Luhar 12/01/2024
Navego na Minha Imensidão
A história é atemporal e ao mesmo tempo cotidiana , Lispector sabe bem pôr reflexões nas mais simples coisas , em uma realidade que se entende mais sentindo do que tentando abordar muita lógica , foge da lógica mas tem sua base.
A protagonista Joana é uma garota que para mim : se transforma nos próprios pensamentos quando pensa , de tão vívidos que são , cheios de si. Em meio a isso à sua tragédia , seu marido Otávio , como uma peça que sobra , com algo que lhe falta , jamais poderia acrescentar algo a Joana , se já tem falta de si próprio.
Porém , Joana encontra abrigo em um homem , ao contrário do marido , esse põe combustível nos pensamentos submersos de Joana , até mesmo brincando de inventar palavras , n'uma interação tão terna...
Mesmo assim , Joana não o tem , essa é sua sina , só tem a si mesma e mais ninguém. Se transforma no próprio pensamento em si quando pensa , mas isso continua sendo bom quando se perde todos a sua volta por se ser o que se é ? Ou melhor , busca deixar de ser enquanto procura sentido em ser algo , procura saber o que já foi , busca sentir isso , sentindo mais que pensando , mais que dizendo ao menos.