Pedro Páramo

Pedro Páramo Juan Rulfo




Resenhas - Pedro Páramo


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Valéria Cristina 08/03/2024

Uma obra-prima
Um jovem, no leito de morte de sua mãe, promete-lhe sair em busca do pai. Com esse intento, dirige-se a Comala.

Este é o ponto de partida de “Pedro Páramo”, obra-prima de Juan Rulfo. A narrativa dessa busca ocorre em uma região rural não identificada do México, onde o tempo é fluído e não é possível desembaraçar presente e passado. A vida e a morte se entrelaçam e não é faz sentido identificar quem está vivo e quem está morto.

A história retrata busca, vingança, injustiça e um amor imenso. Retrata, ainda, a situação política do México e a realidade social de sua população rural, apresentando o poder dos estancieiros e a subjugação de todos aos seus desejos.

Concisa e justa, nesta narrativa nada sobra e nada falta. O único romance de Juan Rulfo é simplesmente perfeito, irretorquível e, no dizer de Susan Sontang, “uma das obras-primas da literatura mundial do século XX”.

Juan Nepomuceno Carlos Pérez Rulfo Vizcaíno nasceu em 16 de maio de 1917, no México. Fotógrafo e mestre literário com apenas dois livros, o segundo deles tornou-se um romance clássico da literatura mundial: Pedro Páramo (1955). O primeiro, o livro de contos El llano en llamas (1953) já anunciava o vulto do escritor. Segundo o crítico Eric Nepomuceno, “o número de páginas editadas apenas para analisar sua obra é pelo menos cem vezes maior do que as páginas que ele mesmo escreveu”.

Em 1970 foi consagrado com o Prêmio Nacional de Literatura e, 10 anos depois, o governo mexicano lhe prestou uma homenagem nacional, com a exposição de sua obra fotográfica no Palacio de Bellas Artes. Essa exposição resultou no lançamento do livro de fotografias Inframundo (1981). Em 1983 foi consagrado como o grande escritor ibero-americano com o Prêmio Príncipe de Astúrias. Faleceu em 1986.
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Fabrício Franco 05/03/2024

Os sons líquidos de uma dupla jornada
Considerado o romance mais aclamado da literatura mexicana, é uma obra que exige a atenção do leitor. Com pouco mais de 100 páginas, a história começa com uma promessa: no leito de morte da mãe, Juan Preciado promete sair em busca do pai, Pedro Páramo. Ao chegar à pequena cidade de Comala, Juan descobre que Pedro já faleceu há muito e que, aparentemente, todos na cidade também se foram. Entretanto, um clima de assombro e incertezas toma conta do enredo, deixando claro que naquela cidade, repleta de ecos e vozes, nada é o que parece ser.

Na essência, esta é uma história de duas jornadas. A primeira é linear: um homem em busca de seu pai desaparecido. A segunda jornada é dantesca: uma descida espiralada ao submundo. Mas ao contrário do inferno matematicamente plotado por Dante, o de Rulfo é em grande parte sensorial, densamente povoado de sons e suas reverberações infinitas.

Fiquei deveras surpreso ao ver quanto do romance é composto por detalhes sonoros: o ar parado estilhaçado pelas asas batendo das pombas; beija-flores zunindo entre os arbustos de jasmim; risadas; um toque de dedos na janela do confessionário; o relógio da igreja soando as horas, "uma após outra, uma após outra, como se o tempo tivesse contraído." Também sons que não podemos ouvir, mas quase podemos imaginar: "a terra girando em dobradiças enferrujadas, o tremor de um mundo antigo derramando sua escuridão." E, é claro, os inúmeros sons da chuva. Chove muito em "Pedro Páramo". E é geralmente a água que marca as transições espaço-temporais do livro. Os mortos ficam inquietos quando chove. Como sementes, começam a se agitar em inquietação, até que irrompem em conversa: conforme a chuva amolece o solo, suas vozes conseguem se infiltrar e se tornar audíveis. Há uma inevitável fugacidade num romance com estrutura narrativa montada a partir de vozes abafadas em águas lamacentas, mas não é justamente o efêmero que nos faz inclinar a cabeça para ouvir melhor?

A escrita de Rulfo é econômica, com frases e palavras reduzidas ao essencial. Algumas passagens ficam em aberto, convidando o leitor a conectar os pontos com sua própria imaginação. O cenário rural, quente e árido em que se passa a obra serve como pano de fundo para reflexões sobre questões relevantes e delicadas, como o papel da igreja, o coronelismo, o incesto, a miséria e o amor não correspondido.
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gabi_rp 03/03/2024

Livro de realismo fantástico. Achei uma leitura envolvente, mas difícil. Pretendo relê-lo novamente um dia.
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Javalis de Chernobyl 28/02/2024

"No dia em que você foi embora, entendi que não tornaria a vê-la. Você ia tingida de vermelho pelo sol da tarde, pelo crepúsculo ensanguentado do céu. Você sorria. Deixava para trás um povoado do qual muitas vezes você mesma me disse: 'Gosto daqui por sua causa, mas odeio isso aqui por causa de todo o resto, até por ter nascido aqui.' Pensei: 'Não regressará jamais; não voltará nunca."(p.45/46)

