Ultwaviolenc 04/01/2024
Arquitetado em 1944, o livro de estreia de Clarice Lispector, acompanha a trajetória de joana, a mãe da protagonista morre e deixa ela com o pai, ela acaba ficando órfã de pai também e vai morar com os tios, que achavam a menina estranha e chamava de ?víbora ?, logo depois dela roubar livros na biblioteca, eles acabam mandando ela pra um internato. O desamparo de não pertencer a algum lugar específico, a solidão e essa busca pela liberdade são questões que Joana vai percorrer ao longo do livro, essa solidão humana, fruto de uma contradição do mundo externo perpassa a narrativa da personagem.
O livro, não tem uma progressão linear dos fatos(assim como todos da autora), ele é dividido em duas partes, a primeira que é antes do casamento de joana, que se inicia ela na infância, junto com os questionamentos que ela fazia com o pai, alguns flashback dela na escola, e quando o pai morre, ela começa a lidar com o desamparo e o sentimento de que ninguém vai entender e conseguir amar . Na segunda parte o foco é no seu casamento com Octávio, seus questionamentos se ama ele e quer conviver naquele casamento( não tem como desenvolver esse tópico, sem dar spoiler :) ).
Dá pra fazer uma associação da obra com as ideias freudiana, já que a personagem Joana não tem o narcisismo primário, aquilo que todo bebê precisa na infância, que é os cuidados dos pais, termo que vai ser chamado como ?vossa majestade o bebê?, onde todos os cuidados cercaram esse objeto amado, para que no futuro, ele possa amar, ?é preciso amar, para não adoecer, e quando a gente ama acaba adoecendo?.
Uma curiosidade é que a personagem Joana tem muitos fragmentos que a própria escritora tem,no seu divórcio com seu primeiro marido, ele escreve uma carta chamando a Clarice de ?Joana ?, e fala sobre o casamento( algo parecido com o da própria protagonista com Octávio).
Sem dúvidas é um dos melhores livros que já li, e é fantástico pensar que a Clarice tinha só 23 aninhos quando publicou :).