diz isso.
Miles não gostava do comportamento impulsivo de Alasca embora ele mesmo apresentasse isso as vezes, e todo esse lado dele alimenta a culpa dele, o comportamento autodestrutivo dele, principalmente quando ele parece puni-la por isso.
Essa incompreensão dele acaba formando o personagem em uma visão muitas vezes irritante, o que foi meu caso, um exemplo disso, é a falta de consciência de classe e vivências que se mostra presente quando os mesmos discutem sobre ir embora daquele lugar, afinal, apesar do intelecto, Miles se provava muitas vezes condescendente e pretensioso.
Outro ponto que eu adorei na história foi o forma do luto dos personagens, acabei me irritando no começo a medida que ao passar da páginas foi se tornando algo entendível, por exemplo, Miles culpa a Alasca por ter transformado seu conhecimento por ela algo difícil quando ele mesmo fazia isso diversas vezes, esse sentimento de culpa que ele rebatia pra ela e pra ele a partir do depois é muito interessante de se observar e fala muito sobre a resposta do personagem a situações não convencionais. Um trecho que remete bastante isso é esse aqui.
"Será que eu ajudei você a alcançar um destino que não desejava, Alasca, ou apenas a ajudei na sua autodestruição intencional?
Porque são crimes diferentes, e eu não sabia se sentia raiva dela por ter me tornado parte do seu suicídio ou se sentia raiva de mim mesmo por tê-la deixado sair."
Poderia ficar falando por horas sobre a construção do ambiente, outros protagonistas e etc. mas essa resenha já está longa demais então vou pular aos pontos que não gostei e um desfecho.
Bom, desde o começo até o trote final, é possível perceber que Alasca é feminista, luta por isso e que os garotos acham isso um pouco banal, e eu achei que isso somado a como Alasca age em relação a isso foi construído de forma um pouco genérica por parte do autor; isso é uma crítica pessoal minha que confesso que não gostei na história.
Contudo, é um dos meus livros favoritos da minha vida, eu me sinto como se tivesse trascendido durante essa leitura e que ela renovou muito do meu conceito sobre tudo.
Por último, gostaria de destacar um dos meus vários trechos favoritos desse livro.
"Ela não me deixou o suficiente para descobri-la, mas me deixou o suficiente para redescobrir o Grande Talvez"