Sinto que a narrativa se perdeu um pouco pra mim em algum momento, que eu desanimei no segundo terço do livro e li bem de qualquer jeito. Mas o livro é lindamente bem escrito e a história é muito interessante. Sei que uma segunda leitura renderia uma avaliação e análises mais justas da minha parte.
A estética do realismo mágico, apesar de ser incrível, não me apetece tanto enquanto leitor, mas esse livro é sensacional.
Conta a história de um jovem que está a procura de seu pai, Pedro Páramo, após fazer uma promessa para sua mãe morta, de que ia encontrá-lo e fazê-lo pagar tudo o que devia a eles. Acontece que, não só Pedro, como a maioria das pessoas no livro estão mortas.
O livro trabalha uma longa alegoria sobre a relação entre vida e morte, tendo o México uma cultura tão singular nesse ponto, acho que só um mexicano compreenderia de fato as nuances do que Juan Rulfo queria expôr aqui.
O personagem que dá nome ao livro, pra mim, é a grande alegoria do México, a pátria mexicana: Morto, pai de muitos filhos largados, um assassino cruel (como todas as pátrias latino-americanas).
Certeza que uma segunda leitura, daqui uns anos, vai me render uma nota maior do que 3/5. De fato uma das melhores obras latino-americanas que já li.
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Bianca.Drewnowski 20/02/2024

8/10
Não fiquei encantada pelo livro, é bom, narrativa boa, proposta excelente, mas não foi uma leitura que me prendeu, que senti vontade de retomar, apenas li. O prefácio do livro prometeu muita coisa, fiquei decepcionada pela expectativa que o prefácio me gerou, mas da história não tenho queixa, só não me fisgou.
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Isabella1916 17/02/2024

Fomos enterrados vivos! ?
Que coisa! Agora estou fadada a permanecer em Comala mais um pouco. A minha vontade agora é investigar cada uma das histórias e colocá-las em uma linha do tempo, mas aí o livro não teria a menor graça.

Que leitura difícil. O obstáculo da temporalidade é marcante aqui, você precisa se acostumar com esbarrar em histórias com tempos diferentes, narradores diferentes e falastrões interrompendo sua leitura dentro da própria escrita.

Muitas vezes esse livro me pegou de surpresa, passe das primeiras páginas e você irá se acostumar com a falta de temporalidade e começar a entender do que se trata a história.

Se eu posso te dar uma dica: guarde o nome de cada um dos personagens, isso vai te ajudar. Assim como os mortos, eles sempre voltam pra nos revelar alguma coisa ?
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Maria 11/02/2024

Nada é o que parece ser
Ler Pedro Páramo é uma tarefa que exige atenção e muita atenção. O começo pode ser bem confuso mas persista! Acabei prolongando mais do que esperava porque em alguns momentos tive a sensação de que tava perdida sem entender nada, mas na sequência era o que estava entendendo mesmo.
Quando Juan vai atrás do pai a pedido da mãe, em leito de morte, ele se depara com um cenario misterioso e intrigante, assim como nós. A trajetória de seu pai Pedro Páramo é reconstituída a partir de memórias de várias vozes, por isso tem a mudança constante de narradores. A morte é a única certeza aqui ksks
Essa sem dúvida é uma leitura obrigatória, assim como sua releitura!
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@thereader2408 02/02/2024

A cidade é tão quente que o tempo parou
O livro conta a história da viagem de Juan Preciado a Comala por ordem de sua mãe, que em seu leito de morte pede para que este encontre Pedro Páramo, seu pai. Acontece que em Comala os habitantes vagam como almas penadas que são, não há futuro nem na morte, o tempo narrativo é incerto, história é cíclica e tudo acontece em um looping infinito de injustiças. Comala é um lugar onde o tempo está suspenso e tudo acontece em todo o lugar e ao mesmo tempo. A narrativa está longe de ser simples e quem me recomendou? Gabriel Garcia Marquez, por causa deste livro foi concebido "Cem anos de Solidão", meu livro favorito da vida. Gratidão.

Sabe quem mais recomenda? Jorge Luis Borges, Günter Grass, Susan Sontag, Carlos Fuentes e Mário Vargas Llosa. Em Comala todos estão mortos (isso não é spoiler, está na sinopse) e o que vemos são fragmentos de vozes, seja na primeira pessoa de Juan Preciado, que está em busca de pistas sobre seu passado, seja em terceira pessoa, nos murmurios dos personagens com os quais Preciado vai encontrando em seu caminho.

A pesar das 100 páginas, dependendo da edição, é importante ter atenção, não sabemos qual o tempo e em algumas vezes, nem quem está falando e releituras são necessárias, sempre tem algo novo para descobrir... Tem muita pauta de discussão e não estou falando apenas sobre Páramo, nem Juan Preciado, nem Comala e a fazenda Meia Lua de onde Páramo comanda de forma opressora a vida das pessoas na cidade, estamos falando aqui de uma grande alegoria da vida mexicana. Parece ser a simples jornada de um homem em busca da pai, mas é uma jornada de um homem em busca de si mesmo, de sua identidade e de seu lugar no mundo.

