Claro enigma

Claro enigma Carlos Drummond de Andrade




Resenhas - Claro Enigma


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Clio0 14/05/2022

Drummond, mas triste, amargo pelas frustrações da vida.

Os poemas dessa antologia fogem do Modernismo, se apegando novamente a métrica, mas sem abandonar a forma. Como tudo de sua obra, é para ser declamado, não apenas lido, embora as reflexões pareçam por demais pessoais para serem compartilhadas.

Ainda assim é Drummond. Um poeta brasileiro que todos deveriam ler ao menos uma vez, que embora use e abuse de referências e linguajar mineiro, fala à todos todos os estados.

Recomendo.
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J. Silva 17/11/2022

Claro Enigma
Claro Enigma é uma obra composta por 42 poemas. Data de 1951, situando-se no período histórico em que teve início a Guerra Fria.

Drummond transmite em seus textos toda a melancolia e frustração típica desse momento histórico. Demais disso, o autor regressa à forma clássica, abandonando a liberdade de criação e de versos livres.

Alem do texto ser marcado pela exposição de ideias contrárias, o próprio título "Claro Enigma" demonstra esse marcante contraste, uma vez que claro é algo que se entende com facilidade, enquanto enigma é algo difícil que precisa ser decifrado.

Em resumo: é Claro Enigma é obra profunda e cheia de nuances e dualidade. Vale anotar que, o poema A máquina do mundo, o penúltimo do livro, foi eleito o melhor poema brasileiro do século XX.

Para ilustrar a versatilidade dos versos, abaixo são pingados dois textos:

Escurecem e não me seduz
tatear sequer uma lâmpada.
Pois que aprouve ao dia findar,
aceito a noite.

E com ela aceito que brote
uma ordem outra de seres
e coisas não figuradas.
Braços cruzados."

.....

Eu quero compor um soneto duro
como poeta algum ousara escrever.
Eu quero pintar um soneto escuro,
seco, abafado, difícil de ler.

Quero que meu soneto, no futuro,
não desperte em ninguém nenhum prazer.
E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, não ser.

Esse meu verbo antipático e impuro
há de pungir, há de fazer sofrer,
tendão de Vênus sob o pedicuro.

Ninguém o lembrara: tiro no muro,
cão mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.
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Namira 14/07/2021

Tenho certeza que o aproveitamento seria muito melhor se eu entendesse bem o que ele quer dizer nos poemas. Tudo que Carlos Drummond escreveu é muito complexo: as estrofes, as rimas, etc. Compreendo o que ele quer passar, a leitura fica ainda mais legal. Para quem tiver paciência de reler várias vezes e ver vídeos sobre, recomendo muito
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Evy 23/10/2020

Drummond é simplesmente maravilhoso e esse livro traz alguns poemas mais reflexivos em relação principalmente as relações e condição humana. Foi publicado em 1951, mas são versos que viajam através dos tempos e ainda hoje são muito atuais. Seus poemas versam a angústia do ser humano que se sente oprimido e esmagado. Incomodado e em busca das perguntas que precisam ser feitas e que nos fazem refletir sobre a vida, o amor, a ausência, o tempo e a própria poesia.

Não são perguntas fáceis de ser lidas, que dirá respondidas. Como no poema "Perguntas em forma de Cavalo-Marinho" onde questiona: "Que metro serve para medir-nos? Que forma é nossa e que conteúdo?". E nesse mesmo poema:

"Contemos algo?
Somos contidos?
Dão-nos um nome?
Estamos vivos?

A que aspiramos?
Que possuímos?
Que relembramos?
Onde jazemos?".

Como se não bastasse, no poema "Confissão" nos pergunta "Do que restou, como compor um homem?" como quem pergunta como vai o dia... E finaliza dizendo: "Não amei bastante sequer a mim mesmo, contudo próximo. Não amei ninguém". A introspecção da poesia de Claro Enigma, encontra ecos em nossos dias atuais, na situação atípica que vivemos, nas incertezas do amanhã e nas angústias de um presente que jamais imaginamos e explicita isso no poema "Cantiga de enganar" ao dizer-nos "O mundo é talvez: e é só". e no poema "Estampas da Vida" no verso "Toda história é remorso".

Mas traz também algum alento, em um de seus poemas mais lindos e que é um dos meus favoritos: "Amar" e que talvez seja a única pergunta que deveríamos nos fazer sempre e a única busca infinita a qual jamais deveríamos abrir mão ou deixar morrer, apesar de tudo:

"Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
(...)
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor

Amar a nossa falta mesma de amor".

Que mais posso dizer a não ser que recomendo muito a leitura?
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Bia 26/04/2021

Resenha Claro Enigma.
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Editora: Cia das Letras
Preço que paguei: R$18,00
Leitura nº: 28
Nº de páginas: 144
Personagens favoritos: —
Pontos positivos: Tem uns coisinho fofo
Pontos negativos: Acho que o fato de ler um livro por obrigação me fez criar um impasse com ele, mas jesus cristo, que livro chato — e difícil.
Citação favorita: —
Estrelas:2
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tomperadinha 23/12/2020

?
Drummond é um gênio. Em Claro Enigma, ele muda um pouco o corpo de sua poesia, trazendo vulnerabilidade e a realidade da vida de forma sutil.
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Ale245 02/07/2020

Gostei, principalmente dos poemas sobre a morte. "A mesa" é emocionante, me marcou
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Clube do Farol 12/10/2022

Resenha por Elis Finco @efinco
Claro Enigma é dividido em 6 partes, advêm da maturidade dos quase 50 anos e não existe uma ruptura com o que veio antes e sim um aprimoramento do tempo, do gênio e dos anos. No entanto, preciso deixar claro que os temas se encontram e se separam em todas as divisões, que na escrita os sentimentos se completam.

Os recursos da poesia moderna passam a conviver com formas fixas, entre elas os sonetos, e com esquemas de rimas e metros clássicos na língua portuguesa, como a redondilha, o decassílabo e o alexandrino. O tom jocoso, muitas vezes presente nos livros anteriores, se torna aqui predominantemente grave e elevado.

Eu escolhi ler cada parte ao longo de um dia, e fui assim aproveitando as pausas para como quem conversa com um sábio amigo.

Entre Lobo e Cão começa me dando a sensação de cansaço, não da vida, mas das certezas que advém com ela, um certo deixar estar, escolher quais lutas valem a batalha. Contudo, não senti que fosse pessimismo e derrota. Não, longe disso.

É um se dar conta da vida e de sua finitude, da brevidade dos dias e o anseio por viver mais, fazer mais e sentir que a cada instante tem-se menos. Daquilo que não foi e ainda nos aflige por não ter sido, a perda do filho que não nasceu. A saudade, ausência, sonhos e as realidades.

À medida que fui lendo, notei que o clima parecia querer fazer parte da leitura. Não eram dias de sol, mas solenes dias nublados e sóbrios dias de chuva.

Na segunda parte me lembrou a estátua de Drummond, aquela sentada de costas para o mar a compor o cenário, como a esperar alguém para uma conversa, ou a pensar em versos não escritos, na poesia e talvez até mesmo no poeta.

"Viver é colecionar mortes" choradas e pranteadas pelos vivos. As referências me levaram a crer que chorara aqui a morte do amigo Mário de Andrade, em QUINTANA'S BAR vemos seu nome. Enquanto no poema de nome ANIVERSÁRIO uma alusão a Macunaíma. Andrade, que partiu em fevereiro de 1945, teve seu legado chorado em letras e rimado em palavras, pelo amigo de longa data outro Andrade, Drummond. Achei terna e justa a homenagem.

De muito é sabido que podemos deixar um lugar sem que este lugar nos deixe. Mas que fica nas lembranças, memórias e saudades. Na pena de Drummond, essas ficaram em poesia, arte e coisa concreta nas casas e construções, o efeito do tempo, às anotações e observações das mudanças e das coisas que permanecem resistindo.

Não apenas o lugar, mas muito mais um olhar para a história que se fez na flora, no lugar, nas pessoas. Na história que foi e ainda é, mas que com certeza só alguém com sangue mineiro saberia contar e escrever.

Os versos em Claro Enigma são de autor consagrado, homem experimentado pelo tempo e pela vida. Alguém que na roda do tempo já provou do doce e do fel. Por isso mesmo mais difícil de se ler.

Qual o momento em que para de pensar na vida e começa a se indagar sobre a própria morte? O que deixamos e a quem será deixado, seja um bem, seja o legado de toda nossa vida. Ah, a vida que já nasce com a certeza da morte.

Cada verso me colocou entre o hoje e a infinidade, porque me sentia lendo e pensando que o futuro nada mais é que o presente que ainda não aconteceu e que, em algum momento, a morte seja para nós, o agora.