Pedro Paramo é uma enorme parábola da história do México, principalmente da época em que o livro foi concebido, durante a revolução mexicana (1910 - 1917) e a Guerra Cristera (1926 - 1929). Digo mais, Pedro Páramo é uma grande analogia da América Latina. Páramo é o típico poderoso latino-americano, latifundiário, explorador, assassino, estuprador, corrupto que faz tudo para manter seus privilégios. Pedro Páramo é o puro suco da América Latina, foi ambientado no México, mas poderia muito bem ter sido ambientado no Brasil.

@thereader2408

site: https://www.instagram.com/p/C14qr6JLJn0/?img_index=1
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Marina 01/02/2024

Entendo a importância histórica do livro, que ele foi inovador e abriu caminhos na literatura latinoamericana, mas eu achei chato e confuso. É curtinho e foi sofrido para terminar de ler. Gostei muito mais do livro "A cabeça do santo", da Socorro Acioli, que usa a mesma premissa desse livro mas desenvolve a história de uma maneira que achei mais interessante.
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Félix 27/01/2024

E eu terei que escutar até que sua voz morra
Juan Rulfo é pouco lembrado e reconhecido, mas o que seria do realismo mágico sem as obras dele? Pedro Páramo é a obra responsável por iluminar Gabriel García Márquez a completar sua obra prima: Cem anos de solidão. Indo mais longe, vemos reflexos de sua obra influenciar autores atuais, como Socorro Acioli em A cabeça de santo. Em ambas as obras nosso primeiro protagonista cumpre um pedido da mãe, indo para uma cidade pequena em busca do pai, cidade em que as pessoas são ruínas de si mesmas, embora de formas diferentes.
Comala é uma cidade fantasma que carrega histórias simples, e o simples nesse caso é simplesmente fantástico, desde a busca ao pai, os filhos e as mortes, o amor confuso e triste de Pedro Páramo e as diversas vozes que preenchem essa história. Rulfo conseguiu escrever tantas coisas em tão poucas páginas, é um dom de poucos.
Em Pedro Páramo vemos a realidade camponesa no México e por mais que não seja o foco principal da obra, vemos o peso que a Revolução Mexicana deixou, mas vemos ainda mais o estado emocional durante essa época, a solidão de um povo em uma terra devastada, onde a esperança se perdeu em meio a violência e desigualdade.
Uma das frases que achei mais forte foi: Vou cruzar os braços e Comala vai morrer de fome. Há tanto peso nisso, nos faz refletir não sobre Comala e México, mas sobre toda a américa latina. Quando li essa frase ela ressoou tão profundamente em mim. Quem cruzou os braços para a américa latina? Nós? E quando ele cruza os braços é como se todos os outros também cruzasse, é por isso que Comala se torna fantasma. E os nossos pedaços vão morrendo a cada dia, e ao que parece, nos acostumamos com isso.
Ler livros latino-americanos é mágico, independente de qual país seja, é sempre como se fosse nossa casa. É familiar, atravessando diferenças culturais (e as unindo) e fronteiras. É tão familiar e próximo que parece uma história real, contada por uma tia, um tio, avós e avôs. E nenhum livro norte-americano, europeu ou asiático consegue trazer esse reconhecimento, por mais que seus personagens pareçam reais, com problemas parecidos com os nossos, são distantes. O que une toda a américa latina é algo muito mais profundo e as vezes não reconhecemos e não damos valor aos nossos. Leiam livros latino-americanos, porque são incríveis e porque precisamos continuar unidos para crescermos mais fortes, para que nossos pedaços não morram e não virem pó, para não nos tornamos uma terra de fantasmas. Carregamos tesouros que não se encontra em outros lugares, e nenhum tesouro será maior do que nossa casa.
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Eloah 23/01/2024

Incrível livro
Eu cheguei a esse livro como, imagino, a maioria dos leitores brasileiros: através de Gabriel Garcia Marquez, Borges e outros. Se tantos mestres falam tão bem desse pequeno livro, não deve ser à toa. E não é. Apesar de sua curta extensão, Pedro Páramo é um livro equilibradíssimo: personagens marcantes, quebras de expectativa nos momentos certos, ritmo perfeito e.... realismo fantástico. Virei fã do gênero.

Esse livro entrou para minha tríade de livros curtos que são uma bomba: A morte de Ivan Ilitch, Coração das Trevas e agora Pedro Páramo.

Não leiam nada sobre o livro antes da leitura! Deixem-se surpreender por ele!
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Arthur B. Senra 23/01/2024

Americas
Um dos maiores e melhores romances latinoamericanos. Morte e vida caminham juntas, nessas americas que não do norte... é em contato com a morte que sabemos sobre a vida...é em busca de entender, que as coisas se complicam nesses lugares áridos.

Livro que ganhei de presente, uma ótima surpresa.
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