O que seria morrer sem se dar conta do existir? O que é existência? É preciso ter a consciência dela para de fato ser? As poesias aqui perguntam e indagam, criam não apenas respostas, mas novas perguntas e indicações e ficam as voltas com o "E se...?".

E na última parte temos o poema A Mesa, que fala de família, gerações e parentes. Dos dias que passam e das coisas que ficam e das que se vão. Dos que se foram, de quem partiu e voltou e de quem chegou. Da vida íntima de um lar que acontece a mesa, do dia a dia e das festas. A celebração mais verdadeira da vida como ela é.

Claro que existem outras poesias que não nomeei aqui, porém entendo que devem ser descobertas por quem lê as delícias que essa antologia reserva.

Nesta edição, como na anterior, a capa e os extras mantêm a estética da coleção. Igualmente contem a Cronologia na época do Lançamento (1948-1954), que nos apresenta não apenas Drummond (CDA), mas também o Brasil, a Literatura Nacional e o mundo há época, uma preciosidade que adorna a joia que é esta edição, um verdadeiro presente aos leitores. E também as: Bibliografia do autor, Bibliografia Seleta e Índice dos primeiros versos.

site: http://www.clubedofarol.com/2022/09/resenha-claro-enigma.html
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TalesVR 21/01/2024

Melancolia
De longe a faceta mais melancólica do Drummond que li até agora.

Sem as aventuras no sul de Minas, sem descrever suas paixões, sem sacanagem; aqui Drummond reflete sobre os familiares reunidos na mesa do almoço em dia de festa, na praça que tinha frequentado a vida inteira e não tornará a por os pés, nos momentos vividos que só ele sabia o que aconteceu.
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Léia Viana 19/03/2011

Nem tão claro assim
Drummond é um poeta que consegue retratar em palavras poéticas o seu tempo.

É possível viajar para outros momentos de nossa história ao ler "Claro Enigma", no entanto, senti-me um pouco confuso com alguns poemas e, a 'Carta' (Os lábios Cerrados) deixou-me triste.

Destaco os poemas 'Memória' (I Entre Lobo e Cão) e este trecho de 'Amar' (II Notícias Amorosas), como o retrato de nossos sentimentos neste mundo em que vivemos.

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Ninguem 15/07/2020minha estante
Por isso enigma, apesar de claro.


Léia Viana 20/07/2020minha estante
É um enigma que me deixou confusa.


Ninguem 22/07/2020minha estante
Uma coisa que ajudou muito é ler antes todos os livros do Drummond que ele escreveu antes do Claro Enigma. É um livro que tem muita auto-referência. E ter em mente que é o livro da desilusão madura.


Léia Viana 26/07/2020minha estante
Obrigada pela explicação e dica.




Luciano 25/12/2022

memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
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Bia.Ribeiro 12/01/2021

Foi realmente um enigma pra mim
2/10
Eu fico muito triste de dar uma nota tão baixa para Drummond mas pra ser sincera, eu não entendi bulhufas. Tinha lido vários desses poemas ano passado como leitura escolar obrigatória e pensei que poderia dar uma segunda chance e ler com mais calma. Acho que minha mente ainda não está preparada para entender a complexidade do autor , porque eu leio leio leio e continuo não vendo sentido nas palavras .

São Francisco de Assis foi o único poema que me fez suspirar e que se fez notável pra mim. Imagino que os outros tenham o mesmo nível de profundidade quanto eu vi nele mas eu simplesmente não consigo compreende-los .
Davi 14/01/2021minha estante
É realmente um livro mais difícil de se ler. Como o livro está na lista da fuvest, eu até recomendo que você cheque algumas palestras de alguns professores sobre essa obra. Na minha opinião, depois de ''A rosa do povo'', esse é o melhor livro do Drummond e é o que mais me cativou. É um livro que exprime toda maturidade e confusão de um eulírico que a cada capítulo busca tentar entender a si.




samirac 07/12/2020

Poemas que te moldam
Sabe aquela música que você se depara e pensa "descreveu meu momento"? É algo que você irá sentir constantemente ao decorrer das estrofes desse livro.
Nunca havia lido um livro de poemas, e é encantadora a desenvoltura das palavras que Drummond utiliza.
Recomendo fortemente, jamais irão se arrepender.
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Bellatrix 20/01/2023

É bom, um livro de poemas. Algumas frases para marcar e guardar pra si, mas em geral não achei tão marcante na minha vida.
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